|
|
Mas
tão
grande são os práticos dos rios da Amazônia, das cachoeiras, canais,
furos, breves e igarapés e os canoeiros - proeiros, remadores,
varejadores e maquinistas!
Canoeiros! Ei-los no hábil manejar dos remos sobre as ubás ou canoas, ao atracar ou desatracar das margens; aproveitando, conforme as circunstâncias, a correnteza ou o remanso; marcando as horas da viagem, de acordo com a observação da maré, muitas vezes para evitar a surpresa da pororoca; escolhendo o canal de navegação: contornando baixios e desviando de troncos de árvores submersos ou flutuantes. Contudo, isso é banal, nem tudo é planície ... Quando se torna necessário remontar ou descer os rios encachoeirados, que vêm das fronteiras ao norte do Brasil, então surge o herói, evocando a epopéia das bandeiras e monções. Cada cachoeira, cada rápido ou canal rochoso é um obstáculo a vencer, revestido das suas peculiaridades, que se transmutam de aspecto algumas vezes, em poucas horas. Audácia, decisão rápida, precisão e iniciativa sem vacilações, ante qualquer imprevisão, são os requisitos básicos aos canoeiros de tais empresas. Motor de popa parado ou não? Subir com varejão e remo? Descer com a ajuda de cabo de papa? Homens dentro do rio, dirigindo a canoa? Passar a toda força do motor? Apelar para o vara douro marginal? Descarregar a canoa? Então, muitas vezes se impõe a decisão de César, embora não se trate de nenhum plácido Rubicão: Alea jacta est! Cachoeiras há, já conhecidas, que excluem de antemão a veleidade de passá-las de canoa: só resta o recurso do varadouro e quando muito. a passagem com ou sem motor, procurando um desvio d'água. Todavia, nem sempre o conhecimento dos práticos do rio, proeiros e maquinistas, é suficiente para evitar os baixios, as rochas escondidas ou a variável força da correnteza. Por isso, a tripulação da canoa não pode vacilar, ante certas situações inopinadas: é pular no rio, empurrar a canoa; usar varejão, remo ou cabo, enfim, resolver o problema de qualquer modo. É quando se projeta o trabalho admirável dessa gente correndo risco de toda ordem: equilibrando-se nas rochas das corredeiras, nadando para arrastar ou sustentar a canoa, não raro em rios infestados de sucurijus e poraquês. Quadro de honra, pois, entre os tipos do Brasil, merecem os valorosos caboclos amazônicos, heróis dos rios encachoeirados: Jari, Erepecuru, Oiapoque, Majari, Mucajaí, Catrimâni e Demêni |
|
Deixe seu comentário: | Deixe seu comentário: | |
Correio eletrônico | ||
Livro de visitas |