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A superstição é sempre
de
caráter defensivo, respeitada para evitar mal maior ou distanciar
sua efetivação. Os sinais exteriores são os amuletos
que, incontáveis, transformaram-se em adornos e jóias e vivem
na elegância universal dos nossos dias. Essa legítima defesa
estende-se às zonas mais íntimas do raciocínio humano
e age independente de sua ação e rumo. A própria etimologia
latina mostra que superstição é uma sobrevivência
em sua preservação.
As
superstições, como os pecados,
podem dar-se por pensamentos, palavras e atos.
A
idéia da superstição é
ambivalente, pois existe a crença de que há sempre meios
de anular a força positiva ou negativa de qualquer elemento. Se
isso acontece, deve-se fazer aquilo para prevenir o mal, ou realizar
tais
práticas ou trazer objetos especiais.
Embora
as crenças populares sejam supersticiosas,
tudo entrosado no terror primitivo, não se deve confundir superstição
com crendice. Por exemplo, acreditar em bruxas, almas penadas,
fantasmas,
não é superstição. Superstição
é quando uma pessoa atribui a certos fatos, ou criaturas, animais
ou coisas, poderes maléficos ou benéficos, dependendo de
circunstâncias variáveis. Ex.: encontrar um gato preto não
tem importância, mas se ele correr na nossa frente é que dá
azar.
Escada Não passar debaixo de uma escada é superstição espalhadíssima no Brasil, especialmente nas cidades do litoral. “Joaquim Nabuco não era supersticioso. Mas não passava por debaixo de uma escada”. (Afonso Lopes de Almeida, O Gênio Revelado, 27, Rio de Janeiro, 1923). Ademar Nóbrega (“Superstições e Simpatias”, Revista da Semana, 8-VI-1946, Rio de Janeiro) registra a crendice numa boa reportagem. A escada é a imagem da subida, da elevação, do acesso social, econômico, financeiro. Passar por debaixo de quem se eleva é simbolicamente renunciar, afastar-se de quem sobe, progride, vence. Decorrentemente perde a boa sorte quem passa debaixo de uma escada. Luís da Câmara Cascudo (Superstições e Costumes, “Passar Embaixo da Escada”, 201-205, Rio de Janeiro, 1958): “estudei o motivo, idêntico na França, Bélgica, Holanda, Itália, Espanha, Portugal. Na Espanha acresce a ameaça para as moças que si pasan por debajo de uma escalera no se casarán y tendrán mala suerte” (José A. Sanchez Pérez, Supersticiones Españolas, 120, Madrid, 1948). Tabu É uma superstição coercitiva, que considera sagrado determinado objeto ou período da vida e dele decorrem leis e postulados normativos. Entre eles estão os tabus sobre a castidade, gravidez e menstruação, assim: mulher grávida não deve sentar na soleira da porta nem olhar para o arco-íris. Existem tabus de palavras que não devem ser pronunciadas, por isso recorre-se a sinônimos. Ex.: para não falar em diabo ou demônio, usa-se: tinhoso, capeta, coisa ruim, etc. Os tabus alimentares também são comuns: não se deve tomar leite e comer banana ou manga, pois faz mal. |
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