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Serraria
"Quem já teve oportunidade de viajar pelos nossos estados sulinos, especialmente através do Paraná e de Santa Catarina, certamente observou o importante papel que as serrarias representam na vida local. Embora existam áreas florestais em várias outras regiões do Brasil é no Sul que vamos encontrar maior desenvolvimento da indústria madeireira, graças à presença das matas de araucária que, pelo seu caráter mais uniforme, permitem explotação regular de seus elementos.

A proximidade de uma serraria é desde logo denunciada por sensível melhoria das condições da estrada de rodagem. A fim de poderem fazer circular os grandes caminhões que executam o transporte, seja dos toros para a serraria, seja da madeira destinada à venda, são as firmas concessionárias obrigadas a manter em bom estado as estradas.

Outro fato também, pela constância com que se repete, serve de indício ao viajante da próxima chegada a uma serraria: é a presença, a intervalos, de um lado ou de outro da estrada, de grossos toros que, arrumados perpendicularmente sobre paus roliços, aguardam o transporte que dali os levará a fim de serem industrializados.
Serraria
Serraria - Ilustração de Percy Lau
Finalmente, numa clareira, lá está a serraria, sendo o conjunto um dos aspectos bastante típicos das regiões florestais do sul do país. O prédio constitui o motivo central: uma construção alongada, de paredes de madeira, sendo recoberta por "tabuinhas" ou, algumas vezes, por telhas. O número de portas e janelas varia naturalmente com o tamanho da construção. Um elemento, porém, é encontrado em toda serraria: é a presença de duas grandes e largas portas, providas de rampas, fazendo se, por uma a entrada dos toros e por outra a saída das tábuas que, já serradas, vão ser empilhadas e arrumadas para o transporte.
A colocação dessas aberturas varia de acordo, certamente, com a posição da maquinaria no interior do prédio. Na que foi representada no desenho, ambas se acham colocadas na fase mais larga da construção: frequentemente encontramos também a entrada de toros localizada na parte lateral mais estreita e a saída das pranchas na extremidade oposta da parede mais longa.

Em volta do prédio, e próximo ao mesmo, acham se espalhados desordenadamente pelo terreno, os toros que foram descarregados. Grandes pilhas também aí são vistas, essas, porém, cuidadosamente feitas com as tábuas já serradas.
 
Servindo de fundo a todo esse conjunto vê se a "matéria prima", isto é, a mata de modo geral e, no caso de serrarias de pinho, as belas formações de araucária.
Distribuídas irregularmente pelas bordas da mata, encontram se frequentemente as pequenas habitações de madeira pertencentes aos trabalhadores da serraria.

Segundo o Instituto Nacional do Pinho "entende se por "serraria" o estabelecimento industrial que possua, maquinismo, com carro ou vagonete, para desdobro de toros e, pelo menos, uma serra auxiliar para refilamento e uma destopadeira, destinadas a produzir madeira simplesmente serrada". As máquinas de desdobro, que abrangem vários tipos de "serras" e de "quadros", devem ter acionamento mecânico.

São as serrarias classificadas segundo as espécies florestais com que trabalhem, em três grupos: 1) as de "pinho",
2) a de "madeira de lei" e de "qualidade"
3) as "mistas",
Sendo as mesmas agrupadas, dentro de cada classificação, segundo a capacidade prática de produção (média mensal de 25 dias de 8 horas de trabalho) em quatro categorias:

1) produção superior a 800 metros cúbicos;
2) produção entre 301 e 800 metros cúbicos;
3) produção entre 101 e 300 metros cúbicos;
4) produção igualou inferior a 100 metros cúbicos.

Cumpre salientar que esses limites são estipulados pelo Instituto Nacional do Pinho que, além desse controle, também estabelece normas para a explotação florestal: sistema de corte, diâmetro mínimo das árvores a serem abatidas, quantidade das mesmas etc., etc.

As serrarias podem produzir simplesmente "madeira serrada", que é resultante direta do desdobro dos toros ou "madeira beneficiada", aquela que é obtida mediante operação industrial posterior à do mero desdobro. Para o beneficiamento exclusivo de sua própria produção autorizada, muitas serrarias mantêm, anexas ao prédio principal, várias dependências destinadas a esse fim.

Grande é, assim, a atividade que se desenvolve, tendo por centro a serraria.
Os trabalhos têm início com o corte da madeira na mata, havendo homens que fazem a prévia seleção e a marcação dos exemplares a serem abatidos. Derrubadas as árvores, os "toreiros", homens que se ocupam com o corte, dividem os troncos em vários toros. No caso dos pinheiros, são eles seccionados em 4 ou 5 toros de 3 a 5 metros, após se ter procedido o seu descascamento. Esses toros são, então, arrastados por juntas de boi (ou tratores), até a beira das estradas, onde ficam "estaleirados" à espera dos caminhões já que, cada vez mais, estes predominam sobre os carros de tração animal. Em alguns pontos esse arrastamento de toros é procedido até uma distância média de 200 metros de um lado e de outro da estrada. Nos caminhões seguem os toros
até a serraria, onde então vão ser desdobrados e transformados em pranchas, vigas, dormentes, postes, peças de tonoaria etc. Das serrarias, novamente em caminhões, é a madeira assim trabalhada levada para as estações ferroviárias, portos de embarque ou diretamente para os consumidores.
 
São, aliás, as serrarias classificadas, ainda, de acordo com o destino que toma a sua produção: as que abastecem o mercado externo são as de "exportação"; de "consumo local" são designadas as que produzem para o próprio município onde se acham localizadas e de "consumo próprio" as que apenas suprem as necessidades de seu proprietário, no local da produção e sem finalidade comercial.

Constituem, assim, as serrarias, com todas as suas dependências diretas, as casas dos trabalhadores, ou pequenos "comércios" que, por vezes, se instalam nas proximidades, centros de vida e de movimento que muitas vezes deram origem a povoados e vilas."

Fonte: Serraria / Dora de Amarante Romariz in Tipos e Aspectos do Brasil. - Departamento de Documentação e Divulgação Geográfica e Cartográfica / Instituto Brasileiro de Geografia / Fundação IBGE.   Rio de Janeiro, 1970


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