Bife
Corte os bifes no sentido
longitudinal, nem muito grossos, nem muito
finos (6 centímetros de comprimento por 2 de espessura), de preferência
filé mignon, contrafilé ou alcatra, pela ordem. Só
na hora de fazer é que se devem bate-los, (mas não exageradamente),
lavá-los, enxugá-los e polvilhá-los com sal.
Leve ao fogo uma
frigideira com pouca manteiga (ou margarina) e deixe
esquentar bem, até começar a sair fumaça abundante
pelas bordas.
Se ficar muita
gordura no fundo da frigideira, tire um pouco (para
que os bifes fiquem fritos e não cozidos). Frite um bife de cada
vez e, sobretudo não mexa.
Depois de alguns
segundos, vire do outro lado, espere mais um pouco,
esfregue-o no fundo da frigideira, vire, torne a esfregar e tire.
Quando estiverem
prontos todos os bifes, torne a pô-los na frigideira
com um pouco de manteiga e, assim que esta derreta, pode servir, com o
molho resultante da manteiga no fundo da frigideira.
No
final do Período Colonial,
Debret registrou o costume de comer pela manhã delicados
pães-de-ló, que as negras quitandeiras do Rio de
Janeiro entregavam bem cedo para serem consumidos ainda quentinhos.
No Rio de Janeiro, os italianos
divulgaram o sorvete, sorbetto, modificado em sua
fórmula
oriental e transformado num delicioso doce gelado.
O
Gelo e o Sorvete
Data, entretanto, da
Regência
Trina Permanente, a introdução do gelo no Rio de
Janeiro, conforme registrou o abelhudo diplomata francês Conde
Alexis de Saint Priest, em comunicação à Corte
de Luís Felipe, em 1834:
“Uma particularidade que
quase não
merecia ser relatada, mas, entretanto, bem singular, é a
introdução do gelo no Rio de Janeiro. Nunca fora visto
aqui. Um navio estadunidense trouxe agora um carregamento. Nos
primeiros dias, ninguém o queria: julgavam os brasileiros que
o gelo os queimava, mas hoje, já conseguiu grande voga e
emprega-se de modo tão agradável quanto útil,
neste clima”.
O referido emprego era principalmente
no sorvetes, vendidos a duzentos réis o copo, na Confeitaria
Carceler, à Rua Direita, entre o Ouvidor e a Igreja do Carmo.
Segundo consta, o próprio Imperador-menino teve licença
pra degustar a novidade.
O bom resultado da introdução
do gelo no Rio de Janeiro fez com que aqui mesmo desejasse fabricá-lo
o aventureiro genovês José Estêvão
Grondona, ex-carbonário na Itália, vice-cônsul da
Sardenha e redator em 1825, do famoso jornal Sentinela da
Liberdade à Beira do Mar da Praia Grande, que tanto
contribuiu para a dissolução de nossa primeira
Assembléia Geral Constituinte e Legislativa. Tendo fugido,
nessa época, para Buenos Aires, regressando da Bolívia
requereu, em 1834, privilégio para fazer gelo por meio de
máquina pneumática. Mas teve o primeiro requerimento
indeferido, por referir-se, nele, ao gosto sensual dos
gelados, motivo pelo qual julgou sua pretensão imoral e
inconstitucional o Procurador da Coroa e Fazenda Nacional...
Explicou-se melhor em nova petição e enfim obteve a
ambicionada licença industrial, não constando, todavia,
se dela fez uso.
A moda dos sorvetes tão
generalizada se tornou, entre nós, que o venenoso político
Bernardo Pereira de Vasconcelos, em publicação no
pasquim O Sete de Abril, de sua orientação,
contra o Ministro da Justiça e Negócios Estrangeiros,
Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho, futuro Visconde de Sepetiba,
acusou-o de ter dado bailes nos quais só em sorvetes, gastava
mais de 200$000.
A popularidade dos gelados no Rio de
Janeiro, no período regencial do Padre Feijó, ficou
evidenciada com o aparecimento, em 1835 / 1836, de dois números
de um jornalzinho político impresso na recente Niterói,
primeiramente intitulado O Sorvete de Bom Gosto,
depois O
Último Sorvete de Bom Gosto.
Pitadas de finura da
corte, do
individualismo português e duas generosas colheradas africanas,
de alegria e balanço. Eis o saboroso paladar da culinária
carioca – na feijoada, na bacalhoada, na mestiçagem do
caldo verde e do camarão com chuchu, nos lanches de fim de
tarde e nas festas de fim de ano com seus velhos sabores: rabanada,
baba-de-moça, quindim e cocada.
Cheirosa. Esse talvez
seja o adjetivo
que melhor define a comida do Espírito Santo. Os aromas da
panela de barro, do azeite, do coentro, do urucum e dos frutos do mar
exalam da maioria dos pratos. Resultado do casamento entre o mar, o
manguezal e o roçado, ela é a que melhor sintetiza a
diversidade cultural deste país. Indígenas, africanos,
portugueses e outros europeus deram sua contribuição.
“Cada um, democraticamente,
introduziu uma nova maneira de preparar as receitas locais, que têm
na moqueca, na torta e na garoupa salgada seus representantes mais
típicos”, diz o historiador Renato Pacheco, autor do livro
Dos Comes e Bebes do Espírito Santo (Ed.
Senac, 1997).
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