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Vendedores
O ofício de vender existe desde a antiguidade, começou como um sistema de trocas: trocar um alimento por outro ou por um produto de uso pessoal ou doméstico. Com o tempo foi necessário criar um meio para facilitar esta troca de mercadorias: os egípcios fizeram argolas de cobre e de ouro, de peso fixo, que circulavam como meio troca. Parece ter sido esta moeda-argola o mais antigo sistema de circulação na história das civilizações. Provavelmente só era usado para as transações maiores. Os negócios simples dos camponeses e dos citadinos mais pobres continuaram a ser feito na base da troca direta. A criação da moeda facilitou o sistema de trocas e criou o ofício de vendedor (comerciante). Vieram depois os locais de vendas: feiras, mercados e lojas. Antigas moedas egípcias
Antigas moedas egípcias
Vendedores e fabricantes de Cestos

O desenho representa um fabricante de cestos que vem  trazer à cidade o fruto de suas horas de lazer na casa a que pertence.
Seu costume constitui-se, em geral, de um amplo calção de algodão, apertado na cintura por uma cinta de sarja de lã, e de uma camisa, enrolada em volta do corpo e amarrada por detrás de modo a deixar pendentes as mangas. O gorro, que substitui o boné de lã, é realmente escocês: restos de uniformes militares de um destacamento de tropas escocesas contratado para o serviço do imperador e licenciado pouco depois.
A guirlanda de folhas leves, que se poderia tomar por um enfeite selvagem inútil, tem no entanto a dupla vantagem de resguardar do sol parte do peito e de provocar certo frescor ao sopro do vento. Pelo bracelete observa-se a mania desses homens robustos, que se comprazem em comprimir os músculos perto das articulações.
O bastão, verdadeiro bastão augural egípcio, revela pela cabeça de animal ingenuamente esculpida, em que se aproveitou um galho engenhosamente talhado e descascado a fim de imitar a brancura de um corpo estrangeiro, esse caráter de um modo marcante.
Vendedor e fabricante de cestos
Vendedor e fabricante de cestos
Registro de Debret - Início do século XIX no Rio de Janeiro.
No fim do terreiro, podem-se ver montes das duas espécies de madeira com que se faz o cesto; a pequenina taquara verde e esbelta, que, lascada e entrelaçada forma a parede do cesto, sustentada por nervos escuros e mais flexíveis de cipó.
Dois de seus companheiros, no segundo plano, fabricam um cesto sentados perto de uma plantação de cana.
O tamanho do cesto varia de três a seis palmos de diâmetro e o seu preço médio é de seis vinténs.
Menor e feito mais grosseiramente, o cestinho tem apenas dois palmos de diâmetro e se fabrica exclusivamente com cipó. Serve para transportar (sempre à cabeça) areia, pedregulho ou terra nos trabalhos de terraplanagem ou alvenaria. Esse transporte se faz lentamente, por meio de uma longa fila de negros, um atrás do outro; de longe, dir-se-ia uma procissão dirigida por um ou dois mestres-de-cerimônias que em vez do bastão carregassem um enorme chicote, instrumento que não sai nunca da mão do feitor.
Vendedores de carvão

Vê-se chegar diariamente ao Rio de Janeiro grande quantidade de carvão de lenha, trazida do interior, ou a lombo de burro ou por água, meio mais econômico e rápido.
A barca, ancorada na praia, é do proprietário do carvão, estendido sob sua barraca recoberta por esteiras e por uma das velas; deitado atrás da quádrupla fileira de jacás, ele aguarda sossegadamente a saída do carvão vendido pelos escravos.
Um destes, bem carregado, encaminha-se para a cidade, enquanto o outro, parado, com os jacás já vazios, vem buscar nova carga; segura seu marimbá, instrumento africano com o qual aproveita seus lazeres durante o dia.
Vendedores de Carvão e Vendedora de Milho
Vendedores de Carvão e Vendedora de Milho
Registro de Debret - Início do século XIX no Rio de Janeiro.
Vendedoras de milho

O milho, colhido nas roças das proximidades e trazido ainda verde para a cidade, aí  se torna um regalo para os escravos e seus filhos, que o adquirem  nas praças e nas ruas, ou assado ou em pipocas. Estas, feitas num fogareiro de barro ou, mais miseravelmente, num simples caco de pote,  ao secar arrebentam, apresentando o aspecto de flores redondas, desabrochadas, em forma de bola, de um branco amarelado e formadas pela parte leitosa da farinha ainda verde; aprecia-se esse manjar delicado por ser estomacal e absorvente.
Vendedores de Aves

