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Danças comuns a várias regiões  brasileiras

Danças e Festas Folclóricas : Sul


Chula

A formação cultural do povo da Região Sul decorre da miscigenação das culturas indígenas, dos bandeirantes paulistas e dos imigrantes europeus.

As danças do Sul do Brasil tiveram forte influência estrangeira, principalmente de Portugal e Espanha, sendo o Fandango uma das mais significativas. As danças do Fandango foram trazidas pelos portugueses dos Açores e no Rio Grande do Sul apresentam marcados traços de influência espanhola. Estão intimamente ligadas ao canto e seu principal intrumento é a viola. Tiveram grande voga nos fins do século XVIII e chegaram mesmo a animar as festas palacianas. Elas são muito numerosas e denominam "Marcas". As principais são: Chimarrita, Anu, Quero-Mana, Cana-Verde, etc. Sua área geográfica vai de São Paulo ao Rio Grande do Sul.

Notadamente o fandango é uma das danças regionais mais interessantes do nosso folclore, de grande efeito coreográfico. O fandango bem dançado é de requintada estética e elegância, bastando dizer que os pares se rodeiam esboçando uma provocação sutil, sem nunca se tocarem nem sequer com as mãos. Os cavaleiros sapateiam continuadamente, enquanto fazem as esporas tilintar ritmicamente, como instrumento musical complementar, movimentando o corpo, sinuosamente, serpenteando. Entrementes, as damas movimentam-se com meneios insinuantes e requebros graciosos, sem sapatear, acompanhando os gestos com castanholas.

Coreografia: os passos principais do fandango dividem-se em três categorias:

1) rufado ou batido; 2) bailado ou valsado; 3) rufado e valsado.
Os cavalheiros formam com suas damas uma grande roda; as formas se alteram, as damas ficam de frente ou, às vezes, ao lado do cavalheiro, ou rodando um com o outro. E a dança desenvolve-se em uma atmosfera de sentimento esfuziante de anseios, desejos incontidos que chegam a inebriar os figurantes.
O "tatuí", uma das modalidades do fandango, apresenta como característica principal ser dançado por 10 cavalheiros, sem o concurso de damas. Sua coreografia inicia-se com palmadas ou tocar de castanholas. Os passos desenvolvem-se da esquerda para a direita. Apresenta uma série de passos: viracorpo, pega-na-bota, quebra-chifre, pula-sela, mandadinho.

Coreografia dos diversos passos do fandango "tatuí", conforme Rossini Tavares de Lima, em seu livro "Melodia e Ritmo no Folclore de São Paulo", pág. 36: "No quebra-chifre, os dançadores recordam os bois, quando brigam um com o outro, entrelaçando os chifres. Essa figura consiste em bater o lado do pé direito no pé esquerdo do parceiro e vice-versa. Para executá-la, os fandangueiros sempre a sapatear, ficam frente a frente. A marca encerra-se com um sapateado vivo, no qual os dançadores fecham a roda.

No pega-na-bota, os dançadores a sapatear, dão palmadas no cano dos botins. Isso se realiza em andamento bastante rápido. Tanto assim que, ao fecharem a roda, como na "marca" anterior, os dançadores demonstram intenso cansaço.

O vira-corpo é uma das "marcas" mais sugestivas e difíceis. Batendo a ponta dos pés, planta e calcanhar, os dançadores, com os braços voltados para trás, vão-se deitando ao solo. E, a seguir, dão rápida virada de corpo e levantam-se. Depois que todos os fandangueiros realizam esse figurado, a “marca” é encerrada como as outras".

No pula-sela, os dançadores ficam frente à frente e um deles se abaixa, apoiando as mãos nos joelhos. Depois vai-se aproximando de um dos companheiros, ao ritmo do sapateado. Quando ambos se juntam, o que está de pé bate as mãos às costas do outro e o pula. Essa figura e executada por todos os fandangueiros. Para finalizar, fecha-se a roda em sapateado vivo.

