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Mitos Gerais
O Lobisomem

Mito universal, registrado por Plínio o antigo, Heródoto, Pompônio Mela, Plauto, Varrão, Santo Agostinho, Isócrates, Ovídio, Petrônio, etc.
Convergem para o mito a tradição religiosa das lupercais, realizadas em fevereiro em Roma, para onde as levara da Grécia o árcade Evandro. Os colégios dos Lupercos, Quintiliares e Fabianos tiveram um terceiro, Lupercii Julii, onde Marco Antônio era sacerdote-chefe. Numa lupercal tentou-se fazer de Júlio César rei. Em 494, Gelásio proibiu-a, mudando-lhe a feição para a solenidade cristã da festa da purificação.
Licantropo da Grécia, versiopélio em Roma, volkdlack eslavo, werwolf, verewolfe saxão, wahwolf germano, obototen russo, hamramr nórdico, loup-garou francês. 
Lobisomem, lobo-homem, lubizon, luvizon, lobinsón em Espanha, Portugal, espalhou-se por todo o continente americano.
Na África existe a tradição sagrada das transformações animais, homens-lobos, homens-tigres, homens-hienas, etc.
Na china e Japão o folclore aponta as versões múltiplas.
No Cancioneiro de Resende o poeta Álvaro de Brito Pestana cita: “Sois danado lobisomem”.
Em Portugal tem outros nomes: corredor (Minho); tardo (Paços do Ferreira). As fêmeas são: peeiras e lobeiras (Minho). São filhos de comadre e compadre ou padrinho e afilhada. Correm fazendo barulho. São pessoas que jamais engordam ou conseguem cores de saúde.
Oliveira Martins resume o mito europeu: “O lobisomem, vervolfe, loup-garou, voukodlak, dos alemães, franceses, eslavos, mito geral dos povos indo-europeus, é aquele que por um fado se transforma de noite em lobo, jumento, bode ou cabrito montês. Os sacerdotes do Sorano sabino, nos bosques da Itália primitiva, vestiam-se com as peles do lobo, animal do seus; a imagem confunde-se com o objeto na imaginação infantil, o sacerdote com o deus, a profissão com o fado.
Lobisomem
Porventura o mito nasceu do tiro, assim como da crença vem a enfermidade, Os traços com que a imaginação do nosso povo retratou o lobisomem são duplos, porque também essa criatura infeliz, conforme o nome mostra, é dual. Como homem é extremamente pálido, magro, macilento, de orelhas compridas e nariz levantado. A sua sorte é um fado, talvez a remissão de um pecado; mas esta adição vê-se quanto é estranha ao mito na sua pouca generalização. Por via de regra, o fado é a moral - é uma sorte apenas.

Nasce-se lobisomem: em lugares são os filhos do incesto, mas, em geral, a predestinação não vem senão de um caso fortuito, e liga-se com o número que a astrologia acádia ou caldaica tornou fatídico - o nº 7. O lobisomem é o filho que nasceu depois de uma série de sete filhas. Aos treze anos, numa terça ou quinta-feira, sai de noite, e topando com um lugar onde um jumento espojou, começa o fado. Daí por diante, todas as terças e sextas-feiras, de meia-noite às duas horas, o lobisomem tem de fazer a sua corrida, visitando sete adros (cemitérios) de igreja, sete vilas acasteladas, sete partidas do mundo, sete outeiros, sete encruzilhadas, até regressar ao mesmo espojadouro, onde readquire a forma humana. Sai também ao escurecer, atravessando na carreira as aldeias onde os lavradores recolhidos não adormeceram ainda. Apaga todas as luzes, passa como uma flecha, e as matilhas de cães, ladrando, perseguem-no até longe das casas...


Quem ferir o lobisomem, quebra-lhe o fado; outro modo herdará a triste sorte (Sistema dos Mitos, 294-295). 

Esses elementos criaram o lobisomem, o lubisome, no Brasil. Há modificações regionais. A licantropia se determina pelo incesto ou moléstia, hopoemia.

Na noite de quinta-feira para sexta-feira o candidato se despe, e espoja-se numa encruzilhada onde os animais façam comumente a espojadura. Transforma-se em um bicho grande, bezerro de alto porte, com imensas orelhas, cujo rumor é característico. Procura sangrar crianças, animais novos e, faltando esses, a quem encontrar, antes do quebrar da barra, antes que o dia se anuncie. Para desencantá-lo basta o menor ferimento que cause sangue. Ou bala que se unte com cera de vela que ardeu em três missas de domingo ou missa-do-galo, na meia-noite do Natal. 

Há centenas de depoimentos, afirmando encontros e lutas pessoais com o lobisomem, o mais popular dos animais fabulosos, com a maior área geográfica de influência e crédito tradicional”.

No Geografia dos Mitos Brasileiros recenseei depoimentos sobre o mito e suas origens e modificações clássicas. (ed. José Olympio, Rio de Janeiro, 1947); Jaime Griz, O Lobisomem da Porteira Velha, Recife, 1956; Raimundo Nonato, Estórias de Lobisomem, Pongetti, Rio de Janeiro, 1959, registrando casos de tradição oral em Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Ver Cumacanga, Região Norte.


Fonte : Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo, Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem data
Ilustração de J. Lanzellotti


Saci-Pererê

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