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Altimetricamente, a
limitação começa na cota de 600 metros na terra farroupilha; na de 800
em São Paulo e 1100 no sul de Minas Gerais, segundo o fitogeógrafo A. J. SAMPAIO. O solo mais adequado a
essa formação é o de natureza sílico-argilosa e dotado de boa camada
humífera.
O nome científico mais comum do nosso pinheiro é Araucaria brasiliana, RICHARD; porém não obedece à lei da prioridade, pois o primeiro botânico a batizar a árvore foi BERTOLONI, que a chamou Colymbea angustifolia; o segundo, RICHARD, desconhecendo a primeira denominação, chamou-a Araucaria brasiliana, e o terceiro, VELOSO, pelo mesmo motivo taxinomeou-a Pinus dioica. Num esforço de conciliação e justiça, O. KUNTZE e outros autores modernos escreveram Araucaria angustifolia (BERT.) O. KUNTZE. Considerando-se que o aspecto das associações vegetais, dentro do conceito ecológico, responde significativamente às condições de clima e, levando-se em conta o fato de as araucárias aparecerem com dominância, em conjuntos extensos, com uma fitofisionomia inconfundível, pode-se afirmar que a sua ocorrência quase exclusiva no planalto do sul do Brasil está condicionada ao tipo de clima da região. Os pinhais, situados em região de clima temperado quente, apresentam porcentagem maior de indivíduos da mesma espécie, conferindo ao conjunto um aspecto de homogeneidade, característica - embora esboçada - das florestas das latitudes médias. Entretanto, o clima da Araucaria angustifolia não é exatamente o europeu ocidental. Na Curiirama as chuvas, mais acentuadas no verão, são regularmente distribuídas durante o ano, não havendo propriamente uma estação seca. Quanto à temperatura, a média anual ronda pelos 16°5, com uma variação máxima de 8 a 10° entre o verão e o inverno; a média do mês mais quente não atinge 21°C e a dos mais frio raramente 10°C. Já no litoral a temperatura e a pluviosidade são mais elevadas. Quer isto dizer que o planalto ameniza a temperatura e a pluviosidade, e o clima da Araucarilândia - denominação criada por F. C. HOEHNE - poderá ser classificado de iso-úmido (chuvas regularmente distribuídas) mesotérmico de altitude (média anual em torno de 15°C em função da altitude), sem preocupação de enquadrar tal clima numa classificação geral aplicada à Terra, e levando em consideração apenas as realidades locais. Comparando-se com outros climas, verifica-se semelhança relativa com o tipo chinês (DE MARTONNE); dentro do critério da classificação de KOPPEN alia-se ao tipo europeu ocidental (Cfb) , devendo-se notar que na Europa tal clima se aproxima mais do tipo D (com inverno mais frio) ao passo que no Brasil as condições são mais amenas. A maior analogia, porém, encontra-se no hemisfério sul: o suleste australiano e principalmente o suleste africano, onde ao lado de coníferas (Podocarpus Thundergii e P. elongata) aparecem um ilex (Ilex capensis) e uma laurácea (Ocotea bullata) além de outras árvores desconhecidas entre nós, correspondendo ao Ilex paraguariensis e à imbuia (da família das lauráceas) . No desdobramento do planalto meridional, os pinheiros se mesclam com a floresta tropical da encosta. Tal interpenetração se explica pelo fato de nas bordas orientais dos continentes dar-se a passagem diretamente da floresta tropical para a temperada; no exemplo brasileiro a transição é representada pelos faxinais, "associações mistas, onde árvores das matas costeiras se apresentam de mistura com pinheiros e outros elementos da Zona da Araucária" (SAMPAIO). Também no contato com os campos, os pinhais mostram uma dispersão, onde os indivíduos mais ou menos isolados constituem o que se denominam savanas de araucárias, as quais podem ser naturais ou produtos da devastação perimetral das florestas araucarianas (SAMPAIO). Os núcleos principais das matas de araucárias localizam-se em Santa Catarina e Paraná. Servem de bom exemplo de floresta homogênea dentre a complexidade das associações florestais brasileiras, e na sua pureza relativa lembram os buritizais, os babaçuais, os carandazais e os acurizais. A pureza dos pinhais não é absoluta, pois que duas outras árvores, também importantes, são elementos constante: a imbuia (Phoebe porosa, MEZ) e o Ilex paraguariensis, ST. HIL. conhecido por erva-mate. Ambas são árvores de menor porte e a porcentagem em relação aos pinheiros é, em alguns pontos, de cerca de 20% para as imbuias as quais, da mesma forma que a erva-mate, também podem constituir bosques, ditos imbuiais e ervais respectivamente. Dos pinheirais é que vive a indústria nacional do pinho e derivados. Caso o ritmo da exploração se mantenha sem alteração, a vida dos pinheirais catarinenses talvez se prolongue apenas por mais 50 anos. Atualmente o consumo do pinho está devidamente controlado por uma organização para-estatal - o Instituto Nacional do Pinho - que determina as quotas de derrubada e replantio. O panorama que a floresta araucariana oferece é o de uma coleção formidável de colunas gigantescas, erguendo as taças rasas e verde-escuras das copas dominadoras e dispostas num mesmo nível. A sua transitabilidade é verdadeira tanto para o cavalo quanto para o carro, como se observa da gravura ilustrativa. Os pinheirais são as únicas florestas no Brasil exploradas economicamente, quanto à produção de madeira em larga escala, e a presença da imbuia e da erva-mate aumenta-lhes o valor. Na Amazônia, três árvores são símbolos econômicos: Seringueira, Castanheira e Cacaueiro. Na Curiirama há 3 símbolos vegetais valiosos; três árvores também: Pinheiro, Imbuía e Erva-Mate. |
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