Roda-Pagode
Atividade lúdica dos adultos do Baixo São Francisco por
ocasião das festas de plenitude ou principalmente na pequena vacância
agrícola de inverno, por ocasião das festanças do
ciclo junino.
Em torno das fogueiras, grupos alegres de adultos de ambos os sexos,
de mãos dadas, cantam, saltam-nas, deixam uma fogueira, passam para
outra, misturam-se os grupos. Estes vão se avolumando até
reunirem-se todos ao redor de uma grande fogueira numa praça publica,
o quadro. Ali todos cantam e a roda-pagode alagoana pões no corpo
da gente uma vontade insopitável de dançar, de bailar, pois
seu ritmo é convidativo. Ela congraça os membros adultos
da comunidade, caem as barreiras sociais, pobres e ricos, moradores das
casas de tijolos e das choupanas de palha, de mãos dadas, alegres,
cantam esquecendo-se das tricas políticas, das desditas, das mágoas,
das rixas e intrigas familiares, do bate-boca de comadres, dos
desníveis
sociais: ali todos pertencem à grande família alagoana –
uma, alegre e feliz.
As cantigas são tradicionais e traduzem em seus versos fatos
e coisas do habitat do ripícola são-franciscano, mas a roda-pagode
dá-lhes uma vida nova – a comunicabilidade, alegria congraçadora
que eclode pela passagem do ano cósmico na grande festa do solstício
do inverno coincidindo principalmente com a festa junina, à noite
de 23 para 24 de junho de todos os anos, noite em que São João
Batista está dormindo.
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Eu
namorei
Eu namorei, Braz,
foi com você, Braz,
eu namorei
pra fazê medo
pra Luiza.
La vai a garça voando
dos encontros vai
fugindo,
é sinal de quem qué
bem
passa por outro sorrindo.
Coqueiro
do Rosário
tem a palha verde-escura,
moreninho êsse teus olhos
são a minha sepultura.
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