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Danças e Festas Folclóricas |
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Por resistir às intempéries naturais, disseminar o povoamento, torna-se fonte nutritiva de alimento das populações do interior e, ao mesmo tempo, ajudar no trabalho duro da lavoura, o boi passa a ser percebido como um animal importante no ciclo de produção da renda familiar e empresarial. Mas também aparece como um elemento ativo e sempre presente passando a ser percebido pelos negros e índios como um companheiro de trabalho, um símbolo de força, violência e resistência, assim como de equilíbrio, calma e solidez. À valorização do boi nas cidades, fator de alimentação cuja obtenção nunca era garantida, correspondia no interior das zonas de criação uma mitologia do boi e do vaqueiro, suscitando todo um ciclo de rituais. Um boi indomável, que ninguém consegue amansar, mas acaba sendo vencido e morto pelo mais valente dos vaqueiros. É assim que para o brasileiro rústico, o boi torna-se a encarnação dos princípios alimentares, da resistência e da fertilidade, passando a significar tudo o que é necessário à vida. E mesmo os autores que negam ou criticam esta origem nacional alegando uma outra universal, como Azevedo Neto, por exemplo, enfatizam a importância das relações entre o homem e o animal como determinantes da idéia fundante do folguedo. De fato, a figura poderosa do touro está ligada ao domínio mítico e tradicional de todos os povos, em todas as culturas, nas mais diferentes celebrações, divinizado e totemizado principalmente nos cultos agrários onde o boi é animal vivo, cumprindo a missão de atrair e fixar a benevolência dos deuses agrários, sem bailado do personagem central e sem percepção humorística e recreativa. É forma protocolar, hierárquica e sagrada, respeitosa e imutável pela inflexibilidade do costume. Como um animal sagrado, o touro merece lugar de honra nos templos e oratórios, nos cortejos e procisões, nos rituais e celebrações, nas lendas e mitos de todos os povos. Esses aspectos religiosos divididos entre o sagrado e o profano deram origem, por sua vez, a danças e brincadeiras populares, tais como as de Espanha e Portugal, de onde vem a influência européia do bumba-meu-boi, provavelmente do Monólogo do Vaqueiro que o poeta Gil Vicente apresentou em 1502 aos reis de Portugal, ou ainda da famosa Fiesta de La Vaca de São Pablo de Los Montes, em Espanha. Mídia e experiência estética na cultura popular: o caso do bumba-meu-boi / Francisca Ester de Sá Marques. - São Luís: Imprensa Universitária, 1999 |
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