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Jesus Cristo e a Erva-mate


Um dia Jesus Cristo desceu à terra, acompanhado por São João e São Pedro e veio ter às selvas americanas. Depois de um penoso viajar pelas florestas sem fim, encontrou, perdido no fundo dos bamburrais, o rancho de um velho indígena que ali morava em companhia de sua filha, jovem de deslumbrante formosura. Os três viajantes foram muito bem recebidos, e Jesus resolveu premiar aquela franca hospitalidade que encontrara no rancho do silvícola. Indagando-lhe o que mais desejava em sua vida, recebeu esta resposta:
- Senhor! Anhangá tomou conta conta dos corações humanos; as guerras incendeiam os campos de minha terra, e não há mais tranquilidade nas tabas do meu povo. Vencedores, os guerreiros não poupam os vencidos: os homens são trucidados e as mulheres jovens são arrastadas a satisfazer os mias baixos instintos. Por isso fugi de minha tribo e vim enterrar-me no escuro das florestas. Não por salvar-me, que pouco me resta viver. Mas para afastar minha filha das garras do pecado. Sei que em breve morrerei, e o que mais me acabrunha é pensar que a deixarei desprotegida, novamente exposta à fúria das paixões. Assim, Senhor, se alguma coisa me fosse dado pedir, eu pediria uma eterna proteção à alma de minha filha. Que ela fosse eternamente bondosa, eternamente pura, eternamente linda.
Respondeu Jesus:
- Se Anhangá hoje impera em tuas selvas, podes crer que o Deus-do-bem voltará a estender seu manto de paz sobre a taba de teus irmãos. As selvas se encherão de cânticos e as almas se encheram de luz. É o Deus-do-bem que me envia para proteger teu povo... 

Jesus Cristo e a Erva-mate
Tu, que foste bom, generoso e hospitaleiro, mereces ser recompensado. Farei de tua filha aquilo que me pedes. Símbolo da bondade, ela retribuirá o mal com o bem: aos que quiserem roubar as delícias do seu corpo, premiará com a fartura dos ranchos. E nenhuma força será capaz de abatê-la, pois por mais que a queiram aniquilar, sempre haverá de renascer, triunfante, trazendo força e inteligência aos homens de tua raça. Tua filha será eternamente linda e eternamente pura, pois transformá-la-ei na mais linda e pura das árvores; linda no contorno das folhagens e pura no manto verdejante que lhe descerá até os pés. Tua filha será eternamente linda, eternamente pura, eternamente bondosa.
E Deus transformou-a na erva-mate...


Fonte : Barbosa Lessa: História do Chimarrão. Edição Sulina, Porto Alegre, in Antologia Ilustrada do Folclore Brasileiro: Estórias e Lendas do Rio Grande do Sul / Seleção e introdução de Barbosa Lessa. - São Paulo: Ed. Edgraf, 1960.
Ilustração: Edgar Koetz


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