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Alguns tipos indígenas do Amazonas

Vale do rio Negro 

No vale do rio Negro encontram-se os remanecestes de tribos de língua aruaque, portadores de uma das culturas mais elaboradas da floresta tropical. Haviam alcançado alto grau de desenvolvimento na cerâmica, na lavoura, na construção de canoas e de soberbas habitações coletivas, na tecelagem de redes, e contavam, como elementos de guerra que garantiam sua superioridade sobre outras tribos, com: sarabatanas, dardos envenenados com curare e escudos trançados. Sendo, porém, mais acessíveis – pois viviam nas margens dos rios navegáveis – foram as primeiras atingidas pelos colonizadores, avassaladas e dizimadas.

As tribos de língua tucana vindas do oeste, dotadas de cultura menos elaboradas que a dos Aruk, sofreram, também, profundamente os efeitos do impacto com a civilização, mas conservaram-se ainda numerosos, vivendo em suas grandes malocas uma vida tanto mais farta quanto maior a distância que os separa dos núcleos mestiços.

Os povos de línguas alófilas: os Makú, os Guaharibo, os Xiriâna e os Waiká, todos de cultura muito rudimentar; desconheciam a cerâmica, a tecelagem, a navegação e a lavoura, habitando no centro da mata, junto aos divisores de água, fora das vias percorridas pela civilização, foram menos afetados, conservando-se em número considerável até começos do século XX, quanto tanto civilizados como indígenas de barranca se lançaram contra eles.

Trezentos anos de civilização e catequese haviam reduzido às mais extremas condições de penúria os indígenas do rio Negro.


Indígenas dos rios Tapajós e Madeira
Munduruku
Homem Munduruku com coifa de penas na cabeça
Spix e Martius - Viagem pelo Brasil (1817 - 1820)

Os Torá, os Mura, os Matanawí. Diversas tribos ali enfretaram os brancos, opondo-lhes a mais tenaz resistência. As lutas começaram com os Torá, que entraram para a história como culpados de um ataque a viajantes do Madeira, vingado por uma expedição que em 1716 levou a destruição e a morte a seus aldeamentos. Enfraquecidos, tiveram de ceder lugar a outras tribos, indo alguns para as missões, outros reunidos nas vilas como cativos e como tropas de defesa contra os ataques dos Mura. Alguns sobreviventes Torá, que conservaram a organização tribal, vivendo nas barrancas do médio Madeira e seus afluentes, ali enfrentaram bandos de caucheiros, seringueiros e castanheiros que os reduziram às poucas dezenas com que entraram no século XX. Curt Nimuendaju ainda encontrou, em 1922, um grupo de trinta e um deles já mestiçados com os restos de outra tribo, os Matanawí, mas ainda falando o torá. Os Mura sucederam aos Torá como maior resitência indígena contra o invasor branco. Os Mura habitavam primitivamente as terras da margem direita do médio Madeira. Graças ao sucesso de suas táticas de povo canoeiro contra os invasores que navegavam em pesados batelões, os Mura expandiram-se, passando a ocupar em extenso território ao longo do Madeira até sua foz e daí pelo Amazonas e Perus acima. Foram criadas guarnições militares para fazer frente aos Mura. A despeito das baixas que sofriam,  os Mura se conservaram independentes e hostis até 1784, quando surgiu na região uma outra tribo que lhes impôs sério revés.

