Luís da Câmara
Cascudo
Folclorista e escritor, nasceu em 1898
e faleceu em 1986, em Natal, RN.
Iniciou sua carreira no jornal de seu pai, com
artigos, crônicas e críticas. Em 1928 formou-se na Faculdade
de Direito de Recife (PE) e, retornando a Natal, cidade da qual tornou-se
o mais fiel historiador (História da cidade de Natal, 1947),
produziu uma obra fundamental para os estudos etnográficos e antropológicos
no Brasil.
Dedicou-se particularmente ao folclore, disciplina
que, na sua visão, “deve estudar todas as manifestações
tradicionais na vida coletiva”. Entre os mais de 100 títulos de
sua autoria, destacam-se: Vaqueiros e cantadores, 1939; Antologia
do folclore brasileiro, 1944; Geografia dos mitos brasileiros,
1947; Geografia do Brasil holandês, 1949; Literatura oral,
1952; Dicionário do folclore brasileiro, 1954; Superstições
e costumes, 1958; História da alimentação no
Brasil, 2 volumes, 1967 e 1968; Locuções tradicionais
do Brasil, 1970.
Sua obra foi levantada criticamente por Zila
Mamede (Luís da Câmara Cascudo: 50 anos de vida intelectual,
1918-1968, 1970).
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Alceu Maynard Araújo
Folclorista, nasceu em Piracicaba, SP,
1913 e faleceu na capital de São Paulo em 1974.
Colaborou na imprensa, escrevendo sobre usos
e costumes brasileiros. Publicou, entre outras obras, Cururu (1948),
Danças
e ritos populares de Taubaté (1948), Escorço do folclore de uma comunidade (1956)
e Folclore Nacional
(3 volumes, 1964).
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Darcy Ribeiro
Antropólogo, ensaísta,
romancista e político. Darcy Ribeiro nasceu em Monte Claros, MG,
a 26 de janeiro de 1922. Completou o curso superior na Escola de Sociologia
e Política de São paulo, no ano de 1946. Trabalhou como etnólogo
no Serviço de Proteção ao Índio, e, em 1953,
fundou o Museu do Índio. Foi professor de etnologia e lingüística
tupi na Faculdade Nacional de Filosofia e dirigiu setores de pesquisas
sociais do Centro de Pesquisas Educacionais e da Campanha Nacional de Erradicação
do Analfabetismo, além de ocupar, no biênio 1959/1961, o cargo
de presidente da Associação Brasileira de Antropologia.
Seus primeiros livros voltam-se para a abordagem
de aspectos da cultura indígena, com pesquisas de campo entre os
carajás, cadiuéus, bororos, terenas, cainganges, camaiurás,
urubus-caapor, etc. Em 1950, recebe o prêmio Fábio Prado com
o estudo "Religião e mitologia cadiuéu". A esse trabalho,
seguem-se "Línguas e culturas indígenas do Brasil"
(1957), "Arte plumária dos índios caapor" (1957, em
colaboração com sua mulher, Berta Ribeiro), "A política
indigenista brasileira" (1962).
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Em 1961, torna-se ministro da Educação
e Cultura do governo João Goulart. Um dos criadores da Universidade
Nacional de Brasília e seu primeiro reitor (1962/1963), exerceu
a chefia da Casa Civil da presidência da República entre 1963
e 1964, quando teve seus direitos cassados pelo regime militar. Por essa
época, refugiou-se no Uruguai e viveu no exilío durante mais
de dez anos. Ocupa a cadeira de antropologia da Universidade de Montevidéu
e é condecorado com o título de doutor honoris causa.
Ensina também em Santiago do Chile e, mais tarde, coordena as universidades
da Venezuela e de Argel. Em 1982, é eleito vice-governador do Estado
do Rio de Janeiro (na gestão de Leonel Brizola 1983-1987), cargo
que acumula com o de secretário da Educação e Cultura.
Em 1987, foi secretário extraordinário de Desenvolvimento
Social do Governo de Minas Gerais, cargo a que renunciou no mês de
setembro do mesmo ano.
A sua produção antropológica
distingue-se pelo enfoque inovador e pela visão crítica dos
nossos problemas sociais e culturais. Esse é o caso de "O processo
civilizatório" (1968), "As Américas e a civilização"
(1970), "Teoria do Brasil" (1972) e também da sua abordagem
da questão universitária em "A universidade necessária"
(1970). Em 1977, estréia como romancista. "Maíra"
conquista a admiração entusiasmada da crítica, com
sua angulação poética e realista do universo indígena.
