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Famaliá

Famaliá

Famaliá nos sertões mineiros é o mesmo diabinho familiar que as crônicas de Portugal nos contam e que São Cipriano ensinava como fazê-lo com os olhos de um gato preto colocados dentro de um ovo de galinha preta e posto para chocar na esterqueira. Há também umas palavras dirigidas a Lúcifer para sua obtenção. Em 1591, já era assinalada sua presença na Bahia. O nome, na mudança para o interior e na viagem através do tempo, deixou de ser Familiar, para ser Famaliá.

- Você viu aquela garrafa preta guardada no oratório?
- Não. Estava tão escuro que foi difícil distinguir o que estava dentro dela. Ainda bem. Acho que ela foi escondida pelo seu dono.
- Ali é que o fazendeiro guarda o seu Famaliá.
- Famaliá? Mas o que vem a ser isso?
- Você não usa um pé de coelho para dar sorte? Não tem em casa uma ferradura atrás da porta? Estou vendo pendurada nessa corrente uma figa. Para que essa figa?
- Para afastar os maus olhados, para dar sorte.
- Cada qual com seu amuleto. Pois o Famaliá também é para ajudar, para se conseguir riqueza, enfim tudo o que se queira. Mas, há condições...
- Como posso conseguir um Famaliá?
- Bem, posso contar, mas é difícil para se conseguir. Aqui no vale do Alto São Francisco – contou o compadre Saul Martins – são poucos os possuidores, mas conseguem, depois de muita luta e perseverança, o seu Famaliá. A demora para se conseguir às vezes é de anos. Quem deseja ter o seu Famaliá deve procurar nos galinheiros um ovo de galo.
- Mas é por isso que é difícil. O ovo de galo é pequenino, do tamanho de ovo de uma pomba juriti. 
- É bem pequeno e precisa tomar todo o cuidado quando encontrá-lo. Leva-se para casa e espera-se a quaresma chegar. Na primeira sexta-feira da quaresma, vai-se a uma encruzilhada de caminhos. É bom que não haja luz por perto. À noite, quando vai adiantada, nas horas mortas, quando bater a viração, coloque cuidadosamente o ovo debaixo do braço esquerdo, na axila. Já pode ir para casa deitar-se porque uma febre ataca. A febre ajuda a chocar o ovo. Fique deitado durante quarenta dias, pois à meia-noite, no final da quaresma, o oco picará. Mas não espere que venha um pinto, o que vem é um diabinho de mais ou menos um palmo de tamanho. Cuidadosamente mete-se o diabinho numa garrafa preta, arrolha-se bem e guarda-se em segredo, de preferência num oratório velho e que ninguém bula a não ser o dono da casa, o fazendeiro que o chocou.
- E o que faz o Famaliá?
- Bem, faz tudo o que se quer: ele traz riquezas, boa situação social. O seu dono coloca-o na palma da mão e lhe faz o pedido. Imediatamente é atendido. Depois guarda-o arrolhando bem a garrafa preta.
- E traz é felicidade?
- Bem, esse é outro problema. Será que dinheiro, posição social, êxito é felicidade?
- O que não se deve esquecer, e ia me esquecendo, é que para se obter um Famaliá, faz-se um pacto com o diabo.
- Então nesse caso o diabo sempre ganha...- Você viu aquela garrafa preta guardada no oratório?
- Não. Estava tão escuro que foi difícil distinguir o que estava dentro dela. Ainda bem. Acho que ela foi escondida pelo seu dono.
- Ali é que o fazendeiro guarda o seu Famaliá.
- Famaliá? Mas o que vem a ser isso?
- Você não usa um pé de coelho para dar sorte? Não tem em casa uma ferradura atrás da porta? Estou vendo pendurada nessa corrente uma figa. Para que essa figa?
- Para afastar os maus olhados, para dar sorte.
- Cada qual com seu amuleto. Pois o Famaliá também é para ajudar, para se conseguir riqueza, enfim tudo o que se queira. Mas, há condições...
- Como posso conseguir um Famaliá?
- Bem, posso contar, mas é difícil para se conseguir. Aqui no vale do Alto São Francisco – contou o compadre Saul Martins – são poucos os possuidores, mas conseguem, depois de muita luta e perseverança, o seu Famaliá. A demora para se conseguir às vezes é de anos. Quem deseja ter o seu Famaliá deve procurar nos galinheiros um ovo de galo.
- Mas é por isso que é difícil. O ovo de galo é pequenino, do tamanho de ovo de uma pomba juriti. 
- É bem pequeno e precisa tomar todo o cuidado quando encontrá-lo. Leva-se para casa e espera-se a quaresma chegar. Na primeira sexta-feira da quaresma, vai-se a uma encruzilhada de caminhos. É bom que não haja luz por perto. À noite, quando vai adiantada, nas horas mortas, quando bater a viração, coloque cuidadosamente o ovo debaixo do braço esquerdo, na axila. Já pode ir para casa deitar-se porque uma febre ataca. A febre ajuda a chocar o ovo. Fique deitado durante quarenta dias, pois à meia-noite, no final da quaresma, o oco picará. Mas não espere que venha um pinto, o que vem é um diabinho de mais ou menos um palmo de tamanho. Cuidadosamente mete-se o diabinho numa garrafa preta, arrolha-se bem e guarda-se em segredo, de preferência num oratório velho e que ninguém bula a não ser o dono da casa, o fazendeiro que o chocou.
- E o que faz o Famaliá?
- Bem, faz tudo o que se quer: ele traz riquezas, boa situação social. O seu dono coloca-o na palma da mão e lhe faz o pedido. Imediatamente é atendido. Depois guarda-o arrolhando bem a garrafa preta.
- E traz é felicidade?
- Bem, esse é outro problema. Será que dinheiro, posição social, êxito é felicidade?
- O que não se deve esquecer, e ia me esquecendo, é que para se obter um Famaliá, faz-se um pacto com o diabo.
- Então nesse caso o diabo sempre ganha.

Fonte : BRASIL, histórias, costumes e lendas - São Paulo: Editora Três Ltda., s/data
Ilustração: José Lanzellotti


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