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Danças e Festas Folclóricas |
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Duas são suas
espécies
de dança: individual, com passos e movimentação livre, variando
conforme a oportunidade musical; e coletiva, com passos criados por
um dos participantes e, depois consagrados como coreografia fixa.
Hoje, há dez passos básicos, que se combinam em mais de 30
coreografias, que exigem muita agilidade e habilidade de execução. O Cacique apita e a música começa. Os instrumentos são guiados pela gaita, uma pequena flauta vertical, de bambu ou tubo metálico, de timbre muito agudo e quatro orifícios para a digitação melódica. |
Caboclinhos - Balé Popular do Recife - Pernambuco |
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O caracaxá (ganzá),
o tarol (caixa clara), e o surdo (caixa de timbre mais grave) seguem
a gaita. Por vezes, maracás (chocalhos feitos de côco, com sementes
no interior, seguro por um cabo) são introduzidos.
Nos caboclinhos, não se cantam, recitam-se versos improvisados, de caráter épico, extraídos da História do Brasil. As danças, ricas em mímica, ora simulam lutas guerreiras, ora rituais de caça ou de trabalhos agrícolas, como se rememorassem a vida dos indígenas. Há trechos que representam rituais de iniciação tribal. Na Manobra do Traidor, por exemplo, uma disputa entre Rei e Rainha rememora as primitivas lutas entre matriarcado e patriarcado. |
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A duração da dança não é combinada, mas cada “manobra” tem a duração de três a cinco minutos, em média. Vestem-se de penas e plumas, usam “cocar” (diadema), “ataca-de-mão” (bracelete), “ataca-de-pé” (enfeite nos tornozelos), lança de caboclo (pau com extremidade ponteaguda), machadinha e “preaca” (um adereço misto de instrumento musical e caça. Com o estalo que emite, os caboclinhos acentuam a marcação dos toques de percussão). Registros anteriores de Caboclinhos Câmara
Cascudo
(Dicionário
do Folclore Brasileiro): Grupos
fantasiados de
indígenas, com pequenas flautas e pífanos percorrem as ruas nos
dias de carnaval nas cidades do nordeste do Brasil. Executam um
bailado primário, ritmado ao som da pancada das flechas nos arcos,
fingindo ataque e defesa, em série de saltos e simples troca-pés.
Não há enredo nem fio temático nesse bailado, cuja significação
visível será a da apresentação das danças indígenas aos
brancos, também nos dias de festa militar ou religiosa. Outrora os
caboclinhos visitavam os pátios das igrejas antes do alardo nas
ruas, lembrados da passada função homenageadora. É uma
reminiscência do antigo desfile indígena, com a dança, os
instrumentos de sopro e o ruído dos arcos guerreiros. Rodrigues
de Carvalho
(Cancioneiro do Norte, 63-64) descreve: “Entre esses
folguedos típicos, convém destacar os caboclinhos, restos de
diversão indígena: dezesseis ou vinte figuras com o rosto pintado a
açafrão, ostentando trajes de cores berrantes, com enfeites de
espelinhos e penachos à cabeça, empunham arcos com flechas, que são
manejados ao som de um tambor e de uma gaita. Simulam um combate,
como de tribos inimigas; e em plena luta surge o rei, de capa e
espada, cortejado por dois culumins, na gíria do folguedo o
perós-mingus. Por entre as alas dos contendores, arrasta a espada,
pronuncia uma catadupa de RR arrogantes, fala do seu alfange e do seu
cutelo, diz uma loa em língua bunda, e se acalmam as hostes
aguerridas. Acolita tudo isto o tipo de bobo, o matroá, sarcasmo
atirado à lendária boçalidade e estultícia do caboclo. Há também
o “birico”, variante daquele tipo. Ainda hoje é muito comum nas
cidades e vilas da Paraíba, este brinquedo, no Ceará apenas imitado
pelos caboclos – oito figuras, trajadas mais ou menos
burlescamente, de capacete emplumado à cabeça, e a dançarem uma
espécie de quadrilha, ou contra-dança, nas casas onde são
convidados.” Há uma variante de
Caboclinhos em Minas Gerais, durante a Festa do Divino: Aires
da Mata Machado
Filho (Cultura Política, 10, Rio de Janeiro,
dezembro de
1941) estuda “Os Caboclinhos” em Diamantina, Minas Gerais,
pertencendo aos festejos populares, quando da Festa do Divino, com
cantos e bailados, um deles europeu, que é o enrolamento de fitas ao
redor de um mastro durante a ronda. Em vez de rei, matroá e birico,
aparecem cacique, caciquinho, cacicona (mulher que a todos manda),
mamãe-vovó, papai-vovô, o capitão-com-pó, cantando loas para a
licença policial e louvores ao Espírito Santo. Ocorre também uma
figura curiosa, o Pantaleão, que o autor identifica com o Pantalone
da comédia italiana. |
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Fontes : Danças Populares Brasileiras / coordenação de Ricardo Ohtake, pesquisa de Antonio José Madureira, texto de
Helena Katz, consultor Terson da Costa Praxedes, Porto Alegre - RS - Projeto Cultural Rodhia, 1989
Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo, Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem data
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