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Mito Nacional O Saci Pererê Mitos Gerais O Lobisomem Mitos Regiões
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Porventura
o mito nasceu do tiro, assim como
da crença vem a enfermidade, Os traços com que a imaginação
do nosso povo retratou o lobisomem são duplos, porque também
essa criatura infeliz, conforme o nome mostra, é dual. Como homem
é extremamente pálido, magro, macilento, de orelhas compridas
e nariz levantado. A sua sorte é um fado, talvez a remissão
de um pecado; mas esta adição vê-se quanto é
estranha ao mito na sua pouca generalização. Por via de regra,
o fado é a moral - é uma sorte apenas.
Nasce-se lobisomem: em lugares são os filhos do incesto, mas, em geral, a predestinação não vem senão de um caso fortuito, e liga-se com o número que a astrologia acádia ou caldaica tornou fatídico - o nº 7. O lobisomem é o filho que nasceu depois de uma série de sete filhas. Aos treze anos, numa terça ou quinta-feira, sai de noite, e topando com um lugar onde um jumento espojou, começa o fado. Daí por diante, todas as terças e sextas-feiras, de meia-noite às duas horas, o lobisomem tem de fazer a sua corrida, visitando sete adros (cemitérios) de igreja, sete vilas acasteladas, sete partidas do mundo, sete outeiros, sete encruzilhadas, até regressar ao mesmo espojadouro, onde readquire a forma humana. Sai também ao escurecer, atravessando na carreira as aldeias onde os lavradores recolhidos não adormeceram ainda. Apaga todas as luzes, passa como uma flecha, e as matilhas de cães, ladrando, perseguem-no até longe das casas... Quem ferir o lobisomem, quebra-lhe o fado; outro modo herdará a triste sorte (Sistema dos Mitos, 294-295). Esses elementos criaram o lobisomem, o lubisome, no Brasil. Há modificações regionais. A licantropia se determina pelo incesto ou moléstia, hopoemia. Na noite de quinta-feira para sexta-feira o candidato se despe, e espoja-se numa encruzilhada onde os animais façam comumente a espojadura. Transforma-se em um bicho grande, bezerro de alto porte, com imensas orelhas, cujo rumor é característico. Procura sangrar crianças, animais novos e, faltando esses, a quem encontrar, antes do quebrar da barra, antes que o dia se anuncie. Para desencantá-lo basta o menor ferimento que cause sangue. Ou bala que se unte com cera de vela que ardeu em três missas de domingo ou missa-do-galo, na meia-noite do Natal. Há centenas de depoimentos, afirmando encontros e lutas pessoais com o lobisomem, o mais popular dos animais fabulosos, com a maior área geográfica de influência e crédito tradicional”. No Geografia dos Mitos Brasileiros recenseei depoimentos sobre o mito e suas origens e modificações clássicas. (ed. José Olympio, Rio de Janeiro, 1947); Jaime Griz, O Lobisomem da Porteira Velha, Recife, 1956; Raimundo Nonato, Estórias de Lobisomem, Pongetti, Rio de Janeiro, 1959, registrando casos de tradição oral em Pernambuco e Rio Grande do Norte. Ver Cumacanga, Região Norte. |
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