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Carnaubais : Colheita da Carnaúba

Colheita da Carnaúba
Colheita da Carnaúba - Ilustração de Percy Lau
O Brasil tem nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, vastas extensões de terra onde se encontram os maiores carnaubais nativos do país. A carnaubeira (Copernicia cerifera MARTIUS) é uma palmeira que cresce pletoricamente nos tabuleiros e várzeas do Nordeste, constituindo-se, pela conformação do seu porte e pela resistência que oferece às mutações do clima, uma espécie que caracteriza a região. É grande a sua aplicação na indústria, pelo que representa um fator de equilíbrio na balança econômica daqueles estados. A diversidade do seu emprego inclui, entre outros, os seguintes produtos: filmes, tintas e vernizes, materiais isolantes e velas. Sua palha, além de produzir a cera que é parte mais valorizada, fornece também uma fibra muito resistente, da qual se fazem cordas e tranças para a confecção de artefatos tais como: redes, surrões, alpercatas, bolsas, chapéus e esteiras. 
Os troncos e ainda as palhas são muito usados na construção de casas, as quais tem por isso aspecto peculiar que empresta tom local à paisagem.

A carnaubeira tem frutos que se assemelham, em tamanho e forma, a uma azeitona e são de sabor agradável, quando maduros; o caroço, muito duro, uma vez seco é torrado com café para melhor rendimento e gosto deste, segundo opinião dos sertanejos.

Para a extração da cera, a palha é cortada por um caboclo idoso que teve tempo de aprender as manhas do vento. É serviço cheio de perigos ao menor descuido. A copa da carnaubeira é muito alta e, para alcançá-la, tem o caboclo que usar uma pequena foice recurva, engastada na ponta de uma longa vara que mede até sete braças, ou mais, de comprimento. A palha, ao ser degolada, cai verticalmente, exigindo do cortador muita perícia, para não ser atingido por uma verdadeira flecha de espinhos. Sobre o chão, em meio à vegetação de cactáceas, mandacarus e xiquexique, vão se juntando montes e montes de palmas que, aos poucos, são conduzidas para o local de beneficiamento. Ali, em grandes lastros de chão batido, e depois de esfiapadas com pequenas facas são espalhadas para secar ao sol. A reação do calor ficam cobertas de um pó tênue e branco que exige trabalho cuidadoso e demorado para ser extraído. Numa câmara hermeticamente fechada, batem-se de leve uma por uma, deixando cair o pó em alguidares que são levados em seguida ao fogo. Derretida aos 50º de calor, a cera é posta a coagular em formas que variam de tamanho, conforme a conveniência. Este processo é rudimentar e pouco rendoso. No Ceará e no Piauí já existem, entretanto, algumas áreas de carnaubais cultivados racionalmente e com aproveitamento mais compensador em consequência da técnica e aparelhagem modernas nelas utilizadas. Estas facilidades não podem divulgar-se de modo mais amplo, porque a aquisição de máquinas, seu manejo e conservação, exigem do agricultor médio, dispendio financeiro acima das suas possibilidades.

A tarefa de recolher, conduzir e esfiapar as palhas é sempre feita por menores e mulheres. É serviço leve e sem risco, no qual o trabalhador aproveita os filhos mais novos. Como meio de transporte usam jericos pacientes e vagarosos, que ficam coberto pela curiosa carga, em meio da qual emergem as imensas orelhas, e as pernas curtas e finas que mal sustém o corpo. O sol castiga sem clemência as frontes suadas de homens e crianças em plena faina e o "ouro verde" flutua sobre os troncos prateados das carnaubeiras. Diversos são os seus aproveitamentos em qualquer circunstância - de onde ser própria e feliz a denominação de árvore da providência, conferida por HUMBOLDT.

O corte da palha é feita duas vezes ao ano, sendo os intervalos entre essa operação uma espécie de descanso da palmeira que, assim, dá um rendimento maior. Antigamente, os pequenos proprietários de carnaubais arrendavam-nos a outros mais abastados, que faziam cortes em excesso, exaurindo a planta. Esta ficava, desse modo, impossibilitada de fornecer um bom produto. Atualmente, há uma lei que proíbe tal prática.


Fontes: Colheita da Carnaúba / Francisco Barboza Leite in Tipos e Aspectos do Brasil. - Departamento de Documentação e Divulgação Geográfica e Cartográfica / Instituto Brasileiro de Geografia / Fundação IBGE. - Rio de Janeiro, 1970


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