"O Mulo" (romance de 1981) desvenda com toda a crueza e brutalidade
da classe dominante na zona rural brasileira. "Utopia selvagem" (1982),
"Migo" (1988) e em 1995 "O povo brasileiro: A formação e
o sentido do Brasil".
Darcy Ribeiro faleceu em 17 de fevereiro de 1997.
No seu último ano de vida, dedicou-se especialmente a organizar
a Universidade Aberta do Brasil, com cursos de educação a
distância, para funcionar a partir de 1997, e a Escola Normal Superior,
para a formação de professores de 1º grau. Organizou
a Fundação Darcy Ribeiro, instituída por ele em janeiro
de 1996, com sede própria, localizada em sua antiga residência
em Copacabana, com o objetivo de manter sua obra viva e elaborar projetos
nas áreas educacional e cultural. Um de seus últimos projetos
lançado publicamente, foi o Projeto Caboclo, destinado ao povo da
floresta amazônica.
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Nilza B. Megale
Historiadora, museóloga e folclorista,
formada em museologia pelo Curso de Museus do Rio de Janeiro, trabalhou
no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro e no Museu Imperial
de Petrópolis.
Além de palestras e artigos publicados
sobre folclore em jornais, revistas e livros, como Invocações
da Virgem Maria no Brasil e Memórias Históricas de
Poços de Caldas, fez curso de aperfeiçoamento nesta matéria
com a professora Maria de Lourdes Borges Ribeiro, na Faculdade de Filosofia
de Poços de Caldas, em outubro de 1976.
Diretora de Museologia do Museu Histórico
e Geográfico de Poços de Caldas, leciona História
da Arte e Folclore no Conservatório Musical desta cidade desde 1967.
Autora dos livros Folclore Brasileiro e Santos do Povo Brasileiro.
É membro da Associação Sul-Mineira
de Imprensa e da Academia Poços-Caldense de Letras.
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Monteiro Lobato
Monteiro Lobato (José Bento),
escritor brasileiro (Taubaté SP 1882 - São Paulo SP 1948).
Em 1918 editou seu primeiro livro de contos,
Urupês,
com grande sucesso, e principiou sua atividade editorial fundando
primeiro a empresa Monteiro Lobato & Cia., depois Companhia Gráfica-Editora
Monteiro Lobato. Estreou em 1921 na literatura infantil com A menina
do narizinho arrebitado (refundido depois como Reinações
de Narizinho). Escreveu a seguir O Saci, O Marquês
de Rabicó, Fábulas e Jeca Tatuzinho, com
milhões de exemplares vendidos. Em 1924, a editora faliu. Posteriormente,
com a venda de uma casa de loterias de que era sócio, arrematou
o espólio da massa falida de sua própria editora, criando
a Companhia Editora Nacional. No Rio de janeiro, escreveu para O Jornal
os "Diálogos de Mr. Slang" e para A Manhã um romance
em folhetins, O choque das raças ou O presidente negro.
Adido comercial do Brasil em Nova York, mostrou-se empolgado com
o progresso dos EUA, publicando em 1930 o livro América.
Em 1931, preocupado com o problema do petróleo, voltou ao Brasil,
fundando a Companhia Petróleo do Brasil. Em 1933 chegou a extrair
petróleo do seu poço em Araquá (BA) e no ano seguinte
percorreu o Brasil, numa espécie de pregação cívica
e econômica, em que denunciava manobras dos trustes petrolíferos.
Em 1936, expôs em O escândalo do petróleo todas
as suas idéias sobre o tema e traduziu e publicou A luta pelo
petróleo, de Essad Bey. Em 1935, com as finanças novamente
abaladas, voltou a escrever e traduzir.
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Publicou então Contos
leves, Contos pesados, Geografia de Dona Benta, História
das invenções, Memórias de Emília.
