Uma
vez houve três dias de festa no céu;
todos os bichos lá foram; mas nos dois primeiros dias o cágado
não pôde ir, por andar muito devagar. Quando os outros
vinham de volta, ela ia no meio do caminho. No último dia,
mostrando ele grande vontade de ir, a garça se ofereceu para
levá-lo nas costas. O cágado aceitou, e montou-se; mas
a malvada ia sempre perguntando se ele via a terra, e quando o cágado
disse que não avistava mais a terra, ela o largou no ar e o
pobre veio rolando dizendo:
“Léu.
Léu, léu
Se eu desta escapar,
Nunca mais bodas no céu...”
E
também: “Arredem-se,
pedras, paus,
senão vos quebrareis.” As pedras e paus se afastaram, e
ele
caiu; porém todo arrebentado. Deus teve pena e juntou os
pedacinhos e deu-lhe de novo a vida em paga da grande vontade que ele
teve de ir ao céu.
Por
isso é que o cágado tem o
casco em forma de remendos.
Este conto anda nas coleções
portuguesa, tendo por heróis outros animais. No Brasil
ouvimo-lo assim. (Nota de Sílvio Romero)