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Danças Folclóricas comuns a várias regiões brasileiras
Batuque
Dança do Batuque - Início do século XIX, Spix e Martius

"O brasileiro tem disposição alegre, pronto para divertir-se. Quase por toda parte onde chegávamos à noite, eramos recebidos com as toadas das violas, a cujo acompanhamento se canta ou se dança... O Batuque é dançado por um bailarino só e uma bailarina, os quais, dando estalidos com os dedos e com movimentos dissolutos e pantominas desenfreadas, ora se aproximam ora se afastam um do outro. O principal encanto desta dança, para os brasileiros, está nas rotações e contorsões artificiais da bacia, nas quais quase alcançam os faquires das Índias Orientais. Dura, às vezes, aos monótonos acordes da viola, horas inteiras sem interrupção, ou alternado só por cantigas improvisadas, e modinhas nacionais, cujo tema corresponde à sua grosseria. Às vezes aparecem também bailarinos vestidos de mulher. Apesar da feição obscena desta dança, é espalhada em todo o Brasil e por toda parte é a preferida da classe  inferior do povo, que dela não se priva, nem por proibição da Igreja..."
As danças brasileiras receberam influência indígena, africana e européia, como todo o folclore brasileiro.
A documentação do Brasil do século XVI referente às danças indígenas é o círculo, com os pajés defumando os guerreiros, transmitindo-lhes o espírito da coragem. As danças só podiam ser expressões sagradas e depois o instinto lúdico diversificou-as. O europeu trouxe para o Brasil (e para todo o continente e domínio insular) os bailes de par, homem e mulher, e parte daí a iniciativa do dançarino solista, o par independente, dominador e sugestionador. A influência européia plasmou a multiplicidade criadora dos bailados nativos, técnica dos brancos e essência inspiradora local.

O negro trouxe a batucada e daí o Samba, que provém de "Semba", umbigada em Loanda.

Samba: baile popular em todo o Brasil, urbano e rural, sinônimo de pagode, função, fobó, arrasta-pé, balança-flandre (Alagoas), forrobodó, fungagá.

Batuque é denominação genérica para o baile africano (consiste num círculo formado pelos dançadores, indo para o meio um negro ou uma negra, que, depois de executar vários passos, vai dar uma umbigada, a que chamam "semba") e o rei D. Manuel proibia sua função nas primeiras décadas do século XVI.

Dança do Batuque
Dança do Batuque - Século XIX, Rugendas
Batucada é um baile somente com instrumentos de percussão e batuque é com sapateado e palmas, ao som de cantigas acompanhadas só de tambor, quando é de negros ou também de viola e pandeiro quando entra gente branca.

As danças com umbigadas vieram para a América Latina com outros nomes, Lundu, Lariate, Calenda, Batuque (batuque comum, batuque paulista, goiano e cateretê), etc. Assim como o Coco, dança de roda, com solista no meio, incluía a umbigada, e o esquecido Baiano ou Baião.

Na história das danças da moda, mesmo hoje, há sempre um ponto comum: parece que toda nova dança, até o dia em que passa a ser aceita, é sempre considerada como lasciva, decadente ou indecente.
A valsa era indecente, nos salões, porque o cavalheiro podia enlaçar a cintura da dama. Era indecente o lundu, pelos meneios sensuais do corpo, ou o maxixe, que era uma paródia do próprio ato sexual. Certas músicas eram vedadas às famílias porque eram "coisa de negros", mas também se fazia restrição ao xote, supostamente originário da Escócia, à polca, à mazurca ou a qualquer coisa que se dançasse, brasileira ou estrangeira.
O que não valia em casa, entretanto, era normal, aceito e até moda no teatro, na rua ou em outros ambientes menos familiares. Nas "Cartas Chilenas", coleção de poemas de crítica ao governo, de autoria do inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, há uma descrição de uma cena muito viva de um funcionário público sendo atraído pelo apelo sensual de um lundu:

"Fingindo a moça que levanta a saia
E voando na ponta dos dedinhos,
Prega no machacaz, de quem gosta,
A lasciva embigada, abrindo os braços;
Então o machacaz, mexendo a bunda,
Pondo uma mão na testa, outra na ilharga,
Ou dando alguns estalos com os dedos,
Seguindo das violas o compasso,
Lhe diz - 'eu pago, eu pago' - e, de repente,
Sobre a torpe michela atira o salto.
Ó dança venturosa! Tu entravas
Nas humildes choupanas, onde negras,
Aonde as vis mulatas, apertando
Por baixo do bandulho a larga cinta,
Te honravam e' os marotos e brejeiros,
Batendo sobre o chão o pé descalço,
Agora já consegues ter entrada
Nas casas mais honestas e palácios!
Ah! tu, famoso chefe, dás exemplo.
Tu já, tu já batucas, escondido
Debaixo dos teus tetos, com a moça
Que furtou, ao senhor, o teu Robério!"

