João
Gama informou que alguns nomes que não usuais no sul, aqui são
comuns: Dorgival, Propércio, Pafúncio, Pancrácio,
Epílogo, etc.
Quanto
aos poucos evangélicos, notamos que são dados aos filhos
os nomes de profetas e outros vultos bíblicos: Jonas, Daniel, etc.
Ao
referirmo-nos à escolha de sobrenomes surpreenderam-nos o número
imenso de “Santos”: João dos Santos, José dos Santos, Porfírio
dos Santos. Parecia primeiramente que se tratava de uma grande família
dos “Santos”. Mais tarde explicaram-nos que as pessoas pobres, que nem
nome herdaram dos pais são chamados de “fulano dos Santos”. Dores
observou-nos quando anotávamos os nomes de um informante: “o sr.
não sabe o sobrenome dele, pode botar dos Santos, não vê
que ele é pobre, pé rapado, na certa é Zé dos
Santos”.
É
impressionante o número dos nomes de José dos Santos. Conhecemos
cerca de quinze. Há também muitas pessoas que usam dois nomes
sem um sobrenome de família. Por exemplo: Maria da Conceição,
José das Dores, Maria de Jesus, etc... A razão aqui está:
“Me chamo Maria da Glória, só. Não sou filha de casal.
Não quero cita o nome de meu pai. Ele é vivo, mora em Coruripe”.
Caso como este de Maria da Glória há muitos, porque “filho
natural de Grandola não usa o seu sobrenome, nesse caso, o do seu
Moreno estava sendo usado por muita gente daqui”, afirmou Frei
Adalberto.
Entre os
indígenas:
Gabriel Soares
(1587) fixa o costume entre os
indígenas de porem nos filhos nomes de animais, peixes,
árvores, etc., os nomes dos meninos eram os mesmos animais
representados nas máscaras de danças sagradas.
Expressão, portanto, do animismo e da magia de que achava
impregnada a vida toda do primitivo.
Whiffen (1915)
salienta o fato dos nomes de
pessoa entre as tribos brasílicas do noroeste não se
pronunciarem senão em voz baixa, religiosamente. Eram os nomes
em certas tribos substituídos por uns como apelidos, parecendo
pertencer a essa categoria de nomes “nada poéticos”,
recolhidos por Teodoro Sampaio: Guiraguinguira (o traseiro do
pássaro), Miguiguaçu (as nádegas grandes),
Cururupeba (sapo miúdo), Mandiopuba (a mandioca podre), etc.
Parece que o fim desses nomes era tornar a pessoa repugnante aos
demônios.
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Darcy
Ribeiro, na primeira expedição em 1950, entre os Urubus-Kaapor,
registra:
"No
primeiro período, após o nascimento, o filho é chamado por um nome
provisório. Depois, numa cerimônia especial, é que ele adquire seu nome
permanente. Essa cerimônia se dá quando brotam os primeiros dentes.
A iniciação dos homens é feita quando os pais notam que o rapaz começa
a mudar de voz. A festa é essencialmente idêntica à feminina, que se dá
por ocasião da primeira menstruação.
Na festa de nominação, a criança prova de um bolo de carne de nambu
pemba, que é depois servido às moças na festa de iniciação também. A
primeira marca a data em que ele começa a alimentar-se de carne, mas só
pode comer aves finas, digo, caças finas, como jabuti, nambu, veado.
Após a segunda, quando as proibições são suspensas, ele pode começar a
comer mutum, jacamim, qualquer caça. Logo depois da iniciação, a moça
pode ter relações com homens: às vezes se casa antes. Nesse caso, o
marido ajuda a fazer a festa de iniciação e, só depois dela, tem
relações com a jovem mulher".
Nomes de pessoas e seu sinificado:
1- Uruã-tã: nambu corcovado (duro).
2- Temikí-rãxin: temirikí, rabinho, como de anta ou
porco; rãxin, ponta.
3- Taky-asík: o mesmo que Pã-néun-asík,
uma espécie de cobra boi (?).
4- Piripy: raiz de uma gramínea
cultivada pelos indígenas que serve para fazer colares; tem um perfume
característico.
5- Koaxí-uhú: quati grande.
6- Tapiá: tatu.
7- Tatú: tatu.
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8- Tun-mé ou Katumé: banana são tomé
9- Tõ-ken: peixinho que vive na areia
dos igarapés e ferra os pés da gente.
10- Irapá-ray: títalo, cipó que usam para
enrolar no arco.
11- Teren-sá: madeira tatajuba, que se usa
para fazer canoas.
12- Tapinin: nome de um pequeno pássaro.
13- Pau-rin: farinha.
14- Aré: flor de pau-d'arco.
15- Marukú: o mesmo que Urukú.
16- Iry-karú: árvore que dá uma resina
como almécega, boa para defumação.
17- Tauá-xó: almécega fofa que usam para
misturar com o fumo no tauari.
18- Tákuá: taboca grande, taquara.
19- Uy-tar: saracurinha, passarinho que
pula no chão com o rabo arrebitado.
20- Eremy: abelha, espécie.
21- Iusepá: lagoa.
22- Manen-ken: espécie de árvore (?)
23- Orasára: urubu.
24- Iauá-ratá: cachorro grande (ou fogo).
25- Ná-irã: peixe jeju.
26- Karauá: acará, peixe.
27- Xará: abelha, espécie.
28- Kaiá-uiry: inajá.
29- Numiã: nambu-relógio.
30- Makapin: peixe, acari.
31- Paí-apyk: árvore, maniva de veado.
32- Murary: o mesmo que Uirary, madeira
que tem no rio Capim.
33- Tapií-xãby: peito de anta.
34- Nin-iú: formigão.
35- Matrin-ña: macaco cuxiú.
36- Matá-uakú: peixe, cascudo.
37- Kupá-rinby: perdição da mata.
38- Uary-rumy:
beija-flor.
39- Tã-uã-ipen: arara
grande.
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40- Soá-puy: homenzinho.
41- Aramí-ãtã: arara
dura.
42- Marí-aton: Maria (?)
da noite.
43- Kaiuré-rinby: caburé.
44- Iauá-rupik: cachorro
grande.
45- Matáiá-rinby:
periquitinho.
46- Mapiá-rinby: céu
vermelho.
47- Uarakú-rinby: peixe
(?).
48- Kurú-rin: nambu
corcovado.
49- Pã-nã-rinby:
borboleta.
50- Terenbehú: língua
grande.
51- Teren-bey: língua
pequena.
52- Tãby: seio.
53- Itá-djá: pedra de
amolar.
54- Ará-iunby: arara.
55- Iã-uakin: jenipapo.
56- Uirá-iurá: tucano.
57- Katirin: seringueira.
58- Iapú-rixã: japu
grande.
59- Trotó: peixe.
60- Iurá-humã: gavião
grande.
61- Kiréri: cigarra.
62- Iauáruhú: cachorro
grande.
63- Parãnapukú: rio
comprido.
64- Icorahi: rio do sol.
65- Ã-pin: besouro,
broca de pau.
66- Kuaxí-ã-pui: focinho
de quati.
67- Tapiír-uhú: anta
grande.
68- Anakanpukú: anakã grande.
69- Mirá: pau.
70- Mirá-pihun: pau
preto.
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