Em 1937 publicou Serões de Dona Benta, Histórias
de Tia Anastácia, O poço do Visconde e, em 1939,
O
minotauro, O Pica-Pau Amarelo além de contos. Em março
de 1941, em pleno Estado Novo, esteve preso por haver endereçado
a Getúlio Vargas uma carta de crítica à política
brasileira de petróleo. Em 1946, fez a revisão das sua Obras
completas, publicadas pela Editora Brasiliense em 13 volumes: Urupês
(1918), Cidades mortas (1919), Idéias de Jeca Tatu
(1919), Negrinha (1920), A onda verde (1921), Mundo da
lua (1923), O macaco que se fez homem (1923), O choque das
raças ou O presidente negro (1926), Mr. Slang e o
Brasil (1929), Ferro (1931), América (1932), Na
antevéspera (1933), O escândalo do petróleo
(1936), além de Miscelânea, Prefácios e entrevistas,
e um volume de correspondência, A barca de Gleyre. Além
da literatura infantil de sua autoria, merece menção o notável
trabalho de tradução e adaptação para crianças
de clássicos como Dom Quixote, Gulliver, Robinson
Crusoé e outros.
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Felícitas
Felícitas, de cabelos loiros e gestos
longos é como a chamei sempre. Como todos a conhecem. Nunca
vi publicado nem ouvi pronunciado seu sobrenome. Será que o tem?
Porque mais parece de outro mundo, sem ligações de família.
Sei que passou a meninice em Niterói.
"Mandavam-me para o colégio,” - confessou-me um dia – “e eu faltava
as aulas. Ia lá para as bandas do Saco de São Francisco visitar
o feiticeiro Omar, que me ensinava as danças e as cantigas dos santos
do Candomblé".
Com as crianças da rua em que residia
criou sua primeira companhia de ballet. Tinha um pouco mais de nove anos
quando com quinze personagens dançou "Sonata ao Luar", de Beethoven,
no palco do Cinema Odeon. Maria Olenewa estava na platéia. Ficou
impressionada com a dançarina- mirim, com a coreógrafa de
meio-palmo de altura. Convidou-a para entrar no Corpo de Baile do Municipal.
Pouco tempo depois a glória ambulante que era Ana Pavlova assistia
a uma das aulas de Olenewa. Notou particularmente a menina de cabelos louros
e gestos longos. Chamou-a. E pelo que presenciara, augurou-lhe um
grande futuro como bailarina. Esse elogio criou asas. Voou até Buenos
Aires. O "maítre" de Ballet do Teatro Colon a convidou para ser
a segunda solista de seu famoso conjunto. Felícitas recusou o convite,
porque seu pai se opunha a seu destino integrado na dança.
Deu para estudar pintura e escultura, artes indispensáveis
à sua formação como coreógrafa.
Mais tarde, não podendo fugir à
sua vocação, criou em 1948 o "1º Ballet Folclórico
do Brasil", composto de negros que ao som de tambores contavam dançando
as lendas colhidas por Felícitas na sua longa viagem de sete anos
através do Brasil.
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Felícitas viveu vários anos entre os indígenas.
Na foto, ela e um xavante
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Esse Ballet lhe deu a fama que desde então
a acompanha como sua própria sombra. Chegaram-lhe contratos para
coreografias em filmes e no teatro. Aceitou muitos, emprestando a todos
a riqueza de sua imaginação e da sua sensibilidade amadurecida
entre homens íntimos de florestas, ágeis como as feras que
perseguem e flexíveis como as asas que as vezes como que fazem um
toldo colorido sobre os barcos que conduzem nos caminhos dos grandes rios.
Em 1957 Felícitas surgiu em Paris. Dançou
no Teatro Isadora Duncan, motivos brasileiros. Bisaram-na sete vezes.
Era a revelação alada de um mundo estranho e longínquo.
Poderia permanecer na Europa, jornadear pela América, aceitando
os contratos que lhe foram oferecidos. Preferiu, porém, voltar para
escrever este livro sem pretensões etnológicas. É
o resumo de sua vida inteira dedicada a pesquisas e lendas brasileiras.
A bailarina de cabelos louros e gestos longos nunca andou atrás
do êxito, da glória. Mas sonhou sempre, iluminada de lirismo,
doar, como um presente de valor inestimável, as jóias coreográficas
e cenográficas com que escreveu este livro de beleza invulgar.
Texto de Paschoal Carlos Magno
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Ester Marques
Francisca Ester de Sá Marques,
conhecida como Ester Marques é formada em jornalismo pela Universidade
Federal do Maranhão, com mestrado em Comunicação e
Cultura, pela Universidade de Brasília/UnB e doutorado (em redação
de tese), na Universidade Nova de Lisboa/Portugal. Trabalhou como jornalista
nos jornais O Imparcial e O Estado do Maranhão, em
São Luís e no Correio Brasiliense, em Brasília,
além de ter feito trabalhos alternativos para a Revista Veja/Brasília.
