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Literatura de Cordel
Literatura de Cordel
Literatura de Cordel
Nas feiras do Nordeste é muito comum encontrar-se bancas onde são vendidos folhetos que atraem a atenção de todos. É a denominada literatura de cordel. Estes folhetos, escritos em versos (sextilhas, septilhas ou décimas), tratam dos assuntos mais variados. Há os “romances”, que contam estórias com a intenção de entreter; os de “opinião”, que criticam fatos ou pessoas. É muito comum também encontrar-se alguns que reproduzem desafios ou contam as aventuras de Lampião ou a vida do Padre Cícero. Cordel é também o jornal nordestino. Os desastres, as inundações, as secas, os cangaceiros, as reviravoltas políticas, alimentam o caráter jornalístico dessa produção, que chega a centenas de títulos por ano. O bom crime é a alegria do poeta, dizem os cordelistas. Quando Getúlio Vargas morreu, mal ouviu a notícia pelo rádio, um dos poetas de cordel começou a escrever: “A lamentável morte de Getúlio Vargas”. Entregou os originais ao meio dia e à tarde recebeu os primeiros exemplares. Vendeu 70.000 em 48 horas. Outro assunto que teve grande repercussão foi “O trágico romance de Doca e Ângela Diniz”. A “Carta do Satanás a Roberto Carlos” também teve grande sucesso, inspirado na canção do “Rei” que dizia: “E que tudo mais vá pro inferno”.

O nome Literatura de cordel foi dado a estes livretos porque eles são vendidos nas feiras e nas portas de lojas, encarreirados em cordéis e presos por prendedores de roupas. Os poetas, autores dessa literatura, são gente tão simples como as pessoas que compram estes livretos. Sua linguagem é a linguagem do povo, por isso despertam tanto interesse. Eles se referem a Deus e ao Diabo, aos heróis do sertão como Jerônimo e Antônio Conselheiro, aos animais consagrados pelo cultura popular como o boi, a cobra e ouros.

Um dos mais famosos poetas de cordel é Rodolfo Cavalcanti, que já escreveu sobre todos os assuntos, inclusive sobre “Os cabeludos de ontem e os cabeludos de hoje”, com interessante crítica a respeito deste tema. Ele disse que esta literatura começou nos idos de 1910, quando os trovadores foram registrando no papel as pelejas dos cantadores e repentistas e vendendo nas feiras populares. 
Outros cordelistas famosos são: João José da Silva, Abrão Batista, Manuel Caboclo da Silva, Severino Milanês e muitos outros, que com sua poesia animam a vida da população nordestina.

É difícil calcular a importância da literatura de cordel na existência do nordestino. É muito comum as pessoas se reunirem em torno de alguém que saiba ler, para ouvir e até decorar os versos dos folhetos. É provável que grande parte das informações e conhecimentos chegue ao poço do interior através da literatura de cordel. A imigração nordestina espalhou o interesse por estes folhetos por todo o Brasil.

Além da parte literária, o cordel é interessante pelas figuras que apresenta, feitas em xilogravuras, mostrando toda a ingenuidade da arte popular. Aparecem nas gravuras: monstros, o diabo e os elementos que rodeiam os artesãos do cajá, madeira mole que facilita a execução das figuras. São eles os cantadores, vaqueiros, bois, aves e animais diversos. Surgem também figuras humanas, geralmente relacionadas com o assunto dos folhetos.

O cordel sobreviveu ao radinho de pilha e ao avanço da televisão no agreste. Esse jornal do sertão transmitido de pai a filho, de geração a geração, essa literatura popular fonte de inspiração de um Ariano Suassuna e um Guimarães Rosa, resistiu a tudo e a todos os progressos da tecnologia moderna. O cordel sobrevive até na São Paulo cosmopolita, em Osasco e no ABC, regiões onde existe a maior população nordestina do Brasil, depois do Nordeste.

A literatura de cordel, tanto pela sua parte poética, como pela arte da xilogravura, constitui uma das mais interessantes páginas do folclore brasileiro.

Fonte : Folclore Brasileiro / Nilza B. Megale- Petrópolis: Editora Vozes, 1999.


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