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Vendedores
e fabricantes
de Cestos
O desenho representa um fabricante de cestos que vem trazer à cidade o fruto de suas horas de lazer na casa a que pertence. Seu costume constitui-se, em geral, de um amplo calção de algodão, apertado na cintura por uma cinta de sarja de lã, e de uma camisa, enrolada em volta do corpo e amarrada por detrás de modo a deixar pendentes as mangas. O gorro, que substitui o boné de lã, é realmente escocês: restos de uniformes militares de um destacamento de tropas escocesas contratado para o serviço do imperador e licenciado pouco depois. A guirlanda de folhas leves, que se poderia tomar por um enfeite selvagem inútil, tem no entanto a dupla vantagem de resguardar do sol parte do peito e de provocar certo frescor ao sopro do vento. Pelo bracelete observa-se a mania desses homens robustos, que se comprazem em comprimir os músculos perto das articulações. O bastão, verdadeiro bastão augural egípcio, revela pela cabeça de animal ingenuamente esculpida, em que se aproveitou um galho engenhosamente talhado e descascado a fim de imitar a brancura de um corpo estrangeiro, esse caráter de um modo marcante. |
Vendedor e fabricante de cestos Registro de Debret - Início do século XIX no Rio de Janeiro. |
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No
fim
do terreiro, podem-se ver montes das duas espécies de madeira com que
se faz o cesto; a pequenina taquara verde e esbelta, que, lascada e
entrelaçada forma a parede do cesto, sustentada por nervos escuros e
mais flexíveis de cipó.
Dois de seus companheiros, no segundo plano, fabricam um cesto sentados perto de uma plantação de cana. O tamanho do cesto varia de três a seis palmos de diâmetro e o seu preço médio é de seis vinténs. Menor e feito mais grosseiramente, o cestinho tem apenas dois palmos de diâmetro e se fabrica exclusivamente com cipó. Serve para transportar (sempre à cabeça) areia, pedregulho ou terra nos trabalhos de terraplanagem ou alvenaria. Esse transporte se faz lentamente, por meio de uma longa fila de negros, um atrás do outro; de longe, dir-se-ia uma procissão dirigida por um ou dois mestres-de-cerimônias que em vez do bastão carregassem um enorme chicote, instrumento que não sai nunca da mão do feitor. |
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Vendedores
de carvão
Vê-se chegar diariamente ao Rio de Janeiro grande quantidade de carvão de lenha, trazida do interior, ou a lombo de burro ou por água, meio mais econômico e rápido. A barca, ancorada na praia, é do proprietário do carvão, estendido sob sua barraca recoberta por esteiras e por uma das velas; deitado atrás da quádrupla fileira de jacás, ele aguarda sossegadamente a saída do carvão vendido pelos escravos. Um destes, bem carregado, encaminha-se para a cidade, enquanto o outro, parado, com os jacás já vazios, vem buscar nova carga; segura seu marimbá, instrumento africano com o qual aproveita seus lazeres durante o dia. |
Vendedores de Carvão e Vendedora de Milho Registro de Debret - Início do século XIX no Rio de Janeiro. |
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Vendedoras
de milho
O milho, colhido nas roças das proximidades e trazido ainda verde para a cidade, aí se torna um regalo para os escravos e seus filhos, que o adquirem nas praças e nas ruas, ou assado ou em pipocas. Estas, feitas num fogareiro de barro ou, mais miseravelmente, num simples caco de pote, ao secar arrebentam, apresentando o aspecto de flores redondas, desabrochadas, em forma de bola, de um branco amarelado e formadas pela parte leitosa da farinha ainda verde; aprecia-se esse manjar delicado por ser estomacal e absorvente. |
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Vendedores de Aves
É fácil compreender que a necessidade de prover a alimentação, no Rio de janeiro, de uma população que dobrou em oito anos, e de abastecer ao mesmo tempo uma marinha mercante em contínua atividade no porto, acarreta um enorme consumo de aves e constitui um objeto importante de importação, regularmente organizada desde as províncias longínquas de São Paulo e de Minas até um raio de seis a dez léguas em torno da capital. O consumidor brasileiro reconhece o ponto mais ou menos longínquo de origem dessas aves pelos meios empregados no transporte. Sabe, por exemplo, que as aves mandadas de Minas ou de São Paulo, simplesmente dentro de jacás, e transportadas a lombo de burros, sofrem tanto do calor durante o ttrajeto que quase nunca sobrevivem mais de um mês à fadiga da viagem. |
Vendedores de Aves Registro de Debret - Início do século XIX no Rio de Janeiro. |
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É
preferível escolher as que são enviadas pelos proprietários dos
arrabaldes, porque, fechadas dentro de cestas redondas com tampa,
gradeadas, chamadas capoeiras, e transportadas de noite, ou de barca ou
à cabeça do negro encarregado de vendê-las, chegam frescas ao mercado
antes do sol.
Quanto às aves criadas nos bairros da cidade, são elas simplesmente amarradas pelos pés em feixes de três a quatro, que o negro vendedor carrega à mão, ou suspenças a uma vara levada ao ombro. |
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Vendedor de Flores
Debret apresenta, nesta prancha, um criado de uma casa rica, parado à porta de uma igreja, no domingo, para vender suas flores em benefício do patrão, enquanto acrescenta por conta própria a venda a varejo de pedaços de coco, iguaria econômica da classe média. Observe-se ainda o cuidado com que o vendedor mantém a frescura dos cravos, fincando-os num talo de bananeira, que serve ao mesmo tempo de bandeja. A senhora, saindo da missa, escolhe uma dessas flores, que será paga pela negra, sua criada de quarto. Vendedores de
Flores
Registro de Debret - Início do século XIX no Rio de Janeiro. |
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Para
compreender o grande consumo desse feno artificial, bastará observar a
totalidade dos ricos negociantes residentes nos arrabaldes da cidade;
que todas as suas famílias têm carruagem; que os rapazes andam a
cavalo, e que se encontram mesmo, na estrada, pequenos cavaleiros de
cinco a oito anos montados em potros segurados pela rédea por criados a
pé, que fazem de escolta. Acrescente-se o número de negociantes
ingleses que usam o cabriolé ou andam a cavalo e ter-se-á idéia da
enorme quantidade de cavalos diariamente em circulação na
cidade.
O capim-de-angola fez com que se negligenciasse a cultura do capim indígena, cuja as folhas são muito menores, de um verde escuro, e cuja haste atinge apenas oito polegadas de altura. No Rio de Janeiro, entretanto, prefere-se este capim para os cavalos do interior, porque é mais substancial como alimento do que o capim-de-angola, o qual tem o inconveniente de debilitá-los. |
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