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 Apelidos

São designações que se dão a pessoas, animais ou coisas, até mesmo lugares, por vezes definindo certa particularidade ou com objetivo de crítica. Podem ser dados em conseqüência de efeitos físicos, profissões e mesmo qualidade que as pessoas possuem ou que se desejaria que possuíssem. Os apelidos podem ser coletivos ou individuais. 

Coletivos
- são aqueles dados às torcidas de certos times de futebol, às cidades ou aos moradores de certa região.
Ex.: capixaba, gaúcho, barriga-verde; papa-gerimum, mancha verde, gaviões da fiel, etc. 

Os Individuais podem ser:
pela profissão – João Pedreiro, Mane Sacristão, Chico Ferreiro, etc.;
por defeitos físicos – Pedro Cego, João Saci (porque tem uma perna só);
outros - Barata Descascada (porque é muito branca), etc. 

As ruas dos bairros também recebem alcunhas, como: 
Rua do Cemitério, Rua da Praia, Rua do Farol, Beco do Barbeiro, etc.

Em geral é nos anos verdes da vida que a pessoa adquire um cognome.
Começa pelos diminutivos, tradutores dos carinhos paternos, ou a deturpação da pronúncia pelos irmãos pequenos. O apelido é também uma forma de atuação da lei de menor esforço. Assim, por exemplo não chamam de Alberto ao menino, e sim Bézinho (ou Beto, no sul*). Na pia batismal a menina recebendo os santos óleos ficou sendo Maria José, mas em casa ela é Zezé. Cresce, casa-se, sua filha, também Maria José é Zézinha. Esta é a forma mais comum do aparecimento dos cognomes.

A pessoa, quando adulta, pode receber apelido por causa de sua profissão, do local onde mora, de suas atitudes políticas, defeitos físicos, propriedades, etc. Às vezes, o filho herda o apelido do pai, e, até passa a assinar da mesma maneira. Uma senhora que tinha uma canoa chamada Canadá acabou sendo conhecida por Maria Canadá; outros, Zé Bahiano, Manuel Brejão, Pedro Carapotó. Há também homens que ficam com o nome da sua mulher, por exemplo, Benedito Marta, sua esposa é Marta. Ele mesmo se nomeia Benedito Marta.

Quanto à profissão: João Padeiro, João Sacristão, Manoel Pempem (ferreiro);
Defeitos físicos: Pedro cego, por ser cego; João Saci, por ter uma perna só; O Viu-viu, havia um gago que, antes de dizer uma palavra qualquer, dizia viu-viu, acabou sendo conhecido por José Viu-viu. Mas, basta uma pessoas dizer “Viu-viu”, para que ele troveje uma verdadeira catadupa de pragas e nomes feios, um deles serve mesmo de rima...
Outra pessoa da comunidade acabou sendo Profeta, porque ao ver de longe uma nuvem, apregoava: lá vem chuva. É o João Profeta.
A semelhança com alguns animais também é motivo do nascimento de apelidos, como Zé Periquito, Chica Boca de Bagre. O meio ambiente sempre forneceu os cognomes aos seus moradores: Mosquito, Badejo, Treme-terra.

Os apelidos sofrem modificações de acordo com as posses pessoais do portador. Comentando a respeito, o velho João Gama: “Veja o apelido do Sérgio, primeiro era Sérgio do Cabo Chico, por causa de ser filho de um soldado de polícia, depois Sérgio Cachaça por causa das bebedeiras que tomava, depois Sérgio Quincas (marido da professora) e agora Sérgio Gama. Vai enricando vai trocando de nome. Enricando com contrabando e também por misturar água no álcool para vender como cachaça. O pessoal já o chama de Sérgio Contrabandista. Só que não falam alto porque senão pode sair briga, se bem que ele seja mais covarde do que um preá...”

Há também, outros apelidos oriundos da cor, do tamanho. Pedro Moreno, Zé Preto, João Galego. Galego não é designativo de local de nascimento e sim índice de cor, o branco bem claro é “galego”. A Maria Galega, por ser muito clara, loira mesmo. Zé Pequeno, um dos mais conhecidos pescadores, bem como Mane Grande, o mais alto da região, dois metros de altura. Por causa de seu cabelo encaracolado, há o Zé Cocó.

Os apelidos recebidos no lar, quando crianças ainda, acompanham a pessoa, numa pequena comunidade, até ao túmulo.

*Sul, neste caso, inclui a região sudeste.


Fontes : Folclore Brasileiro / Nilza B. Megale- Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
Escorço do folclore de uma comunidade  – Alceu Maynard Araújo in Revista do Arquivo Municipal CLXVI – Departamento de Cultura da Prefeitura do município de São Paulo, 1962


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