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Engenho de Cana-de-açúcar O primeiro engenho
construído no Brasil é devido às ordens de Martim Afonso de Sousa
(1533) na capitania de São Vicente. Chamou-se engenho São Jorge. Mais
tarde, adquirido pelo alemão Erasmo Esquert, passou a ser
conhecido como S. Jorge dos Erasmos. Em 1535, próximo de Olinda
(Pernambuco) era construído outro importante engenho, chamado Nossa
Senhora da Ajuda ou Engenho Velho, de propriedade de Jerônimo de
Albuquerque. |
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Pero
de Magalhães
Gandavo, escrevendo possivelmente na sexta década do século XVI,
nos relaciona os engenhos por esta época existentes no Brasil: ltamaracá
- um engenho
e dois em construção Gandavo fornece assim um total de 62 engenhos de açúcar, sendo cinco ou seis em construção. |
![]() Engenho de cana - Ilustração de Henry Koster |
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Havia os engenhos "trapiches”, movidos por tração animal (bois ou cavalos); outros, denominados “engenhos reais", eram movimentados por força hidráulica; dividiam-se em "copeiros", "meio-copeiros" e "rasteiros", conforme a altura da queda d’água. Deve-se ressaltar que os engenhos reais eram bem mais produtivos do que os "trapiches", embora, em épocas de seca duradoura, se mostrassem menos eficientes. Os "trapiches" eram movidos por sessenta bois, dispostos em turmas de doze, que faziam revezamento, trabalhando um total de quinze a dezesseis horas em vinte e quatro. Ambrósio Fernandes Brandão, autor dos "Diálogos das Grandezas do Brasil" (1618), afirma-nos que um bom engenho devia contar, no mínimo, com cinqüenta escravos, quinze juntas de bois, além de muita lenha e dinheiro. O engenho constituía um organismo completo e que, tanto quanto possível, se bastava a si mesmo. Tinha capela, onde se rezavam as missas. Tinha escola de primeiras letras, onde o padre mestre ensinava meninos. A alimentação diária dos moradores e aquela com que se recebiam os hóspedes frequentemente agasalhados, procediam das plantações, das criações, da caça, da pesca, proporcionadas pelo próprio lugar. Também no lugar montavam-se as serrarias de onde saíam acabados o mobiliário, os apetrechos do engenho, além da madeira para as casas; a obra dessas serrarias chamou a atenção do viajante Tollenare pela sua execução perfeita. A "casa do engenho" possuía toda a maquinaria e instalações fundamentais para a obtenção do açúcar. Primeiramente, tínhamos a moenda, onde era amassada a cana para extrair a "garapa". Em seguida, a caldeira, necessária ao fornecimento do calor para apurar a "garapa"; depois, no tendal das forças, o açúcar era condensado e, finalmente, na casa de purgar, completava-se sua "branqueação". Guardado em caixas de até 50 arrobas (cerca de 750 kg) ia então enviado para o reino. |
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Um engenho tinha uma produção que oscilava entre três mil e dez mil arrobas anuais. A exportação pernambucana do produto - calculava o Padre Fernão Cardim - era de perto de duzentas mil arrobas anuais, no final do século XVI. Muitas vezes, ligadas ao engenho produtor de açúcar, havia as destilarias de aguardente, funcionando como atividade subsidiária. De outro lado deve-se citar a existência de engenhos exclusivamente produtores da cachaça, denominados "engenhosas" ou "molinetes". Servia a aguardente como elemento de troca no escambo de escravos, sendo assim de uma importância econômica relativamente grande. A Fábrica de Açúcar No
picadeiro depositam-se as canas vindas do campo e destinadas à moagem.
Dali são conduzidas para um estrado ao lado das moendas pelos
tombadores, e na moendas colocadas pelo moendeiro. Veja também : Fábrica de Rapadura |
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Vocabulário:
Calafate: indivíduo cujo ofício é calafetar. Carapinas: carpinteiros com especialização de trabalho nos engenhos. Havia os de moenda, os de obra branca e de barcos. Obra branca: trabalho manual tanto em madeira como em algumas formas de reparo. Oleiros: aqueles que trabalham em olaria (fábrica de produtos de cerâmica, barro). Banqueiro: oficial encarregado da casa das caldeiras à noite, em substituição ao mestre: “e, ao chegar a noite, entra a fazer o mesmo o banqueiro, que é como o contra-mestre desta casa”. Auxiliava-o o ajuda-banqueiro. Antonil fala ainda do contra-banqueiro. A rigor o banqueiro era o soto-mestre. Purgador: oficial do engenho encarregado de superintender os trabalhos na casa de purgar. Era trabalhador livre e assalariado. Purgar o açúcar, isto é, fazê-lo ficar branco e acabado. Feitor: trabalhador livre e assalariado dos engenhos. Havia deles três tipos: o feitor-mor, para “governar a gente e reparti-la a seu tempo, como é bem, para o serviço”, que era o superintendente geral; o feitor de moenda, que fiscalizava o trabalho da moenda, e o feitor de partido ou de fazendas, que fiscalizava o trabalho da lavoura e corte da cana. Soldada: quantia com que se paga o trabalho de criados, operários, etc. Tanoeiro: aquele que faz e/ou conserta pipas, cubas, barris, dornas, tinas, etc. |
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