O teatro
inicia-se no Brasil com os
Autos escritos pelo padre jesuíta José de Anchieta
dentro da catequese dos indígenas. Nos autos, encenados em
várias partes da América Portuguesa, a língua
brasílica era pronunciada ao lado do português e do
espanhol.
As peças teatrais escritas pelos
próprios padres sobre a vida dos santos e encenadas diante das
igrejas, cujas fachadas serviam de “pano-de-fundo” e cujos
intérpretes eram as próprias crianças indígenas,
assim ludicamente evangelizadas.
Por exemplo: o
auto de José de
Anchieta intitulado “Na
Festa de São Lourenço”, é
uma peça trilingue contendo 1.493 versos, dos quais mais ou
menos 70% em tupi, 26% em castelhano e 4% em português.
Os Personagens:
Guaixará,
rei dos diabos
Aimberê
e Saravaia,
criados de
Guaxará
Tataurana,
Urubu,
Jaguaruçu
e Caboré,
companheiros dos diabos
Décio
e Valeriano,
imperadores
romanos
São
Sebastião, padroeiro
do Rio de Janeiro
São
Lourenço, padroeiro
da aldeia de São Lourenço
Velha
Anjo
Temor
de Deus
Amor
de Deus
Cativos,
Acompanhantes
Doze
meninos
Local: Terreiro da
Capela de São
Lourenço, sobre o Morro de São Lourenço em
Niterói.
Data: 10 de agosto
de 1583, ou ano pouco
anterior
Tema: Após a cena do martírio
de São Lourenço, Guaixará chama Aimberê e
Saravaia para ajudarem a perverter a aldeia. São Lourenço
a defende, São Sebastião os prende. Um anjo manda-os
afogarem Décio e Valeriano. Quatro companheiros acorrem para
auxiliar os demônios. Os imperadores recordam façanhas,
quando Aimberê se aproxima. O calor que se desprende dele
abrasa os imperadores, que suplicam a morte. O Anjo, o Amor e o Temor
de Deus aconselham a caridade, contrição e confiança
em São Lourenço. Faz-se o enterro do santo. Meninos
indígenas dançam.
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