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Na
fileira de cima:
vasilhames de madeira: Medida para grãos; Gamela ou
bacia para diferentes fins, principalmente para ensaboar roupa branca
fina, nas casa ricas é substituída por uma de cobre amarelo; Medida
para grãos com cabo; Gamela, banheira, em geral é pintada à óleo
internamente, nas casas ricas é uma banheira de zinco fixada sobre
tábua com rodinhas; Pote redondo de cabo alongado, chamado quartilho,
comparado ao litro francês, serve para medir vinho e aguardente, sempre
sobre o balcão de vendeiro; Cocho utilizado nas usinas de açúcar para
recolher o caldo de cana. Na fileira do meio: potes de barro para água: potes de uso comum que remontam a 1500, em muitos casos, o estilo do antigo Egito, bem como o mouresco importado pelos espanhóis, que durante muito tempo dominaram os portugueses. Estes herdaram seus costumes e seu gosto no Brasil. As menores são panelas de estilo indígena. Na fileira de baixo podemos destacar os vasos de barro que servem para beber água diretamente neles, tem a vantagem de conservar sempre fresca a água, chamados moringas; potes comuns de uso generalizados; potes formados por uma metade de coco ou cabaça, de origem indígena e |
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conhecidos
por cuias, as mesmas com ornamentos destacados, denominam-se
xícaras; A taça do centro é formada por uma metade de coco, pintada
internamente e encaixada num contorno de prata preso a uma alça, também
de prata, guarnecida de espirais, no meio das quais se encontram caules
em filigranas, cuja elasticidade dá às flores e pássaros que sustentam
um ligeiro movimento. Essas taças são fabricadas por ourives indígenas,
nas províncias de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, razão pela qual
nas casas ricas dessa parte do Brasil se encontram sempre mesas
guarnecidas por elas. E, as pequenas bombas para tomar chá indígena
(erva mate?). No Brasil, do mesmo modo que no Chile, a infusão do chá
indígena se faz na mesma xícara em que é servido, acrescenta-se uma
pequena bomba, crivada de furos na base, para aspirar a água
aromatizada, livre dos pedacinhos de folhas (provavelmente precursor da
cuia de chimarrão).
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A forma como ocorriam as refeições na maior parte dos lares coloniais e a precariedade dos utensílios de mesa, com a escassez de facas, colheres, pratos e copos era tal, que foi na baixela e nas roupas de cama e mesa que essa gente ortentava sua opulência. Garfos, então, se já eram raros no Reino de Portugal e em quase toda a Europa, na Colônia, praticamente não existia. Seu uso só foi generalizada no século XIX. Em todas as classes sociais, comia-se com as mãos, mesmo ao se entrar no século XIX, ainda que os convidados fossem finos. Em quase toda a Colônia, era em torno da grande propriedade rural que se desenvolvia a vida econômica e social brasileira. Os povoados, as vilas e as cidades tinham um papel secundário, limitado às funções administrativas e religiosas. Sobre todos, pairava, soberana, a casa-grande, símbolo do poderio absoluto dos senhores de terras, centralizadas na figura do patriarca. Eram as mesas patriarcais que espelhavam o seu “status”, os utensílios denunciavam o poder do senhor daquela casa. |
Propaganda de jornal em meados do século XIX |
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Ainda no final do
século XVIII, no Pará, nota-se a existência de um certo luxo nas
casas abastadas do capitão-mor da capitania e de fazendeiros ou
comerciantes locais, possivelmente resultado do comércio
intensificado nesse século pela Companhia Geral do Grão-Pará e
Maranhão. Nas visitas pastorais, d. Frei joão José
Queiroz
menciona por ocasião de um jantar oferecido pelo bispo “salva e
bandeja de prata, e uma galhetas em talher pequeno, colheres e
garfos”.
