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Esse tratamento primário
consiste em cancheá-Ia, Uma vez cancheada, através de caminhos e
sistemas mistos de transporte, escoa para a Argentina, onde se procede
a sua industrialização. Esta se processa, pois, no caso da erva do sul
de Mato Grosso, na própria área consumidora.
Desde os primeiros tempos, a mão-de-obra dos ervais consistiu no elemento paraguaio. Numa fronteira aberta, os trabalhadores, em sua maior parte, passam para o Brasil na época da colheita, e regressam depois que ela cessa. Mesmo os que têm atividade permanente, entretanto, são paraguaios, de nascimento ou de origem. Adaptados ao trabalho do erval e ao beneficiamento primário da erva colhida, tornaram-se elementos indispensáveis à exploração econômica processada naquela região. Dessa procedência do elemento humano derivou a terminologia ligada à exploração ervateira. Ao erval primitivo, denso que mal permite o acesso, cortado de poucos e estreitos caminhos, chamaram "caati". Aos trabalhadores dedicados à colheita da erva, ficou convencionado chamar "mineiros". Ao trabalhador que, nos ranchos centrais, conhecidos como "barbaquá'', cabe um dos mais pesados e difíceis misteres do tratamento primário da erva colhida, do cancheamente, deu-se o nome de "uru". Trazida a erva para o "barbaquá", nele passa pelo tratamento a que nos referimos, em que a parte principal cabe ao "uru", Colocada num recinto suspenso e gradeado, cerca de metro e meio acima do solo, recebe o calor provindo do fogo aceso abaixo do solo. Deve ser apenas "sapecada", de sorte que se torna indispensável seja revolvida constantemente. Esse é precisamente o serviço do "uru": revolver a erva colocada no recinto suspenso, enquanto recebe ela o calor da chama colocada abaixo do solo. Pela sua intensidade, pelo esforço que exige, pelo calor a que está sujeito, o trabalho do "uru" é dos mais penosos. Recebendo o calor, que provém da chama em baixo, cabe-lhe o revolvimento constante da erva, respirando a fumaça que se desprende. O nome parece ter derivado do pássaro conhecido no Brasil Central. Porque o homem, como a ave, ao trabalhar, acompanha a sua atividade com um grito que se afirma idêntico ao da ave homônima. De qualquer maneira, o seu grito está ligado estreitamente ao trabalho. Informação fidedigna afirma que a proibição do grito traz a inibição do trabalhador. Essa forma primária do canto é que lhe confere o lenitivo para a atividade. O que tornaria aceitável a sua inclusão entre aquela gente que, no dizer de AURÉLIO PORTO, nos seus estudos sobre o gaúcho, é uma "gente que canta triste". Veja também: Ervateiros |
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