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Lendas Regiões
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Tal situação de
insegurança obrigava a organização de escoltas bem
armadas, capazes de garantir o transporte às Casas de Fundição, toda a
vez que conseguia acumular certa quantidade de ouro. Essas escoltas
eram muito dispendiosas, por isso o Casaca de Ferro ia guardando o seu
rico metal minerado em panelas de ferro, que ocultava em esconderijo só
por ele conhecido, e somente quando tinha cheia a oitava, preparava a
remessa.
Naqueles dias distantes, turbulentos e cheios de perigo, as zonas de mineração eram, geralmente, coito de aventureiros de toda casta. A força e a violência substituíam a lei e o direito. Casaca de Ferro, como todo potentado, teve desavenças e granjeou inimigos. Mas, na Fazenda Santa Isabel, tudo parecia correr na forma costumeira. Junho estava a findar. Na fazenda apareceram dois pretos, procurando trabalho, mas desde logo foram considerados suspeitos pelo fiel capataz, de nada valendo, contudo, a sua oposição. Assim, foram admitidos pelo patrão nos serviços da sua propriedade. Não valeu a oposição do feitor, desconfiado, cujo desejo era mandá-los por fora das divisas, quanto antes. E mais alguns dias decorreram sem novidades. Chegou a festa de São Pedro. Ao escurecer, enquanto os camaradas e escravos se preparavam para a noitada, Casaca de Ferro ia orar à porta da Capelinha, construída à sombra de uma grande figueira, quando duas detonações quebraram o silêncio e duas cargas de chumbo feriram mortalmente o fazendeiro que, transportado para a sua residência, morria horas depois. Dos pretos nunca mais se falou. A superstição popular, desde então, se incumbia de propalar que quando o potentado foi morto, tinha cinco panelas de ouro escondidas no lugar que só ele conhecia, segredo que levou para a sepultura. Como acontece aos que vivem presos ao dinheiro e são vítimas de morte violenta, a alma do Casaca de Ferro não teria desprendido da terra, ficando a rondar a propriedade que fora sua. Desde então, e pelos anos a fora, o seu fantasma tem sido o terror das crianças e mesmo de muitos adultos moradores da fazenda. Foi assim que se passou a contar e a repetir que nas horas mortas da noite, um vulto sinistro, encapuzado de branco, deslizava pelas estradas desertas e adjacências da fazenda. Seria a alma penada do Casaca, que não queria abandonar o tesouro enterrado? A crendice popular afirmava que o fantasma era do morto que voltava à procura do ouro oculto, e caboclos mais destemidos, arriscando a própria vida, pois os duendes são muito perigosos, se animava a seguir o fantasma nas suas peregrinações, na esperança de desvendar o segredo do esconderijo. Tudo em pura perda. É que o fantasma desconfiava e evitava aquele lugar tão procurado... Afinal aconteceu o inevitável. Na Fazenda Santa Isabel foi montado um bom serviço de força e luz, com que todo fantasma implica... O Casaca de Ferro deixou de aparecer!... O mistério não foi desvendado. E mais um tesouro se perdeu... |
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