Os pesquisadores parecem concordar que a origem do lundu é o batuque dos escravos, sendo esta a razão por que se barrava sua entrada nos salões familiares.
A primeira referência ao lundu, segundo Bruno Kiefer e J. R. Tinhorão, aparece em uma carta do governador de Pernambuco ao governo português, em 1780.

"Os pretos, divididos em nações e com instrumentos próprios de cada uma, dançam e fazem voltas como arlequins, e outros dançam com diversos movimentos do corpo, que, ainda que não sejam os mais indecentes, são como os fandangos em Castela e fofas de Portugal, o lundi dos brancos e pardos daquele país..."


Como consequencia dessas informações, o governo da Metrópole baixou um Aviso ao Governador de Pernambuco informando: "...que sua Majestade ordenava que não permitisse as danças supersticiosas e gentilicas, enquanto as dos pretos, ainda que pouco inocentes, podiam ser toleradas, com o fim de evitar-se, com este menor mal, outros males maiores".

Lundu
Lundu - Século XIX, Rugendas
Lundu
Lundu - Século XIX, Rugendas

Dança de par separado, com coreografia rica, o lundu é fértil em improvisações. Toda sua febril sensualidade está retratada no alegre colorido da roupas das mulheres, oscilando perigosamente sobre a cabeça dos parceiros, que, requebrando, vão quase até o chão, com olhares suplicantes e apaixonados, mas evitando sempre as saias ameaçadoras. Quando a saia finalmente os encobre, a dama sai vitoriosa, fazendo volteios, aplaudida pelos presentes.
Mesmo aceita, a dança, já bem moderada, ainda causava espanto quando vista por estrangeiros que viajavam pelo Brasil e assistiam a festas nos salões.
A valsa, importada da Áustria, imperou nos salões no final do século XIX e mantém-se até hoje. Foi música de dança e de serenatas e muitas vezes era também modinha.
A polca, vinda da Europa Central, embora uma dança rústica, já chegou ao Brasil em 1845 como dança de salão, tendo sido apresentada no Teatro São Pedro, no Rio de Janeiro. Forma musical alegre, difundiu-se com rapidez, misturando-se com os ritmos já existentes por aqui e produzindo híbridos diversos, como polca-lundu, polca-tango, polca militar e até polca-fado.
O dobrado no Brasil não chegou a ser dançado como seu antecessor europeu: o "paso-doble" espanhol e de outros países latinos. Ficou mesmo como gênero de música militar, de coreto e de procissões.
A mazurca exigia uma coreografia especial para os passos dos dançarinos. Foi muito popular no século XIX. Com exceção da valsa, foi talvez das danças mais cultivadas pela música popular de salão do século XIX. De origem polonesa, introduzida na Alemanha em meados do século XVI, tornou-se popular, pouco depois, na Inglaterra e na França. É dançada por grupos de quatro ou oito casais.
O Tango é andaluz, tendo surgido na Espanha nos meados do século XIX. Combinou-se com muitas formas musicais, algumas das quais se firmaram com personalidade própria, como o tango e a milonga argentinos. No Brasil, fundido ao lundu e à polca, chegou a ter muita expressão no fim do século na forma de "tangos brasileiros", muito bem trabalhados por Ernesto Nazaré.
O maxixe, surge nos cabarés da Lapa, no Rio de Janeiro, em fins do século XIX, carregado de típica gíria carioca, muito ritmo e rico em evoluções e figurações. Para alguns, é a primeira dança realmente brasileira: a princípio confundido com o tango, mas com a cadência da habanera espanhola, tornou-se logo mais vivaz e sensual.

Fontes : Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo, Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem data
Viagem pelo Brasil 1817 - 1820 - Excertos e Ilustrações /  Spix e  Martius. - São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1968
Modinhas : Raizes da música do povo: um projeto cultural das Empresas Dow / José Rolim Valença. - São Paulo : Empresas Dow, 1985


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