Mura
Homem Mura
"... no lábio superior que tinha ainda desfigurado o rosto carrancudo com três grandes dentes de caititu, metidos no lábio superior e no inferior."
Spix e Martius - Viagem pelo Brasil (1817 - 1820)
Eram os Mundurukú, do rio Tapajós. Vendo-se entre dois fogos, alguns grupos Mura procuraram espontaneamente uma vila civilizada, propondo paz. A este grupo se seguiram outros. Nessa época a população Mura foi orçada em sessenta mil almas. Em 1820, Martius desceu a estimativa para trinta a quarenta mil; em 1864, Albuquerque de Lacerda os estimou em três mil. Segundo cálculo de Nimuendaju, em 1922, os Mura perfaziam cerca de mil e seicentos indígenas, vivendo principalmente em Autaz. Um pequeno grupo de uma centena de almas vive ao longo do Maicy, afluente do Madeira. São os Pirahá, indígenas Mura típicos na rudeza de sua cultura de povos ribeirinhos, cujas casas são simples pára-ventos e cuja tralha doméstica é das mais rudimentares. Entre o Tapajós e o Madeira viviam os Mawé. Ali foram encontrados pelos jesuítas do século XVIII e ali mesmo reunidos em missões, escravizados e conduzidos para fora ou chacinados, conforme aceitavam ou se opunham à subjugação por parte dos padres e colonos. Que jamais se submeteram, indica o fato de que, após três séculos e meio de contato permaneceram Mawé, lutando hoje como sempre pela posse da terra e sendo aliciados por todos os movimetos de revolta da população civilizada, já que não eram capazes de movimentos próprios.
Os Mundurukú, tribo Tupi do Tapajós, viriam a ocupar, de certo modo, o lugar dos Mura nas crônicas guerreiras da Amazônia. As primeiras notícias desta tribo, datada de 1770, já se referem ao seu expansionismo pelo médio e baixo Tapajós de onde estavam desalojados os antigos habitantes. Os Mundurukú não se limitaram à região do Tapajós e Madeira; suas expedições de guerra alcançaram o Xingu e o Tocantins, indo além, até os limites orientais da floresta Amazônica. Gonçalves Tocantins avaliou a população Mundurukú em 18.910, por volta de 1877, em 1960 estavam reduzidos a 1.250.
Mawé
Homem Mawé
Spix e Martius - Viagem pelo Brasil (1817 - 1820)
Em meados do século XIX surge na região, uma outra tribo guerreira. Os Parintintín (Kawahíb), que daí em diante, ano após ano, atacariam indígenas e civilizados, acabando a ocupar o antigo território dos Torá, Mura e Pirahá e se constituírem em nova barreira à expansão dos civilizados no Madeira. O apogeu do domínio Parintintín se daria já no século XX, precisamente no período da alta da borracha.
A marcha dos caucheiros (extratores de borracha da árvore chamada caucho) e seringueiros no alto Amazonas foi tão violenta quanto nas outras regiões. Aldeias interias de indígenas Mawé foram destruídas por seringalistas que cobiçavam os ricos seringais de suas terras. As aldeias do médio Tapajós onde, depois de subjugados, se estabeleceriam os Mundurukú também foram assaltadas por seringueiros. Os Torá, Matanawí e Pirahá devem ter sido algumas das maiores vítimas dos caucheiros e seringueiros em virtude do estado de decadência em que já se encontravam quando o rio Madeira foi por eles invadido.
Assim foram dominados, um após outro, Os Torá, Mura, Mawé, Mundurukú, todos enfraquecidos pelas lutas contra outras tribos e pelos ataques de invasores todados de armas mais eficientes.
Durante a Cabanagem, movimento revolucionário (1833 /1839) que reuniu caboclos, negros, brancos pobres e indígenas, na mais violenta rebelião da Amazônia, Os Mawé, os Mura, os Mundurukú aderiram à insurreição, engrossando as forças cabanas, e seu território constituiu o maior reduto de revoltosos. Nas campanhas de 1834/1839, em que as forças legais derrotaram os cabanos, estes indígenas sofreram massacres em massa, conservando-se, porém, fiéis aos rebeldes.
Apiaká
Apiaká
A história da chamada "aculturação" dos Apiaká é uma repetição do que ocorreu com outros povos indígenas. No início da colonização, os Apiaká eram um povo guerreiro e muito temido que vivia na bacia do Tapajós. Em menos de duzentos anos a sociedade nacional quase exterminou este povo. Hoje vivem nas cidades da região do Tapajós e na área indígena do rio dos Peixes, perdendo a língua e parte de seus costumes. Aqui vemos dois momentos da história desse povo. Acima, à esquerda, um desenho de Hercules Florence de 1828, que resgata a beleza física, a rica pintura corporal desse povo; à direita, gravura de 1895, mostrando os Apiaká nesse doloroso processo de aculturação.

Indígenas do Juruá-Purus

Grande parte das tribos do Juruá-Purus desapareceu antes que fosse possível qualquer documentação sobre seus costumes; de muitas delas só se conhece a crônica das violências de que foram vítimas, crônicas, aliás, quase idênticas, pois os mesmos fatos se repetiram com uma tribo após outra: os homens eram escravizados, as mulheres mais vistosas tomadas como amásias pelos seringueiros e também engajadas nas tarefas de subsistência; as crianças robustas, que prometiam moças fornidas para o amor e para o trabalho e os meninos mais vigoros, que podiam dar bons trabalhadores, eram levados pelo patrão.
As matas da região, originalmente só habitada por indígenas, constituíam, dez anos depois da descoberta dso seringais, a principal zona produtora de borracha da Amazônia e contavam com uma população superior a cinquenta mil habitantes, formada, principalmente, de deslocados nordestinos que lá foram ter, fugindo da seca.
Os indígenas Kurina, do rio Gregório, que tinham recebido amistosamente os primeiros invasores brancos, sofreram tamanhas violências que se afastaram de todo o convívio, travando uma guerra cruenta aos brancos. Um morador da região que teve a coragem de ouvi-los, verificando que, cansados de tanto sofrimento, só aspiravam à paz.
O mesmo aconteceu com os Kaxináwa, acuados nas matas mais distantes, fugindo dos civilizados. Por mais que se afastassem, porém, eram sempre alcançados pelas ondas de invasores que batiam toda a região à procura de seringais.
A situação persistiu até que um morador do rio Tarauacá organizou um grupo de indígenas Katikína, fortemente armado, e se pôs a percorrer as matas procurando os Kaxináwa para “catequizá-los”. (1906). O resultado desta pacificação foi a escravidão dos indígenas, que pouco tempo depois viviam em condições ainda mais miseráveis que quando perseguidos na mata.
(Veja também: Povos Indígenas em Brasil Indígena)


Fontes : Os ìndios e a Civilização / Darcy Ribeiro. - São Paulo: Círculo do Livro, s. data
Viagem pelo Brasil 1817 - 1820 / Johann Baptist SPIX Carl Friedrich Philipp MARTIUS. - São Paulo : Melhoramentos, 1968
Brasil Indígena: 500 anos de resistência / Benedito Prezia, Eduardo Hoomaert. - São Paulo : FTD, 2000


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