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O Namoro

Na sociedade ocidental o casamento implica expectativas de realização afetiva e um ideal de monogamia através do qual, teoricamente, o homem e a mulher unem-se para a vida toda. O namoro assume então um papel importante: é a fase de procura e escolha do parceiro com o qual se deseja viver “até que a morte nos separe”
Na Europa pré-industrial, a maioria da população vivia em pequenas comunidades rurais isoladas, formadas por grupos de famílias confinadas numa mesma região. Os casamentos, aí, eram decididos pelos chefes das famílias, que geralmente se conheciam e tinham interesses em comum. Este costume veio para o Brasil com os imigrantes e era prática comum, a menos de um século, entre as famílias mais abastadas.
Nos grandes centros urbanos, os jovens têm maior independência para procurar e escolher, fora do controle do grupo familiar, os parceiros que lhes interessem. A rede de relações sociais de que eles participam é muito mais ampla, incluindo os círculos da escola, do trabalho, de clubes, bares e festas.
Hoje, os jovens se divertem ouvindo as histórias sobre o namoro antigo, contadas por seus pais ou avós: a sala de visitas bem iluminada, dos respeitosos 50 centímetros de sofá estendidos entre a moça e o pretendente, da mãe vigilante montando guarda incansavelmente por trás do tricô, e tossindo impaciente quando o relógio da parede batia 9 horas.
Casal de namorados
O costume dos casais marcarem encontros e saírem juntos, desacompanhados, é uma invenção estadunidense surgida por volta de 1920 entre estudantes universitários de zonas urbanas dos Estados Unidos.
O namoro, além de ser encarado como a primeira fase do caminho que leva ao casamento, é para a maioria dos jovens, um passatempo importante. O rapaz deseja ser visto em público com uma garota que desperte a admiração por parte dos amigos. Ela, por sua vez, sabe que o interesse dos rapazes faz com que aumente seu prestígio na rodinha que freqüenta. A pressão da “turma” é, às vezes, tão forte que muitos namoram somente para ficar “na onda”.
Os jovens de nossos dias começam a marcar encontros por volta dos catorze anos.
Através do namoro, o rapaz e a moça passam a conhecer as incertezas e os problemas que afligem o sexo oposto, e começam a conhecer melhor a si mesmos. Através do convívio com o outro descobrem e definem a própria identidade.
Á medida que os flertes, as paqueras, os “namoricos” (ficar) vão se sucedendo, há a transição para um namoro mais sério. Passada a fase da “turma”, rapaz e moça começam a selecionar com mais objetividade seus companheiros. Nessa ocasião pode aparecer um forte elemento romântico, a paixão. Segue-se, então, o namoro “firme”, que leva ao compromisso público, o noivado.
Namoro

Há algum tempo, era costume o jovem enviar flores para a garota de seu interesse, atualmente os jovens usam alianças nos dedos ou penduradas numa corrente no pescoço.

Algumas flores e seu significado, mas existe algumas variações por regiões ou grupos:
Rosas: Estou me apaixonando ou estou enamorado.
Rosas vermelhas: Eu te amo
Camélia: Fidelidade, admiração ou romantismo.
Acácia: Prova de amor ou amizade.

