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Zoroastrismo

Zoroastrismo
Símbolo do Zoroastrismo

Zoroastrismo ou Masdeísmo (do árabe persa mazda, sábio, espírito do bem) Religião dualista do antigo Irã.

O Zoroastrismo opões entre si o princípio do bem, Ahura-Mazda (Ormuzd), e o princípio do mal, Ahrimã (Angramainyu), e ensina que a luta entre os dois princípios continuará até o triunfo do bem. Propagado na Pérsia aproximadamente no século VIII a.C. por Zaratustra (Zoroastro), cujo ensinamento se encontra no Avesta. O Masdeísmo foi a religião dominante dos persas até a queda dos sassânidas em 651 d.C.; a conquista muçulmana causou-lhe uma decadência progressiva, mas sobrevive em áreas isoladas na Índia, continua  a ser a religião dos guebros e dos parses. 


Somos levados a crer que Zoroastro concebera a missão de purificar as crenças tradicionais de seu povo, eliminando o politeísmo, o sacrifício de animais, a magia, e elevando a adoração a um plano mais espiritual e ético. Em muitos aspectos, o zoroastrismo tinha um caráter único entre as religiões que existiram no mundo até então. Primeiro, era dualístico e não monístico como as religiões suméria e babilônica, nas quais o mesmo deus era capaz tanto do bem como do mal, e também não tinha qualquer pretensão ao monoteísmo, como as religiões do Egito e dos judeus na sua fase mais perfeita.
Duas grandes divindades regiam o universo: uma, Ahura-Mazda (3), infinitamente boa e incapaz de qualquer fraqueza, personificava os princípios da luz, da verdade e da retidão; a outra, Ahriman, traiçoeira e maligna, presidia as forças das sombras e do mal. As duas empenhavam-se em desesperada luta pela supremacia. Posto que mais ou menos equivalentes em poder, o deus da luz por fim triunfaria e o mundo seria salvo das forças do mal.
Em segundo lugar, o zoroastrismo era uma religião escatológica. "Escatologia" é a doutrina das coisas últimas ou finais. Incluía ideais tais como a vinda de um Messias, a ressurreição dos mortos, o julgamento final e a trasladação do redimido para um paraíso eterno.
De acordo com a crença zoroástrica, o mundo duraria doze mil anos. No fim de nove mil anos ocorreria a segunda vinda de Zoroastro, como um sinal e uma promessa da redenção final dos bons. Isso seria seguido, a seu tempo, pelo nascimento miraculoso de Saoshyant, o messias, cuja missão consistiria em aperfeiçoar os bons como uma preparação para o fim do mundo. Finalmente, chegaria o grande último dia, quando Ahura-Mazda derrotaria Ahriman e o precipitaria no abismo. Os mortos erguer-se-iam então das tumbas para ser julgados segundo os seus merecimentos. Os justos entrariam no gozo imediato da bem-aventurança, enquanto os maus seriam sentenciados às chamas do inferno, ainda que, no fim, todos se salvariam, pois o inferno persa, diferentemente do cristão, não durava para sempre.
Apesar de conter sugestões de predestinação e de que alguns foram eleitos desde o começo dos tempos para ser salvos, em sua essência permanecia a convicção de que o homem possuía livre arbítrio, de que era livre de pecar ou de não pecar e de que seria recompensado ou punido na vida futura, de acordo com sua conduta na terra.
As virtudes recomendadas pela religião formavam uma lista grandiosa. Algumas eram nitidamente de origem econômica ou política: diligência, respeito aos contratos, obediência aos governantes, procriação de uma prole numerosa e cultivo do solo ("Aquele que semeia o grão, semeia santidade"). Outros tinham um significado mais amplo: Ahura-Mazda recomendava que os homens fossem fiéis, amassem e auxiliassem uns aos outros do melhor modo que pudessem, que fossem amigos do pobre e que praticassem a hospitalidade. A essência dessas virtudes mais amplas acha-se talvez expressa em outubro dos decretos do Deus: "Todo aquele que der de comer a um crente ... irá para o Paraíso."
