Terra Brasileira
Brasil Folclórico
folclore
modus Transporte
artesanato culinária
literatura Contos lendas mitos
música danças religiosidade tipos ofícios contatos
Loja

Ofícios e Técnicas
Contribuição Indígena
Contribuição Africana
Ciclo do Açúcar
Ciclo do Gado
Ciclo do Ouro
Ciclo do Café
Produtos da Terra
 -Água de Cacimba
 -Babaçuais
 -Buritizal
 -Cacaual
 -O Cajueiro
 -Carnaubais
 -Coqueirais
 -Ervais
 --Uru
 -O Mandiocal
 -Mata da Poaia
 -Pinhal
 -Salinas
Primeiras Fábricas
Ofícios Urbanos


Ervais : Uru
Uru
Uru - Ilustração de Percy Lau
Entre a calha do rio Paraná e a grande curva da serra de Maracaju, que se estende do degrau de Sete Quedas à região de Ponta Porã, estendem-se os ervais de há muito explorados pela companhia Mate Laranjeira. Ervais nativos, em sua maior parte, cobrem as terras que se intercalam entre os afluentes do Paraná. Conhecidos de velhos tempos começaram a ser economicamente explorados depois da guerra entre o Brasil e o Paraguai, e o desenvolvimento dessa exploração não cessou de apresentar vantagens enormes, até os nossos dias. A erva, colhida nos ervais nativos e nos ervais plantados, é trazida para Campanário, cidade construída pela concessionária e exploradora dos ervais, que tem também, a propriedade de grandes áreas ervateiras nessa região. Aí é tratada.
Esse tratamento primário consiste em cancheá-Ia, Uma vez cancheada, através de caminhos e sistemas mistos de transporte, escoa para a Argentina, onde se procede a sua industrialização. Esta se processa, pois, no caso da erva do sul de Mato Grosso, na própria área consumidora.

Desde os primeiros tempos, a mão-de-obra dos ervais consistiu no elemento paraguaio. Numa fronteira aberta, os trabalhadores, em sua maior parte, passam para o Brasil na época da colheita, e regressam depois que ela cessa.
Mesmo os que têm atividade permanente, entretanto, são paraguaios, de nascimento ou de origem. Adaptados ao trabalho do erval e ao beneficiamento primário da erva colhida, tornaram-se elementos indispensáveis à exploração econômica processada naquela região.

Dessa procedência do elemento humano derivou a terminologia ligada à exploração ervateira. Ao erval primitivo, denso que mal permite o acesso, cortado de poucos e estreitos caminhos, chamaram "caati". Aos trabalhadores dedicados à colheita da erva, ficou convencionado chamar "mineiros". Ao trabalhador que, nos ranchos centrais, conhecidos como "barbaquá'', cabe um dos mais pesados e difíceis misteres do tratamento primário da erva colhida, do cancheamente, deu-se o nome de "uru".

Trazida a erva para o "barbaquá", nele passa pelo tratamento a que nos referimos, em que a parte principal cabe ao "uru", Colocada num recinto suspenso e gradeado, cerca de metro e meio acima do solo, recebe o calor provindo do fogo aceso abaixo do solo. Deve ser apenas "sapecada", de sorte que se torna indispensável seja revolvida constantemente. Esse é precisamente o serviço do "uru": revolver a erva colocada no recinto suspenso, enquanto recebe ela o calor da chama colocada abaixo do solo. Pela sua intensidade, pelo esforço que exige, pelo calor a que está sujeito, o trabalho do "uru" é dos mais penosos. Recebendo o calor, que provém da chama em baixo, cabe-lhe o revolvimento constante da erva, respirando a fumaça que se desprende.

O nome parece ter derivado do pássaro conhecido no Brasil Central. Porque o homem, como a ave, ao trabalhar, acompanha a sua atividade com um grito que se afirma idêntico ao da ave homônima. De qualquer maneira, o seu grito está ligado estreitamente ao trabalho. Informação fidedigna afirma que a proibição do grito traz a inibição do trabalhador. Essa forma primária do canto é que lhe confere o lenitivo para a atividade. O que tornaria aceitável a sua inclusão entre aquela gente que, no dizer de AURÉLIO PORTO, nos seus estudos sobre o gaúcho, é uma "gente que canta triste".

Veja também: Ervateiros


Fontes: O Uru / Nelson Werneck Sodré in Tipos e Aspectos do Brasil. - Departamento de Documentação e Divulgação Geográfica e Cartográfica / Instituto Brasileiro de Geografia / Fundação IBGE. - Rio de Janeiro, 1970


Ofícios e Técnicas
Deixe seu comentário: Deixe seu comentário:
Correio eletrônico Facebook
Livro de visitas Twitter