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A Cidade
Encantada de Jericoacoara |
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Dizem
alguns habitantes de Jericoacoara que,
sob o serrote do farol, jaz uma cidade encantada, onde habita uma linda
princesa.
Perto da praia, quando a maré está
baixa, há uma furna onde só se entrar de gatinhas. Essa furna
de fato existe.
Só se pode entrar pela boca da caverna,
mas não se pode percorre-la, porque, dizem, é fachada por
enorme portão de ferro.
A princesa está encantada no meio da
cidade que existe além do portão.
A maravilhosa princesa está transformada
numa serpente de escamas de ouro, só tendo a cabeça e os
pés de mulher.
Diz a lenda que ela só pode ser desencantada
com sangue humano.
No dia em que se imolar alguém perto
do portão, abrir-se-á a entrada do reino maravilhoso. Com
sangue será feita uma cruz no dorso da serpente, e então
surgirá a princesa com sua beleza olímpica no seio dos tesouros
e maravilhas da cidade.
E então, em vez daquela ponta escalvada
e agreste, surgirão as cúpulas dos palácios e as torres
dos castelos, maravilhando toda a gente.
Na povoação há um feiticeiro,
o velho Queiroz, que narra, com fé dos profetas e videntes, os
prodígios
da cidade escondida.
Certo dia Queiroz, acompanhado de muita gente
da povoação, penetrou na gruta.
O feiticeiro ia desencantar a cidade.
Estavam em frente ao portão, que toda
a gente diz ter visto. Eis que surge a princesa à espera do desencanto.
Dizem que ouviram cantos de galos, trinados
de passarinhos, balidos de carneiros e gemidos estranhos originados da
cidade sepultada.
O velho mágico, entretanto, nada pôde
fazer porque no momento ninguém quis se prestar ao sacrifício.
Todos queriam sobreviver, naturalmente para
se casar com a princesa...
O certo é que o feiticeiro pagou caro
a tentativa. Foi parar na cadeia, onde permanece até hoje.
A cidade e a princesa ainda esperam o herói
que se decida a remi-las com seu sangue.
A princesa ainda continua na gruta, metade
mulher, metade serpente, como Melusina, e também como a maioria
das mulheres. |
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