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Contos de Exemplo

São contos morais, sempre com ação doutrinária. Apresentam sempre casos edificantes.
Ex.: O filho do pescador, A menina vaidosa, O amor-perfeito, etc.

A Lenda de São Benedito das Rosas

A igreja do Rosário construída por Chico Rei e sua gente no cimo da encosta, em Ouro Preto, é singela e o seu interior pode ser chamado de humilde. O altar-mor, em estilo barroco, ornado de volutas e flores estilizadas, os púlpitos bem talhado, a Via-Sacra em água-forte, os altares laterais obedecendo à forma comum das colunas torcidas, com folhagens e anjos, solicita logo à entrada a admiração dos visitantes.

Das imagens que lá são veneradas a mais curiosa é a de São Benedito, o santo negro que nasceu na África e professou num convento da Sicília. Ninguém deixa de notar que ele exibe um tufo de rosas nas dobras do burel. Esse particular está ligado a uma lenda que corre mundo. E explica forma inédita por que ali representado o milagroso franciscano.
O humilde frade era despenseiro do convento. Mas como bom franciscano, confundia a despensa dos seus irmãos com a sacola dos mendigos esfomeados que vinham pedinchar diante da porta da casa de Deus. Não sabia dizer não. Ficava aflito sempre que ouvia um pobrezinho de Cristo dizer que ainda não tinha comido um bocado de pão. Por isso, costumava desencaminhar o melhor da despensa para acudir à fome dos deserdados da terra.
Mas à hora das refeições os frades, coitados, só encontravam à mesa o caldinho ralo, as folhas de hortaliças e os bocados de pão de rala. Passaram a reprovar a 

São Benedito das Rosas
conduta do ecônomo. E o superior, zeloso da boa ordem conventual, teve de chamar à sua presença o negro, aconselhando-o a moderar um pouco os excessos da sua caridade, sob pena de matar de fraqueza os santos religiosos...
Ele, porém, por mais que se esforçasse, não conseguia mudar de conduta. Sempre que podia, apanhava alguns comestíveis, metia-os nas dobras do burel e lá ia, disfarçadamente, levá-los aos infelizes. Mas aconteceu que numa dessas escapulidas, no comprido e umbroso corredor do convento, encontrou-se com o superior. Sentou-se surpreendido em pecado e não soube o que fazer.
-Que levas aí, na dobra do teu manto, irmão Benedito?
-Rosas, meu senhor.
-Ah! Mostra-mas... Quero ver de que qualidade são!
Benedito, confuso, trêmulo, desdobrou o burel franciscano. E em lugar dos alimentos suspeitados, apresentou aos olhos pasmos do superior uma braçada de rosas.

Nota: Esta lenda é a mesma contada em Portugal, tendo como protagonista a Rainha Isabel: a Lenda da Rainha Santa Isabel ou o Milagre das Rosas; rainha de Portugal, filha de Pedro II de Aragão, esposa de D. Diniz, dedicada à prática de caridade. Beatificada em 1516 e canonizada em 1626. Festejada a 8 de julho.


Fontes : Folclore Brasileiro / Nilza B. Megale- Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
Afonso Schmidt, baseado em Alcibiades Delamare, em Vila Rica. Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1935 in Antologia Ilustrada do Folclore Brasileiro: Estórias e Lendas de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro / Seleção e Introdução de Mary Apocalypse – São Paulo: Ed. Edgraf, 1962.
Ilustração: José Lanzellotti



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