É fácil compreender que a necessidade de prover a alimentação, no Rio de janeiro, de uma população que dobrou em oito anos, e de abastecer ao mesmo tempo uma marinha mercante em contínua atividade no porto, acarreta um enorme consumo de aves e constitui um objeto importante de importação, regularmente organizada desde as províncias longínquas de São Paulo e de Minas até um raio de seis a dez léguas em torno da capital. O consumidor brasileiro reconhece o ponto mais ou menos longínquo de origem dessas aves pelos meios empregados no transporte. Sabe, por exemplo, que as aves mandadas de Minas ou de São Paulo, simplesmente dentro de jacás, e transportadas a lombo de burros, sofrem tanto do calor durante o ttrajeto que quase nunca sobrevivem mais de um mês à fadiga da viagem.
Vendedores de Aves
Vendedores de Aves
Registro de Debret - Início do século XIX no Rio de Janeiro.
É preferível escolher as que são enviadas pelos proprietários dos arrabaldes, porque, fechadas dentro de cestas redondas com tampa, gradeadas, chamadas capoeiras, e transportadas de noite, ou de barca ou à cabeça do negro encarregado de vendê-las, chegam frescas ao mercado antes do sol.
Quanto às aves criadas nos bairros da cidade, são elas simplesmente amarradas pelos pés em feixes de três a quatro, que o negro vendedor carrega à mão, ou suspenças a uma vara levada ao ombro.
Vendedor de Flores

Debret apresenta, nesta prancha, um criado de uma casa rica, parado à porta de uma igreja, no domingo, para vender suas flores em benefício do patrão, enquanto acrescenta por conta própria a venda a varejo de pedaços de coco, iguaria econômica da classe média. Observe-se ainda o cuidado com que o vendedor mantém a frescura dos cravos, fincando-os num talo de bananeira, que serve ao mesmo tempo de bandeja.
A senhora, saindo da missa, escolhe uma dessas flores, que será paga pela negra, sua criada de quarto.

Vendedores de Flores
Registro de Debret - Início do século XIX no Rio de Janeiro.
Vendedor de Flores
Vendedores de capim

A partir de 1817 a cultura capim-de-angola tornou-se, nas proximidades do Rio de Janeiro, um excelente negócio, que se estendeu cada vez mais, de ano para ano, em razão do acréscimo de luxo na capital e a tal ponto que, dois anos depois, já se via esse capim plantado em toda a parte inferior das colinas circunvizinhas, desde Botafogo até Engenho Velho.

Essa espécie de grama colossal, feno verde muito aquoso, pouco substancial portanto, é transportada para a cidade em enormes molhos piramidais armados em torno de uma vara comprida, pesado fardo que um negro sozinho consegue carregar à cabeça. Transportam-no também em grandes feixes separados e carregados a lombo de burro, e ainda em pequenos carros; neste último caso, os feixes de capim são tão pequenos que são preciso pelo menos cinco para a alimentação diária de um cavalo. Esses feixes vendem-se a dois vinténs. Nas casas ricas, o abastecimento regular de capim faz-se por assinatura.
A venda de capim cessa às dez horas da manhã nas ruas, continuando no mercado da praça do capim e em alguns outros lugares reservados a esse tipo de abastecimento.
Vendedor de Capim
Vendedor de Capim
Registro de Debret - Início do século XIX no Rio de Janeiro
Para compreender o grande consumo desse feno artificial, bastará observar a totalidade dos ricos negociantes residentes nos arrabaldes da cidade; que todas as suas famílias têm carruagem; que os rapazes andam a cavalo, e que se encontram mesmo, na estrada, pequenos cavaleiros de cinco a oito anos montados em potros segurados pela rédea por criados a pé, que fazem de escolta. Acrescente-se o número de negociantes ingleses que usam o cabriolé ou andam a cavalo e ter-se-á idéia da enorme quantidade  de cavalos diariamente em circulação na cidade.

O capim-de-angola fez com que se negligenciasse a cultura do capim indígena, cuja as folhas são muito menores, de um verde escuro, e cuja haste atinge apenas oito polegadas de altura. No Rio de Janeiro, entretanto, prefere-se este capim para os cavalos do interior, porque é mais substancial como alimento do que o capim-de-angola, o qual tem o inconveniente de debilitá-los. 

Fontes: Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil / Jean Baptiste Debret - São Paulo: Circulo do Livro S.A. sem data. 
Rio de Janeiro, cidade mestiça: nascimento da imagem de uma nação / ilustrações e comentários de Jean-Baptiste Debret; textos de Luiz Felipe de Alencastro, Serge Gruzinski e Tierno Monénembo; reunidos e apresentados por Patrick Straumann; tradução de Rosa Freire d’Aguiar. – São Paulo: Companhia das Letras, 2001.


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