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Danças e Festas Folclóricas
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Dança
do Batuque - Século XIX, Rugendas
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Batucada
é um baile somente com instrumentos de percussão e batuque é com
sapateado e palmas, ao som de cantigas acompanhadas só de tambor,
quando é de negros ou também de viola e pandeiro quando entra gente
branca. As danças com umbigadas vieram para a América Latina com outros nomes, Lundu, Lariate, Calenda, Batuque (batuque comum, batuque paulista, goiano e cateretê), etc. Assim como o Coco, dança de roda, com solista no meio, incluía a umbigada, e o esquecido Baiano ou Baião. Na história das danças da moda, mesmo hoje, há sempre um ponto comum: parece que toda nova dança, até o dia em que passa a ser aceita, é sempre considerada como lasciva, decadente ou indecente. A valsa era indecente, nos salões, porque o cavalheiro podia enlaçar a cintura da dama. Era indecente o lundu, pelos meneios sensuais do corpo, ou o maxixe, que era uma paródia do próprio ato sexual. Certas músicas eram vedadas às famílias porque eram "coisa de negros", mas também se fazia restrição ao xote, supostamente originário da Escócia, à polca, à mazurca ou a qualquer coisa que se dançasse, brasileira ou estrangeira. O que não valia em casa, entretanto, era normal, aceito e até moda no teatro, na rua ou em outros ambientes menos familiares. Nas "Cartas Chilenas", coleção de poemas de crítica ao governo, de autoria do inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, há uma descrição de uma cena muito viva de um funcionário público sendo atraído pelo apelo sensual de um lundu: "Fingindo a moça que levanta a saia E voando na ponta dos dedinhos, Prega no machacaz, de quem gosta, A lasciva embigada, abrindo os braços; Então o machacaz, mexendo a bunda, Pondo uma mão na testa, outra na ilharga, Ou dando alguns estalos com os dedos, Seguindo das violas o compasso, Lhe diz - 'eu pago, eu pago' - e, de repente, Sobre a torpe michela atira o salto. Ó dança venturosa! Tu entravas Nas humildes choupanas, onde negras, Aonde as vis mulatas, apertando Por baixo do bandulho a larga cinta, Te honravam e' os marotos e brejeiros, Batendo sobre o chão o pé descalço, Agora já consegues ter entrada Nas casas mais honestas e palácios! Ah! tu, famoso chefe, dás exemplo. Tu já, tu já batucas, escondido Debaixo dos teus tetos, com a moça Que furtou, ao senhor, o teu Robério!" Os pesquisadores parecem concordar que a origem do lundu é o batuque dos escravos, sendo esta a razão por que se barrava sua entrada nos salões familiares. A primeira referência ao lundu, segundo Bruno Kiefer e J. R. Tinhorão, aparece em uma carta do governador de Pernambuco ao governo português, em 1780. "Os pretos, divididos em nações e com instrumentos próprios de cada uma, dançam e fazem voltas como arlequins, e outros dançam com diversos movimentos do corpo, que, ainda que não sejam os mais indecentes, são como os fandangos em Castela e fofas de Portugal, o lundi dos brancos e pardos daquele país..." Como consequencia dessas informações, o governo da Metrópole baixou um Aviso ao Governador de Pernambuco informando: "...que sua Majestade ordenava que não permitisse as danças supersticiosas e gentilicas, enquanto as dos pretos, ainda que pouco inocentes, podiam ser toleradas, com o fim de evitar-se, com este menor mal, outros males maiores". |
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Lundu - Século XIX, Rugendas
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Lundu - Século XIX, Rugendas
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Dança
de par separado, com coreografia rica, o lundu é fértil em
improvisações. Toda sua febril sensualidade está retratada no alegre
colorido da roupas das mulheres, oscilando perigosamente sobre a cabeça
dos parceiros, que, requebrando, vão quase até o chão, com olhares
suplicantes e apaixonados, mas evitando sempre as saias ameaçadoras.
Quando a saia finalmente os encobre, a dama sai vitoriosa, fazendo
volteios, aplaudida pelos presentes.
Mesmo aceita, a dança, já bem moderada, ainda causava espanto quando vista por estrangeiros que viajavam pelo Brasil e assistiam a festas nos salões. A valsa, importada da Áustria, imperou nos salões no final do século XIX e mantém-se até hoje. Foi música de dança e de serenatas e muitas vezes era também modinha. A polca, vinda da Europa Central, embora uma dança rústica, já chegou ao Brasil em 1845 como dança de salão, tendo sido apresentada no Teatro São Pedro, no Rio de Janeiro. Forma musical alegre, difundiu-se com rapidez, misturando-se com os ritmos já existentes por aqui e produzindo híbridos diversos, como polca-lundu, polca-tango, polca militar e até polca-fado. O dobrado no Brasil não chegou a ser dançado como seu antecessor europeu: o "paso-doble" espanhol e de outros países latinos. Ficou mesmo como gênero de música militar, de coreto e de procissões. A mazurca exigia uma coreografia especial para os passos dos dançarinos. Foi muito popular no século XIX. Com exceção da valsa, foi talvez das danças mais cultivadas pela música popular de salão do século XIX. De origem polonesa, introduzida na Alemanha em meados do século XVI, tornou-se popular, pouco depois, na Inglaterra e na França. É dançada por grupos de quatro ou oito casais. O Tango é andaluz, tendo surgido na Espanha nos meados do século XIX. Combinou-se com muitas formas musicais, algumas das quais se firmaram com personalidade própria, como o tango e a milonga argentinos. No Brasil, fundido ao lundu e à polca, chegou a ter muita expressão no fim do século na forma de "tangos brasileiros", muito bem trabalhados por Ernesto Nazaré. O maxixe, surge nos cabarés da Lapa, no Rio de Janeiro, em fins do século XIX, carregado de típica gíria carioca, muito ritmo e rico em evoluções e figurações. Para alguns, é a primeira dança realmente brasileira: a princípio confundido com o tango, mas com a cadência da habanera espanhola, tornou-se logo mais vivaz e sensual. |
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