As formas de conduta proibidas eram suficientemente numerosas e variadas para cobrir a lista completa dos Sete Pecados Mortais do cristianismo medieval e muitos mais. Orgulho, gula, indolência, cobiça, ira, luxúria, adultério, aborto, calúnia e dissipação encontravam-se entre os mais típicos. Cobrar juros de empréstimo a alguém da mesma religião era apontado como "o pior dos pecados" e o acúmulo de riquezas era severamente reprovado. As restrições a que os homens tinham de obedecer incluíam também uma espécie de preceito áureo negativo: "Só é bom aquele que não faz a outro o que não for bom para si mesmo."
Cabe acrescentar que o zoroastrismo original condenava o ascetismo. Infligir sofrimento a si mesmo, jejuar e mesmo suportar dores excessivas era proibido sob o fundamento de que prejudicavam tanto a alma quanto o corpo, tornando os seres humanos incapazes para os deveres da agricultura e da procriação. O ideal persa tradicional era antes a temperança do que a abstinência completa.
O zoroastrismo tem significado especial por ser uma religião revelada, aparentemente a primeira do seu gênero na história do mundo ocidental. Acreditava-se que seus adeptos fossem os únicos possuidores da verdade, não por serem mais doutos do que outros homens, mas por partilharem dos segredos do deus. Como partes da substância divina, naturalmente participavam de sua sabedoria, não certamente no todo, mas em certa parcela. A verdade que possuíam era, por essa razão, oculta e não podia ser deduzida pela lógica ou descoberta pela investigação intelectual. Parte dela apresentava-se sob a forma de escritos sagrados, como o Avesta que se acreditava ter baixado do céu, mas outra grande parte consistia em revelações orais recebidas de Mazda por Zoroastro e transmitidas a seus discípulos. Contrariamente à opinião geral, as religiões reveladas não têm sido tão comuns na história do mundo. Os egípcios não possuíam livros sagrados ou qualquer registro da lei divina, nem tampouco as nações mesopotâmicas. As religiões da Grécia e de Roma não se apoiavam, igualmente, numa Verdade enunciada pelos deuses. O zoroastrismo, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo são as únicas crenças que tiveram a revelação divina como um de seus elementos essenciais. Esse foi, sem dúvida, um fator que aumentou a força dessas religiões, mas também favoreceu, até certo ponto, o seu dogmatismo e intolerância.
A religião dos persas, tal como foi ensinada por Zoroastro, não permaneceu por muito tempo em seu estado original. Foi corrompida principalmente pela persistência de superstições primitivas, pela magia e pela ambição do clero. Quanto mais a religião se estendia, tanto mais nela se enxertavam essas relíquias do barbarismo. Com o passar dos anos, a influência de crenças de outras terras, particularmente as dos caldeus, determinou novas modificações. O resultado final foi o desenvolvimento de uma poderosa síntese na qual o primitivo sacerdotalismo, o messianismo e o dualismo dos persas se combinavam com o pessimismo e o fatalismo dos neobabilônios.
Dessa síntese emergiu, aos poucos, uma profusão de cultos, semelhantes em seus dogmas básicos, mas concedendo a eles valores diferentes.
O mais antigo dos cultos era o mitraísmo, nome que se deriva de Mitra, o principal lugar-tenente de Mazda na luta contra as forças do mal. Mitra, a princípio apenas uma divindade menor da religião zoroástrica, encontrou finalmente agasalho no coração de muitos persas como deus mais merecedor de adoração. A razão dessa mudança foi, provavelmente, a auréola emocional que cercava os acidentes de sua vida. Acreditava-se que nascera num rochedo, em presença de um pequeno grupo de pastores, que lhe trouxeram presentes em sinal de reverência pela sua grande missão na terra.
Passou então a sujeitar todos os seres vivos que encontrava, conquistando e tornando úteis ao homem muitos deles. Para melhor desempenhar essa missão, fez um pacto com o sol, obtendo calor e luz para que as plantações pudessem florescer. O mais importante de seus feitos foi,