Também faz consultoria/assessoria de comunicação
para empresas, sindicatos, instituições públicas,
ONG's etc. (relatórios, análises qualitativas, house-organs
etc).
Participou durante 16 anos como brincante no
Bumba-meu-boi de Morros (sotaque orquestra), fez dança e teatro
durante alguns anos e ultimamente tem feito produções culturais
na área da cultura popular com sua mãe que é uma folclorista
muito conhecida na região (Lili Sá). Produz textos na área
da cultura popular, principalmente sobre metodologias e teorias culturais,
voltadas para a área de comunicação.
Em 1999 publica Mídia e experiência
estética na cultura popular: o caso do bumba-meu-boi.
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Sílvio Romero
Sílvio Vasconcelos da Silveira
Ramos Romero, pensador, crítico, ensaísta e primeiro
historiador sistemático da literatura brasileira (Lagarto SE
1851 – Rio de Janeiro RJ 1914).
Em 1880 com a tese Interpretação
filosófica dos fatos históricos, obteve a cátedra
de Filosofia do Colégio Pedro II. Já publicara então
quatro volumes: Poesia Contemporânea (1869). Tomou
atitude contrária a José Veríssimo, Machado de
Assis e Castro Alves, e considerou Tobias Barreto como o maior poeta
e pensador de seu tempo. Membro fundador da Academia Brasileira de
Letras, ocupou a cadeira nº 17.
Foi notável a sua contribuição
no campo da historiografia literária, que a partir dela passou
a utilizar novos métodos de análise crítica com
base sobretudo no levantamento sociológico. Em Recife, ao lado
de Tobias Barreto, expressou a ânsia de renovação
que acompanhou a ascensão do positivismo. Membro da chamada
Escola de Recife, pretendeu com sua obra um superação
do ecletismo e do positivismo: inspirando-se sobretudo em Kant e no
evolucionismo spenceriano, deu origem a um culturalismo sociológico.
Sua obra, além dos títulos
citados, inclui: Introdução à História
da Literatura Brasileira (1882), Contos populares do Brasil
(1883), Ensaios de crítica parlamentar (1883), Últimos
arpejos (poesia, 1883), Valentim Magalhães (1884),
Estudos de Literatura Contemporânea (1885), História
da Literatura Brasileira (1888 2 vols.), Estudos sobre a
poesia popular no Brasil (1888), Etnografia brasileira
(1888), Luís Murat (1893), Doutrina contra doutrina
– o evolucionismo e o positivismo no Brasil (ensaio filosófico,
1894), Ensaios de filosofia do direito (1895), Machado de
Assis (1897), Ensaios de sociologia e literatura (1901),
Evolução do lirismo brasileiro (1905), A
América Latina (1906), Zéverissimações
ineptas da crítica (1909), Minhas contradições
(1914) e outros.
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Os irmãos Grimm
Jacob Grimm, linguísta e
escritor alemão (Hanau 1785 – Berlim 1863). Membro da Academia de Ciências de
Berlim em 1841, foi o fundador da filologia alemã, reunindo ao
lado de seu irmão Wilhelm (Hanau 1786 – Berlim 1859),
antigos textos germânicos. Juntos publicaram Sobre a epopéia
heróica antiga alemã (1811), Contos de fadas
(1812), Lendas alemãs (1816-1818), uma História
da língua alemã (1848) e um Dicionário da
língua alemã (1854-1862, publicação
concluída em 1961).
Os irmãos Grimm empreenderam uma
pesquisa que tinha, em princípio, dois objetivos principais: o
levantamento dos elementos linguísticos para fundamentação
do estudo da língua alemã, do ponto de vista
filológico, e a fixação dos textos do folclore
literário germânico como expressão do povo. Para
isso, percorreram as mais longínquas regiões de sua
terra, registrando as narrativas orais que transitavam entre as
camadas pobres da população, tendo nos habitantes
locais informantes indispensáveis.
A influência da literatura
francesa da época no trabalho final dos autores alemães
não se comprova. No entanto, supõe-se que os onze
volumes da Biblioteca Azul de Frieddrich Johan Justin Bertuch, a mais
importante coleção de traduções dos
contos franceses daquele tempo, estivessem à disposição
dos irmãos Grimm, da mesma forma que as narrativas dos jovens
Hassenpflug trouxessem muitas referências do folclore francês.
