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Danças e Festas Folclóricas
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A
casa da tia Ciata, localizada no Centro da cidade, embalada
por um samba que atendia às convenções da dança de salão e frequentadas
por figuras de destaque como Donga e Sinhô, dava lugar a novos
cenários, os botequins da subida do morro de São Carlos, por exemplo. O
samba tocado nesses lugares tinha nova cadência, que se ajustava à
coreografia das escolas de samba recém-instituídas nas favelas cariocas
do Estácio e da Mangueira. Identidade Nacional É
justamente na década
de 1930, marcada pela ascensão de Vargas ao poder e pela afirmação
do modernismo, que o samba se transformou em símbolo
nacional. Houve nesse momento uma inversão do ideário de construção
da identidade nacional concebido na década anterior, como o
desenvolvido por Mário de Andrade no Ensaio sobre a música
brasileira, de 1928. Nesse texto-manifesto, Mário propunha a
contribuição das musicalidades de todas as regiões e etnias do
país para o estabelecimento da identidade nacional. Fundamentando-se
nessa perspectiva, defendia radicalmente a representação do Brasil
através da síntese promovida pelas três raças – portuguesa,
negra e indígena -, recusando o procedimento de pensar o país a
partir de um único elemento, tanto cultural quanto geográfico. Ao
contrário, portanto, da proposta de Mário de Andrade, que operava
com a ideia de fusão, a inteligência dos anos 1930 optou por
concentrar no Rio de Janeiro a escolha dos ingredientes básicos para
a construção da identidade nacional, entre os quais o samba se
destaca pelo seu valor emblemático. Em reflexão bastante original
sobre o tema, desenvolvida em O mistério do samba,
Hermano
Vianna argumenta que, nos anos 1930, se recorre ao mito da
“descoberta” do samba, como se de certa forma o morro contivesse
o samba em essência. Assim, não só o samba como também o Brasil
passam a ostentar uma natureza carnavalesca. Temática malandra Foi numa roda de amigos que o sapateiro Alcebíades Barcelos, o Bide, e seus companheiros do Estácio, bairro do centro do Rio de Janeiro, criaram a primeira escola de samba, a Deixa Falar. Era um domingo: 12 de agosto de 1928. Bide, por sua vez, compõe a figura do malandro no próprio corpo, ao se vestir com os indefectíveis terno branco e colarinho engomado. No caso do Cartola (Angenor de Oliveira), da Mangueira, o próprio apelido se refere a seus trajes - mais precisamente ao chapéu que usava e que constituía peça indispensável do figurino malandro. Quanto ao estilo musical desenvolvido por essa segunda geração de sambistas, é curioso observar que, apesar da linguagem debochada da temática malandra, se iniciaram, a partir do final dos anos 1920, os contatos entre as favelas e a cidade. Noel Rosa é sempre citado como um mediador entre os compositores pobres das periferias e os músicos cariocas de classe média e alta. Noel teria sido um dos primeiros músicos desse segmento branco e de classe média a subir os morros, como o da Mangueira e o do Estácio, e conviver com os sambistas desses redutos. Os sambistas do morro, em seus relatos, costumam reclamar da exploração a que foram submetidos no início de suas carreiras por compositores e intérpretes já conhecidos, como Francisco Alves e Mário Reis, que negociavam com eles a parceria de suas músicas. A despeito dessas situações difíceis na trajetória de compositores como Bide e Cartola, é a partir do final dos anos 1920 que o samba produzido nos morros começou a ser valorizado e apreciado por segmentos das classes alta e média da cidade. Com a criação dos desfiles carnavalescos, os sambistas desceram do morro e começaram a fazer as evoluções na avenida. O samba passou então a contar com um público cada vez mais heterogêneo, que consumia não só no espetáculos dos desfiles, mas através dos novos meios de comunicação de massa, como o rádio, a indústria fonográfica tecnicamente mais aperfeiçoada e o cinema. |
Umbigada |
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Coleção Arthur Ramos Enquanto
o samba da geração anterior, dos anos 1910, era desenvolvido por
músicos com maior formação técnica e se fazia a partir de um processo
de composição mais elaborado, com instrumentos de corda e sopro; o novo
samba era criado na base do improviso das rodas de batucadas, com
tamborim, surdo, cuíca e pandeiro.
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A imagem do
malandro - misterioso, mulherengo de terno branco, boêmio, tocando
violão pela noite carioca.
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Estilos de Sambas Samba-canção Com tom sentimental e melancólico, surge na década de 1920, com menos batuque e predomínio melódico próximo a modinha e à seresta. O estilo ganhou popularidade na voz de Herivelto Martins, Dalva de Oliveira, Lupicínio Rodrigues e Nelson Gonçalves, com músicas doloridas que conquistavam milhares de brasileiros nas décadas de 1940 e 1950. Esse estilo daria também base para apostas harmônicas da bossa nova, tendo sido utilizado nas primeiras composições de Tom Jobim, como Incerteza e Teresa da Praia. Samba de partido-alto Com letras improvisadas, o partido-alto segue a estrutura típica das canções de batuque tradicional angolano, na qual as letras improvisadas aparecem sobre linha melódica pouco variável, reforçada por estribilho coral e palmas cadenciadas. É cantado em rodas que reúnem grupo de músicos e amigos. Também pode ser cantado em forma de desafio por dois ou mais solistas com refrão e partes soladas. Samba-enredo Modalidade em que letra e melodia são criadas a partir de um tema escolhido como enredo de escola de samba. Os primeiros eram feitos no Rio de Janeiro de maneira livre e tratavam da realidade dos sambistas e de seu meio. A partir dos anos 1930, com a institucionalização das disputas entre escolas, esses sambas passaram a narrar episódios e a exaltar personagens da história nacional. Hoje dão o tom aos desfiles do Rio de Janeiro e de escolas de outras capitais do país. Samba-exaltação As letras patrióticas e ufanistas ressaltam as maravilhas do país e têm acompanhamento pomposo de orquestra. Um exemplo clássico é Aquarela do Brasil, composta por Ari Barroso e gravada em 1939 por Francisco Alves. Samba de breque Breque deriva da palavra break (freio ou parada em inglês). Esse gênero de samba se caracteriza exatamente por pequenas paradas repentinas na música em que o cantor pode incluir comentários, muitos deles em tom crítico ou humorístico. Um dos mestres desse estilo é Moreira da Silva, que incorporou a novidade em seus sambas na década de 1930. A modalidade desembocaria em samba sincopados de Geraldo Pereira, craque em acoplar frases ao recorte melódico. Samba de roda Ligado ao samba rural que segue tradição africana e tem sua origem no Recôncavo Baiano. É ligado à dança e â capoeira e tocado por um conjunto de pandeiro, atabaque, berimbau, viola e chocalho e acompanhado por canto e palmas. Pagode A etimologia da palavra remete a um templo pagão asiático. No Brasil, pagode passou a denominar também um tipo de festa “com comida e bebida, de caráter íntimo”, na definição acadêmica do folclorista Câmara Cascudo. Específicamente no Rio, a partir dos anos 1980, ficaram conhecidas como pagode as reuniões de sambistas em torno da música e um gênero de interpretação do samba que deu destaque a nomes como o do grupo Fundo de Quintal e também Jovelina Pérola Negra e Zeca Pacodinho. |
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