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Daí,
todas as noites de lua cheia,
ao dormir, sem que ninguém perceba, deixará a pele de seu
corpo na cama onde está dormindo e sairá para aparecer no
Palácio da Mãe do Ouro, lá na gruta, para gozar das
festas e delícias permanentes que alí existem: música,
canto, dança, amor, alegria.
Ao penetrar na gruta seu corpo é coberto por um traje vaporoso, magnífico. Mas, embora os trajes sejam vistosos, ricos, translúcidos, ninguém pode falar com a outra, nem se tocar. Caso tal aconteça, virará carvão. Embora as grutas sejam profundas, onde a luz do sol não penetra, há muita luminosidade que a pedraria preciosa lhe empresta. Parece um dia - dia de luz suave e repousante. Cada salão da gruta é mais bonito do que o outro e cada qual de uma cor. As estalactites têm reflexos ofuscantes e as cores variam a cada instante. As águas do rio que penetram terra adentro cantam uma sinfonia sem fim de uma suavidade ímpar. Somente os gênios das águas podem possuir as mulheres encantadas que vão para a gruta. O leito macio do rio é o leito dessa noite nupcial. Quando o galo canta pela primeira vez, as mulheres encantadas saem da gruta, como se fossem um nevoeiro de nuvens brancas, voltam para suas casas, para retornar à sua pele e continuar a vida normalmente. A Mãe
do Ouro Onde
há fogo, há ouro,
diziam os antigos. A égide das minas, madrinha dos veeiros,
padroeira dos filões, defendendo pepitas e escondendo jazidas,
só podia ter a forma de chama, lume que denunciava o metal
rutilante e a um tempo o custodiava. Seria, inicialmente, apenas um
clarão seguido pelos trovões. O relâmpago dizia a
direção da Mãe de Ouro e os trovões a sua
cólera.
É um mito do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, São Paulo e provavelmente migrou para a região Centro-Oeste nos últimos anos do século XVII e os primeiros do século XVIII, junto com os povoadores atraídos pela descoberta do ouro na região. Os elementos povoadores levaram suas crendices e estas floresceram no esquecimento da primitivas e locais, região densamente povoada pelos indígenas Gês, Caiapós, Xavantes, Xicriabás. A Mãe do Ouro nos parece vindo do sul para leste, entrando pelo Rio Grande do Sul, nas missões, com indígenas guaranis. A Mãe de Ouro viajou, de cerro em cerro, com um séquito de tempestade, para as terras onde os homens extraíam o metal dourado. No Paraná se fixa antropomorficamente. É uma mulher sem cabeça. Em Minas surge sua forma como uma serpente. É sua desaparição na cobra de fogo, o fogo punidor dos destruidores de pradarias, registrados pelo padre Anchieta no século XVI. A literatura da Mãe do Ouro sempre nos veio das bandas do Plata, evocadas pelos jesuítas das reduções. Deve haver no folclore árabe qualquer fio que articule o mito, pela Espanha, com os árabes. Assim ainda o Rio Grande do Sul guarda os Zaoris, as furnas encantadas, as bolsas inesgotáveis, todos os elementos do fabulário oriental. |
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