Na São Paulo seiscentista o estanho é o material mais comum para copos e pratos. A nobreza de certos materiais dos utensílios de servir e comer não impedia, todavia, que as refeições fossem feitas no redor de uma mesa baixa ou muito frequentemente de uma esteira estendida no chão, sem o conforto de cadeiras. Aliás, o hábito de se comer sentado no chão não era exclusivo da Colônia ou emprestados dos indígenas, pois ainda na primeira metade do século XVIII era comum, nas casas do Reino, as esposas e filhos acompanharem a refeição do chefe da casa tomando de um prato e acomodando-se-se no chão próximo da mesa onde este último jantava. Esse costume persistiu até o final do período colonial. Ligados às refeições, certos hábitos de higiêne estavam entre os costumes domésticos, o ato de lavar as mãos antes e depois de comer, quando um escravo, carregando jarra, bacia e toalha, as passava aos convivas. Antes das vasilhas de louça e de vidro fabricados na Inglaterra tornarem-se de uso corrente, entre a burguesia dos sobrados grandes, comia-se geralmente em louça holandesa e em tijelas portuguesas de boca larga e fundo pequeno. E, em vez de canecos e xícaras, predominavam os cocos e as cuias do mais puro sabor indígena. Coma primitividade dessas cuias e cocos, contrastava a prata fina dos garfos e das colheres. Faca, cada um tinha a sua; ou, então, servia-se dos dedos, e da faca só para cortar a carne. A louça não era unicamente a de feitio holandês. O contato com o Oriente tornara comum nos guarda-louças e aparadores dos sobrados grandes, pelo menos do Recife e de Salvador, as travessas da Índia, os pratos fundos de Macau, a porcelana da China. Até arroz-doce se vendia nas ruas em pratos de porcelana da China. Diz um cronista que “em noite de lua, os burgueses menos opulentos do Recife, muitas vezes, iam comer suas peixadas, sua cerne de molho-de-ferrugem, suas fritadas de siri, na calçada da frente das casas, em pratos da China ou da Índia, cujos azuis e vermelhos brilhavam ao luar”. |
Cozinha Caipira
(1895) - de José Ferraz de Almeida Junior (1850-1899) - Pinacoteca do
Estado - SP
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Muitas cozinhas permaneceram, até meados do século XX, como apêndices da casa, um puxado coberto por telhas, voltada mais para o quintal do que propriamente para o interior da residência. Era um lugar quente, enfumaçado, engordurado pela carne-seca, pela linguiça e pelos toicinhos pendurados no fumeiro, com o tijolos do chão desgastados pelas pancadas do machado de lenha, onde a dona de casa permanecia de cócoras, debruçada sobre gamelas e peneiras, ou em pé, socando o pilão. (Na pintura, vemos o forno, pote de barro, pilão, fogão à lenha e em cima do fogão o fumeiro).Embora algumas donas de casa já tivessem fogão a gás, sinal de bom gosto e pretígio da família, este permanecia encostado, enquanto, no uso diário, acendia-se o fogão à lenha ou a carvão, chamado de “econômico”, para o preparo de refeições mais elaboradas, e a espiriteira, para fazer comidas rápidas e para esquentar água. Para limpeza das panelas, frigiderias de ferro, pedra, barro, cobre e, modernamente, alumínio, consideradas mais econômicas e higiênicas, utilizava-se sabão feito em casa com uma mistura de cinzas e folha de pau de pita. As panelas eram areadas com areia, cacos de telha reduzidos a pó e batatinhas. Para ficar brilhantes, deveriam ser postas para secar ao sol no jirau. |
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Além de ser o local
onde eram pilados diferentes produtos, preparados os alimentos e
lavada a louça, a cozinha era, também, onde se guardava a bacia
para banhos e se fervia a água, banhava-se as crianças, passava-se
a roupa e onde, em muitas casas, as empregadas dormiam sobre
esteiras.
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O forno de micro-ondas,
congelador e o freezer impuseram-se de forma maciça, oferecendo
comodidade, concorrendo com o valor nutricional da comida preparada
no mesmo dia. Os modos de vida foram modificados profundamente pela
urbanização, pela industrialização, pela profissionalização das
mulheres, pela elevação do nível de vida e de educação, pela
generalização do uso do carro, pelo acesso mais amplo da população
ao lazer, às férias e às viagens. Aumenta regularmente o número
de refeições tomadas fora de casa, aumenta o número de refeições
feitas nas empresas, escolas e coletividades.
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