A derradeira "marca" do fandango é o "mandadinho", que tem esse nome porque no seu transcurso o marcante vai dizendo o que os outros dançadores devem fazer. Na coreografia, descrevem o plantio, a colheita, o ensacamento e o armazenamento do feijão. Ao som da viola e do sapateado, diz o marcante: "Pran feijão", "Coie feijão", "Ensaca feijão", "leva feijão pro mercado". A esse mandadinho, que apresenta um conteúdo narrativo, com unidade de ação, dá-se o nome de continuado. Há também o "simples", no qual o marcante manda fazer coisas que não se relacionam. O final do mandadinho, como o das demais "marcas", apresenta a mesma figuração.
Em Itararé, segundo informação de Oswaldo de Andrade Filho, há duas violas, cujos tocadores ficam sentados ao lado. Também aparecem as mulheres, que permanecem girando dentro da roda. Todos têm chapéu na cabeça: "senão desequilibra", dizem eles. O canto não é a moda-de-viola mas quadrinhas soltas, improvisadas, num ritmo declamatório.
No litoral de São Paulo, o fandango compreende uma série de danças, que podem ou não apresentar o sapateado ou bate-pé, como por exemplo: DãoDão, DãoDãozinho, Graciana, Tiraninha, Tirana-Grande, Rica-Senhora, Recortado, Recortado Grande, Morro Seco, Pica-Pau, João Dum Maruca, S. João do Porto, Chimarrita, Querumana, etc. A mística é quase sempre em compasso binário e o acompanhamento é feito com viola e rabeca.

Das danças do fandango litorâneo, há duas versões em Aldeia de Carapicuíba, na Capital: uma da Chimarrita, com o nome de Chamarrite, a outra de Querumana. O informante assim descreveu as duas danças, conforme tradição local.
"A chimarrita é uma dança de fila frente a frente, de um lado as mulheres e do outro, os homens, com o violeiro ao centro. Enquanto este toca, todos batem palmas. Depois o violeiro canta uma quadrinha e todos permanecem em silêncio. No momento, porém, que ele passa a entoar o estribilho, os participantes o acompanham e fazem o valseado, cavalheiro tirando dama ou vice-versa. Encerrado o estribilho, volta-se ao palmeado, nova quadra, etc." "O querumana, assim nos foi descrito pelo informante da Aldeia de Carapicuíba: "Lá tem um homem, lá tem uma mulher; os homens batem o pé e passam; as mulheres vão virando". E o violeiro canta a quadrinha e todos o acompanham no estribilho." Fandango, propriamente dito, é a palavra designativa de alguns dos autos das festas jesuínas, tais como "a marujada", a "nau catarineta", etc. O fandango rural, por outro lado, é nome genérico de diversas danças de salão, principalmente no Sul do País, passando assim, a designar qualquer baile, função ou divertimento.
J. C. Paixão Côrtes e L. C. Barbosa Lessa, no Manual de Danças Gaúchas (Edição da Comissão Gaúcha de Folclore, nº 7, de 1956 e depois Edição Riccordi, de São Paulo), fizeram a primeira obra do gênero. O “Manual” é uma obra-prima da literatura gauchesca. Colheram 21 danças gaúchas: Ghimarrita, Chimarrita-Balão, Rilo, Carangueijo, O Pezinho, Balaio, Tirana do Lenço, Quero-Quero, Quero-Mana, Pau-de-Fita, Rancheira, Rancheira de Carreirinha, Terol, Chula, Tatú, Anu, Meia-Canha, Pericom. O Chote, O Chote de Duas Damas, Maçarico e Cana-Verde. Mais tarde, este material foi ainda ampliado.

Fontes : Folclore Brasileiro / Nilza B. Megale - Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
Danças do Brasil / Felícitas. - Rio de Janeiro: Editora Tecnoprint Ltda., sem/data (década de 1940 ou posterior)
Folclore do Rio Grande do Sul: Levantamento dos costumes e tradições gaúchas. 2ª ed. Caxias do Sul, EDUCS; Porto Alegre, Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes, Nova Dimensão, 1987
Chula: Ilustração de José Lanzellotti


Danças do Sul

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