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A partir de 1816,
colonos alemães fizeram plantações de Theobroma cacao, nos municípios
de Ilhéus e Canavieiras, espraiando-se a cultura pelos largos vales dos
rios e ao longo do litoral. O fato é que o tropical cacaueiro deu-se às
maravilhas no sul baiano e VON MARTIUS,
quando por aí passou em 1819, salientou a pronta adaptação dessa árvore
às condições locais. Nessas tentativas está a origem da atual cultura e
indústria baiana do cacau.
As condições ecológicas para a vida útil de um cacaual são unidade e temperatura elevadas, mas não excessivas, e sombra; terrenos de solo profundo, possuindo 1 a 2% de cal e 0,25% de ácido fosfórico e bastante humo. No Brasil, a temperatura exigida pelo cacaueiro, oscila de 24° a 28°C para a média anual, sendo de 18° a 20°C a média das mínimas. A umidade decorrente da proximidade dos rios não basta; ela deve ser assegurada por uma altura pluviométrica anual situada acima de 1600 milímetros e inferior a 1800 com uma distribuição anual regular, o que torna a condição umidade um tanto rígida e permite concluir-se que o cacaueiro se desenvolve bem em regiões onde não haja diferenciação sazonal. Como a temperatura e a umidade são influenciadas pela altitude, temos a considerar ainda esse terceiro fato, e realmente essa árvore prefere as terras baixas das várzeas. A exigência de uma temperatura média anual não inferior a 24°C nem superior a 28°C; o requisito de uma pluviosidade entre 1600 e 1800 milímetros; a necessidade de sombreamento (céu encoberto ou anteparo florestal); a pequena altitude; a condição de solo humoso e profundo, fazem com que a cultura do cacau se localize, de preferência, no Brasil de clima tropical super-úmido (Amazônia) e úmido (litoral baiano e espírito-santense, do recôncavo ao baixo rio Doce). O solo profundo e humoso e a necessidade de sombra situam esta cultura nas terras de várzea e nas regiões florestais: e a altitude limita, sem rigidez, a existência produtiva de um cacaual às cotas de 100 ou 200 metros. Na Bahia - o maior centro cacaueiro nas Américas - é comum ver-se os cacaueiros subirem os vales dos rios, tanto em função da umidade das terras marginais quanto pela sombra necessária que a floresta próxima fornece, e quanto pela maior fertilidade do solo florestal. Por isso o desenvolvimento da cultura do cacau é de certo modo preservativo da integridade das matas, salvo quando o processo de plantação consiste preliminarmente na derrubada. A importância econômica do cacau data de mais de quatro séculos, pois antes da descoberta das Índias Ocidentais por COLOMBO, já os caroços do fruto eram usados como moeda. Modernamente, o valor do cacau advém da sua qualidade de ótimo alimento dinamogênico e dos produtos que dele se obtêm na indústria, como sejam o chocolate comercial (à base de cacau), a manteiga de cacau, o óleo, o sabão de cacau, um alcalóide - a teobromina - e o vinho de cacau, do qual se obtêm álcool e vinagre. A gravura reproduz o aspecto de um cacaual baiano. Vê-se que a paisagem é de árvores não muito altas, de troncos robustos, ásperos e enverrugados pelos frutos que se lhes prendem pelos pedúnculos. Nota-se ainda que o solo esta acolchoado pelas fôlhas caídas, pois o cacaueiro perde os seus órgãos clorofilados duas vezes ao ano: abril-maio e setembro-outubro. Esta paisagem pode perdurar por muito tempo; é que o ciclo de vida e produção do cacaueiro atinge um século e mais. Na Amazônia e na Bahia encontram-se cacaueiros centenários com produção razoável. O cacau, dado o seu caráter de alimento energétíco, é grandemente consumido nas regiões de clima frio, e daí ser um produto de grande exportação para a Europa e América do Norte. O Brasil ocupa o 2.° lugar na produção e exportação mundial do cacau, apenas superado pela Costa do Ouro. A história do cacau lembra um pouco a do café e a da borracha. Como a do café, a cultura do cacau foi fundamente atingida pela Abolição que marca o declínio dessa cultura na Amazônia, Maranhão e Bahia. Entretanto, houve um reerguimento em favor do cacaueiro e, hoje, à Bahía, correspondem 98% da produção nacional e a produção paraense se distingue pela qualidade. Os estados principais produtores são: Bahia, Pará, Amazonas e Espírito Santo. Analogamente à borracha, o cacau também foi grande riqueza econômica da Amazônia. A Hevea brasiliensis, a Bertholletia excelsa e o Theobroma cacao constituem as três grandes esperanças para o reerguimento econômico do vale amazônico no plano vegetal. |
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