contudo, a captura do touro divino. Agarrando o animal pelo chifres, lutou desesperadamente até forçá-lo a entrar numa caverna, onde, em obediência a uma ordem do sol, o matou. Da carne e do sangue do touro provieram todas as espécies de ervas, grãos e outras plantas valiosas para o homem. Mal esses feitos foram realizados, Ahriman provocou uma seca na terra, mas Mitra enfiou a sua lança numa rocha e as águas dela borbulharam. Em seguida o deus do mal mandou um dilúvio, mas Mitra mandou construir uma arca para permitir a salvação de um homem com os seus rebanhos. Depois de terminados os seus trabalhos, Mitra participou de um festim sagrado com o sol e subiu aos céus. No devido tempo voltará e dará a todos os crentes a imortalidade.
O ritual do mitraísmo era complicado e significativo. Incluía uma complexa cerimônia de iniciação em sete estágios ou graus, o último dos quais firmava uma amizade mística com o deus. Longas provas de abnegação e mortificação da carne constituíam complementos necessários ao
processo de iniciação. A admissão à completa participação no culto habilitava uma pessoa a participar dos sacramentos, sendo o mais importante o batismo e uma refeição sagrado de pão, água e, possivelmente, vinho. Outras observâncias incluíam a purificação lustral (ablução
cerimonial com água santificada), a queima de incenso, os cânticos sagrados e a guarda dos dias santos. Destes últimos, eram exemplos típicos o domingo e o dia vinte e cinco de dezembro. Imitando a religião astral dos caldeus, cada dia da semana era dedicado a um corpo celeste. Uma
vez que o sol, como fonte de luz e fiel aliado de Mitra, era o mais importante desses corpos, seu dia era, naturalmente, o mais sagrado. O dia vinte e cinco de dezembro possuía, também, significação solar: sendo a data aproximada do solstício do inverno, marcava a volta do sol de sua
longa viagem ao sul do Equador. Era, em certo sentido, o "dia do nascimento do sol", uma vez que assinalava a renovação de suas forças vivificadoras para benefício do homem.
Não se sabe exatamente quando a adoração de Mitra se transformou num culto definido, mas sem dúvida não foi depois do século IV a. C. Seus característicos se estabeleceram firmemente durante o período de fermentação social que se seguiu ao colapso do império de Alexandre, e sua expansão nessa época foi muitíssimo rápida. No último século a. C. foi introduzido em Roma, embora tivesse pequena importância na própria Itália até o ano 100 d.C.
Fazia conversos principalmente nas classes mais baixas - soldados, estrangeiros e escravos. Finalmente, atingiu a situação de uma das mais populares religiões do Império, tornando-se o principal concorrente do cristianismo e do próprio velho paganismo romano.
Depois de 275, no entanto, sua força decaiu rapidamente. É impossível avaliar a influência que esse extraordinário culto exerceu. Não é difícil perceber sua semelhança superficial com o cristianismo, mas certamente isso não quer dizer que os dois fossem idênticos, ou que um fosse
derivação do outro. Não obstante, é provável que o cristianismo, o mais jovem dos dois rivais, tenha tomado de empréstimo um bom número dos aspectos externos do mitraísmo, conservando, ao mesmo tempo, virtualmente intata a sua filosofia essencial.
Um dos principais sucessores do mitraísmo na transmissão da herança persa foi o maniqueísmo, fundado por Mani, um sacerdote de origem ilustre de Ecbátana, aproximadamente em 250 d.C.
Como Zoroastro, achava que sua missão na terra era reformar a religião dominante, mas obteve pequena simpatia em seu próprio país e teve que se contentar com aventuras missionárias na índia e na China Ocidental. Mais ou menos em 276, foi condenado e crucificado pelos seus próprios rivais persas. Depois da morte de Mani, os ensinamentos deste foram levados por seus discípulos praticamente a todos os países da Ásia Ocidental e, por fim, à Itália, mais ou menos em 330.
Grande número de maniqueus ocidentais, inclusive o grande Agostinho, acabaram por se tornar cristãos.

Fonte: História da Civilização Ocidental / Edward McNall Burns - Porto Alegre: Editora Globo, 1974

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