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Charles Perrault
Escritor francês
(Paris 1628 – id. 1703). Controlador-geral da Superintendência
das Construções, entrou para a Academia Francesa
(1671), onde retomou a querela dos Antigos e dos Modernos em o Século
de Luís, o Grande. Envolvido em longa polêmica,
particularmente com Boileau, publicou Parallèles des
Anciens et des modernes (1688-1698), onde considerava os
clássicos modernos superiores aos antigos. Autor de Os
homens ilustres que apareceram na França no século
XVII (1697-1701), tornou-se célebre, porém, com os
contos que recolheu para divertir as crianças. As Histórias
e contos do passado, publicados com título de Contos da
mamãe gansa (1697), no qual figuram, entre outros,
Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, Gato de botas e
Barba Azul.
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Jean de La Fontaine
La Fontaine (Jean de), poeta francês
(Château-Thierry 1621 – Paris 1695). Obteve, graças a
seu poema Adonis, uma pensão de Fouquet. Escreveu
baladas e madrigais e revelou coragem ao defender seu protetor, que
caíra em desgraça, em Elegia às ninfas de
Vaux (1661). Encontrou um novo protetor em Madame de Orléans,
viúva de Gaston d'Orléons, e iniciou a publicação
de seus Contos e novelas em versos (1665) e as célebres
Fábulas que apareceram em 1668 e 1694; em 1669,
apresentou ao rei seus Amores de Psiquê e Cupido, e se
tornou, em 1672, protegido de Madame de La Sablière. Entrou
para a Academia Francesa em 1684 e tomou partido, em Épitre
à Huet (1687), dos Antigos contra os Modernos. Com a morte
de Madame de La Sablière (1693), encontrou seu último
abrigo entre os banqueiros de Hervart. Sensual e amante das castas
poesias pastoris, volúvel e admirador da fidelidade, cortesão
mas amante da simplicidade, sua vida é a própria imagem
de sua obra, que une em perfeita harmonia a arte e a natureza.
Representou o apogeu do lirismo francês, onde o amor e a
felicidade encontraram lugar num mundo bem ordenado. Suas obras foram
ilustradas principalmente por Oudry, Eisen, Fragonard, Grandville,
Doré e Chagall.
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Esopo
Várias lendas nos falam de um
escravo chamado Esopo, que viveu mais ou menos de 620 a 560 a.C.:
diz-se que foi comprado e vendido muitas vezes, talvez devido à
sua estranha aparência. Imagina-se que ele era corcunda, tinha
o nariz chato, lábios muito grossos e a cabeça
deformada; também era anormalmente moreno. As lendas fazem
crer que ele sofria de um defeito na fala, o que devia incomodá-lo
quando contava histórias, mas não lhe afetava a
agilidade mental.
As experiências e as viagens de
Esopo deram-lhe um conhecimento e uma sabedoria superiores aos de
seus companheiros. Talvez por causa de suas deficiências, ou
apesar delas, ele possuía uma profunda compreensão da
humanidade e de todas as suas fraquezas, o que se reflete nas
fábulas. Adaptou para o comportamento dos animais aquilo que
percebia, sabendo que dessa maneira seria mais fácil as
pessoas aceitarem e entenderem a verdade dos seus julgamentos
simples.
Foi o fato de Esopo julgar as pessoas
que, dizem as lendas, acarretou sua morte. Ele viajou para a ilha de
Delfos e declarou que, de longe, ela parecia “feita de um material
pujante”, mas de perto revelava-se “um monte de ervas daninhas e
lixo”. Seus comentários irritaram a tal ponto os habitantes
da ilha, que estes se enfureceram: agarraram-no, atiraram-no de um
alto rochedo, e ele morreu.
É possível que em todas
as lendas a respeito de Esopo a verdade se tenha misturado com
rumores, de modo que não se sabe com exatidão o que foi
que ele escreveu ou não. Seja como for, seu nome e seus feitos
transformaram-se em folclore, e o resultado disso foi que muitas
fábulas, que talvez não tenha sido escritas por ele, a
ele acabaram sendo atribuídas.
Extraído do texto de Robert
Mathias in Fábulas de Esopo. São Paulo: Circulo
do Livro, sem data.
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