Pretender o amor ou as boas graças da mulher é iniciativa dos homens. Pode-se dizer que na comunidade de Piaçabuçu (~1950) há três formas distintas de namorar: namoro entre membros da classe privilegiada, da cidade; entre os destituídos da fortuna, também da cidade e finalmente entre os moradores do meio rural e dos pequenos povoados.
No meio rural, ou nos povoados, os rapazes, aos magotes procuram dar demonstração de força, para chamar a atenção das moçoilas sobre eles. Havendo um rancho de moças casadoiras, ficam por perto alguns rapazes, fazendo alguma proeza física, pequenas lutas, todas com o fito de chamar a atenção. Se está próxima a época dos cajus, as namoradas recebem-nos como presente. Alguns mais tímidos trazem-nos num samburá e deixam, mesmo no chão; lá a mocinha irá buscar o presente. Pouco mais tarde, vencida a timidez o presente é entregue em mãos e a conversação tem início.
A ida à feira para as provisões semanais ou para venda de produtos, proporciona aos jovens oportunidade para o namoro. As festas religiosas nos povoados, as novenas e mesmo os velórios (as sentinelas) dão oportunidade para o encontro e aproximação dos namorados.
A festa de Nossa Senhora Mãe dos Homens é a melhor oportunidade para os namorados e para todos os membros nubis da comunidade: grande parte da população se desloca para Feliz Deserto, para buscar a santa, mudando-a da velha e secular edícula. É por ocasião desta festa de plenitude que se dá em fins de setembro, após a colheita do arroz que cerca de 6.000 pessoas se deslocam para o povoado de Feliz Deserto, distante sete léguas de Piaçabuçu. Desde as primeiras horas da madrugada começa o movimento de saída. Grupos de famílias a cavalo ou a pé, levando farnel, partem.
Quando o sol começa a esquentar fazem a refeição à sombra dos coqueirais. Chegam depois em Feliz Deserto, onde irão dormir, ou melhor passar acordados aquela noite festiva, para noutro dia, pela madrugada, saírem com santa em procissão, levá-la até a Matriz de Piaçabuçu. A noite, após a reza, fica o povo ao redor da igrejinha, distraído nas barracas de jogo ou rodeando taboleiros onde há de quitutes. Em algumas casas há bailes, isso dependendo do consentimento do padre: alguns permitem, outros não. Aquela noite, pelos moradores da comunidade é chamada de Natal (no sentido de noite festiva), é a noite dos namorados. Não há canto onde não se encontrem casais em doce enlevo. Sob os cajueiros, oitizeiros, amendoeiras, ou deitados na areia, casais conversam, namoram. É a mais linda noite para os namorados. Quando vai dealbando o dia, vão ao rio lavar o rosto. É uma algaravia geral. A missa que se inicia às quatro horas da manhã, termina com a saída da santa, carregada na charola sobre os ombros dos fiéis, no longo percurso de sete léguas.
Todos querem carregar. A caminhada é longa e assim podem satisfazer o desejo, que em geral é cumprimento de promessas. Os namorados aproveitam para conversar nesse dia, quando a vigilância dos pais se afrouxa.
Nos pousos para descanso há refeição, há muita alegria, às vezes um pouco demasiada porque alguns homens se embriagam. Os rapazes que conseguiram um cavalo para a jornada, trazem na garupa suas respectivas namoradas. Dizem os moradores que é por ocasião dessa festa que acontecem os namoros e casamentos porque às vezes, alguns mais afoitos se aproveitam dessa festa e é certo em junho do outro ano, a população cresce, nascem muitas crianças que são o resultado da noite de natal dos namorados.


Namoro na Festa de São Gonçalo

Antigamente no dia da festa de São Gonçalo dançava-se dentro das igrejas – costume que de Portugal comunicou-se ao Brasil. Dançou-se e namorou-se muito nas igrejas coloniais do Brasil. Representaram-se comédias de amor. Numa de suas pastorais, recomendava em 1726 aos padres de Pernambuco dom frei José Fialho, por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica, bispo de Olinda:
não consintão que se fação comedias, colloquios, representações nem bailes dentro de alguma Egreja, capella, ou seus adros”.
Em Pernambuco parece ter dom frei José Fialho, clamado em vão, porque em princípio do século XIX Tollenare soube, no Recife, que ainda se dançava na Igreja de São Gonçalo de Olinda. Só em 1817 os cônegos proibiram tais danças “porque os europeus as censuravam como indecência indigna do templo de Deus”.
Na Bahia dançava-se dia de São Gonçalo não só no Convento do Desterro como na Ermida de Nazaré, na igreja de São Domingos, na do Amparo, em várias outras. E mesmo depois da proibição das danças, continuou o namoro nas igrejas. Até nas da Corte.
No Rio de Janeiro, Max Radiguet ainda alcançou as moças das melhores famílias namorando com os rapazes na Capela Imperial. Namorando e tomando sorvete nas igrejas exatamente como noventa anos depois nas confeitarias e nas praias.
Como era natural, esses santos, protetores do amor e da fecundidade entre os homens, tornaram-se também protetores da agricultura. Com efeito tanto São João e Nossa Senhora do Ó – às vezes adorada na imagem duma mulher grávida – são santos amigos dos lavradores, favorecendo-os ao mesmo tempo que aos amorosos.
A Festa de São Gonçalo do Amarante a que La Barbinais assitiu na Bahia no século XVIII surge-nos das páginas do viajante francês com todos os traços dos antigos festivais pagãos. Festa evidentemente já influenciada, na Bahia, por elementos orgiásticos africanos que teria absorvido no Brasil. Mas o resíduo pagão característico, trouxera-o de Portugal o colonizador branco no seu cristianismo lírico e festivo.






Fontes : Os tempos do namoro in Livro da Vida, Vol 1 - São Paulo: Abril S.A. Cultural e Industrial, 1974.
Escorço do folclore de uma comunidade  – Alceu Maynard Araújo in Revista do Arquivo Municipal CLXVI – Departamento de Cultura da Prefeitura do município de São Paulo, 1962 
Ilustração de Heliana Brandão in O Livro dos jogos e das brincadeiras: para todas as idades / Heliana Brandão, Maria das Graças V. G. Froeseler. - Belo Horizonte: Editora Leitura, 1997
Casa Grande e Senzala / Gilberto Freyre - São Paulo: Círculo do Livro S. A., s/ data.
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