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Lendas Regiões
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- Ora, será que você não
compreende? – resmungava ele. Você é a filha do homem mais
rico deste lugar?!
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Certa
ocasião, quando ela saiu a passeio
pelo campo com algumas escravas, resolveu tirar o véu, com o qual
sempre cobria o rosto. - Olhe, Sinhá, seu pai não vai gostar disso. Pode fuçar bravo, disse uma das mucamas. A moça achou graça: - Ele não quer que os estranhos vejam meu rosto. Mas quem é que vai encontrar-me neste lugar? Só se forem as aves, os bichos. - Sabe como o patrão é, tornou a mucama, quando dá uma ordem, é para ser cumprida. - Não tenho medo, afirmou a moça. A ordem que ele deu é para a cidade. No campo, não tem valor. As escravas acabaram por concordar com a argumentação da moça. Dalva e as mucamas sentaram-se na relva e começaram a conversar sobre os mais variados assuntos. Uma das escravas era muito engraçada e sabia contar anedotas como ninguém. Dalva e as outras riam até não poder mais. |
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Estavam assim,
distraídas, quando surgiu
um cavaleiro. Vinha devagar e seu cavalo aparentava cansaço.
Aproximou-se
das moças, tirou o chapéu e perguntou-lhes diversas coisas
sobre a região. Enquanto falava não conseguia tirar os olhos
de Dalva. Nem ela nem as escravas lembraram-se da ordem de seu pai.
O cavaleiro ficou encantado com Dalva e ela, por sua vez, não deixou de se impressionar com o porte do forasteiro: forte, decidido, desenvolto, porém de uma simplicidade encantadora. Contou-lhe que era um garimpeiro à procura de fortuna. Antes de ir embora, o moço perguntou onde era a casa de Dalva. Ela deu a informação, diante dos olhos surpresos das mucamas. Uma das escravas não resistiu: - Sinhá! Se ele se aproximar da casa será espancado por ordem de seu pai! - Eu ia avisá-lo! – respondeu a moça. E contou ao jovem como era seu pai. O estranho ficou horrorizado e disse que dinheiro nenhum pagava aquele sofrimento. Ele partiu, prometendo escrever-lhe. E, assim começou a troca de bilhetes.
Uma das mucamas, a mais amiga de Dalva, foi escolhida para ser a
recadeira.
Os bilhetes iam e vinham cada vez em maior quantidade e o namoro foi
ficando
cada vez mais firme.
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O pai de Dalva ficou muito satisfeito com o
resultado. Resolveu dar pessoalmente à sua filha o que ele considerava
uma boa notícia.
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O ricaço deu uma
gargalhada e respondeu
bem devagar:
- A esta hora, ele está descansando, para sempre, perto da Lagoa Azul. Dalva, completamente transtornada, correu para fora da casa, montou um cavalo e partiu para a lagoa, em cujas águas se atirou. Em sua perseguição, vinham o pai e diversos escravos, mas, com a força do desespero, ela corria mais depressa que o vento e eles não conseguiram alcançá-la. Dalva nunca mais foi encontrada. Os garimpeiros têm muito medo de chegar perto deste lugar. Alguns afirmam já ter visto a pobre moça, chorando na beira da lagoa, em noites de luar. Como até hoje ela tem esperanças de encontrar o seu namorado, costuma atrair, com seus olhos lindos e luminosos como diamantes, o garimpeiro que se aproxima, levando-o para o fundo das águas. Ela quer ver, de perto, se ele não é o seu amado... |
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