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- Vamos! Para a
presença de sua majestade!
Mestre Galo não teve outro remédio senão seguir na frente, mas cabisbaixo e jururu. Chegados ao palácio do Leão, a escolta e o preso foram ter à presença de Sua Majestade, que soltou um urro de raiva: - Patife! Galo de uma figa! Com que então ousaste desobedecer ao meu real convite, não te apresentando à hora marcada para a minha festa? Pois vais pagar caro esse atrevimento... - Saiba Vossa Majestade que não foi por querer, mas por lamentável esquecimento. Perdão! Eu me ajoelho, aos pés de meu rei! - Tens o que se chama memória de galo, cabeça de vento. Ia dar-te a morte, mas como te humilhaste, e para não perturbar a alegria da minha festa, vou comutar a pena. Daqui para adiante, como castigo do teu esquecimento, não dormirás depois da meia-noite. Dormirás ao pôr do sol e acordarás logo depois. À meia-noite cantarás, às duas amiudarás e ao surgir do dia cantarás ainda, dando sempre sinal de que estás alerta. Se dormires, se não cantares nas horas indicadas. Tu com tua família, correrás o risco de ser comido pelos animais inimigos de geração tão indigna. Assim não esquecerás mais e ficará punida tua vil memória! Mestre Galo sentiu-se muito contente com a solução e, para não se esquecer de que havia de cantar à meia-noite, cantou também ao meio-dia. Dessa data em diante, passou a cumprir o seu fado, cantando pela madrugada afora, por ter desantendido a um convite do monarca. E quando canta fecha os olhinhos, fazendo força para não se esquecer de que tem de cantar outra vez, e canta de dia para lembrar de que há de cantar de madrugada. |
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