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Danças comuns a várias regiões  brasileiras



Ciclo do Gado e o Auto do Boi

Tronco para domesticar bois. Desenho de Debret

A presença do boi como elemento motivador dos grupos étnicos nacionais surge entre finais do século XVII e início do século XVIII, como resultado de um processo de transformações sociais, ocorridos neste período. Alguns autores aliam a origem do folguedo, Bumba-meu-boi, ao desenvolvimento do Ciclo do Gado, também chamado Civilização do Couro, ou seja, um período em que o gado vacum - introduzido no país em 1534 por Ana Pimentel, esposa de Martim Afonso de Sousa - transforma-se em importante fator da economia colonial, tanto como mão-de-obra auxiliar dos escravos nos engenhos de açúcar, quanto como produtor de alimentos (carne e leite, principalmente) para as populações das fazendas e povoados. Funciona como fator de interiorização nacional, consagrando o ciclo produtivo desse período.

O Ciclo do Gado, iniciado na Bahia, toma duas direções diferentes ainda no século XVII, aproveitando a faixa de influência do rio São Francisco ou
rio dos currais, como chamou Capistrano de Abreu. 

Transporte de carne de corte. Desenho de Debret

O primeiro sobe o rio acompanhando o seu curso pelo Nordeste; o segundo, depois de atingi-lo, transpõe-o em direção ao Norte até o Piauí. A partir do rio Parnaíba e do litoral, o boi chega ao Maranhão, espalhando-se por todo o estado - onde existissem pastos bons e água pura -, passando depois para o Ceará, fechando o cerco com a primeira direção, vinda de Pernambuco.

Por resistir às intempéries naturais, disseminar o povoamento, torna-se fonte nutritiva de alimento das populações do interior e, ao mesmo tempo, ajudar no trabalho duro da lavoura, o boi passa a ser percebido como um animal importante no ciclo de produção da renda familiar e empresarial. Mas também aparece como um elemento ativo e sempre presente passando a ser percebido pelos negros e índios como um companheiro de trabalho, um símbolo de força, violência e resistência, assim como de equilíbrio, calma e solidez.

À valorização do boi nas cidades, fator de alimentação cuja obtenção nunca era garantida, correspondia no interior das zonas de criação uma mitologia do boi e do vaqueiro, suscitando todo um ciclo de rituais. Um boi indomável, que ninguém consegue amansar, mas acaba sendo vencido e morto pelo mais valente dos vaqueiros. É assim que para o brasileiro rústico, o boi torna-se a encarnação dos princípios alimentares, da resistência e da fertilidade, passando a significar tudo o que é necessário à vida.

E mesmo os autores que negam ou criticam esta origem nacional alegando uma outra universal, como Azevedo Neto, por exemplo, enfatizam a importância das relações entre o homem e o animal como determinantes da idéia fundante do folguedo.

De fato, a figura poderosa do touro está ligada ao domínio mítico e tradicional de todos os povos, em todas as culturas, nas mais diferentes celebrações, divinizado e totemizado principalmente nos cultos agrários onde o boi é animal vivo, cumprindo a missão de atrair e fixar a benevolência dos deuses agrários, sem bailado do personagem central e sem percepção humorística  e recreativa. É forma protocolar, hierárquica e sagrada, respeitosa e imutável pela inflexibilidade do costume.

Como um animal sagrado, o touro merece lugar de honra nos templos e oratórios, nos cortejos e procisões, nos rituais e celebrações, nas lendas e mitos de todos os povos. Esses aspectos religiosos divididos entre o sagrado e o profano deram origem, por sua vez, a danças e brincadeiras populares, tais como as de Espanha e Portugal, de onde vem a influência européia do bumba-meu-boi, provavelmente do Monólogo do Vaqueiro que o poeta Gil Vicente apresentou em 1502 aos reis de Portugal, ou ainda da famosa Fiesta de La Vaca de São Pablo de Los Montes, em Espanha.

Mídia e experiência estética na cultura popular: o caso do bumba-meu-boi / Francisca Ester de Sá Marques. - São Luís: Imprensa Universitária, 1999



Bumba-meu-boi
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