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Tipos Regionais do Sul
Obrageiro
A orientação dos rios brasileiros contribuintes da bacia platina levou à situação curiosa de virem sendo, desde velhos tempos, as terras por eles servidas, desbravadas por elementos humanos oriundos dos povos vizinhos. O alargamento da área nacional não perturbou tal anomalia. Gravitando em torno dos rios, caminhos naturais que levam ao Prata, tais terras, desde que foram conhecidas, começaram a ser penetradas por gente de outra língua e de outra nacionalidade.
Isso aconteceu nas zonas ribeirinhas do Paraguai como do Paraná. Como, de resto, também em torno dos contribuintes do Amazonas.

A existência das ricas florestas do oeste paranaense, mais acessíveis pelo rio Paraná do que pelos caminhos terrestres vindos do litoral e das faixas povoadas e progressistas, de formação nitidamente brasileira, atraiu a atenção de elementos alienígenas que, cedo, nelas se internaram, partindo do vale do Paraná.

No trecho estreito desse rio, entre Guaíra e Foz do Iguaçu, estabeleceram-se, de há muito, os portos de escoamento da madeira. Nas barrancas surgiram, então, os "obrages", lugares de corte e preparação da madeira para a descida das águas. Por extensão, passaram a ser conhecidos por "obrageiros" aqueles que, na sua maioria, ontem quase na sua unanimidade, dedicavam-se ao trabalho da extensão de madeira. Os "obrages" são, hoje, instalações mais ou menos aparelhadas, à margem do Paraná e de trechos de alguns de seus afluentes da margem esquerda. Lima Figueiredo assim se refere a um deles: "Em Porto Ipiranga funciona um "obrage", que é o nome 
Obrageiro
Obrageiro - Ilustração de Percy Lau
dado ao lugar onde se faz a extração de madeiras". Para esclarecer, logo adiante: "O porto e o "obrage" pertencem à Empresa Alfredo Giambelli e Cia., de Rosário"... A necessidade de penetração na zona florestal, entretanto, separou o "obrage" do lugar em que, na verdade, se extrai a madeira. O trabalho dos "obrageiros" tornou-se muito mais penoso.
Em primeiro lugar, trata-se de descobrir as árvores. O "obrageiro" interna-se na mata, estabelecendo uma picada inicial que liga as diversas árvores que vai encontrando e que servem para o corte. Depois de se internar pouco mais ou menos uma légua, volta, e assinala, na entrada da picada, numa estaca, o número de árvores encontradas. Da boca dessa picada, então, abre a picada "maestra", com cerca de três metros de largura, dela irrompendo os atalhos que levam às árvores já marcadas para o corte. Começa, depois, a tarefa do corte, propriamente: a madeira é cortada e lavrada a machado, aproveitando todo o comprimento da árvore. Resta o transporte e, junto ao porto, a construção das pranchas, para o escoamento natural, pelo rio, - uma vez que o mercado platino constitui, de há muito, o melhor consumidor para a madeira nacional.

A proximidade de países vizinhos, em que a barranca do Paraná é mais povoada do que a do nosso lado, fez com que o "obrageiro" se apresentasse, no seu início, como trabalhador estrangeiro, não radicado na terra. Alguns focos brasileiros de povoamento, entretanto, e o estabelecimento de algumas companhias madeireiras nacionais, já têm neutralizado, em parte, tal aspecto. O trabalho do "obrageiro" é penoso e relativamente especializado, porque ele necessita conhecer as árvores próprias para o corte. Sua vida é difícil e cheia de privações. De sua tarefa surgiram os primeiros caminhos no oeste paranaense, e alguns se transformam já em razoáveis estradas - tudo gravitando para o vale do Paraná, embora boa parte da madeira, hoje, de zonas mais afastadas daquele rio, tenha no mercado nacional o seu escoadouro natural. 


Fonte :  Obrageiro / Nelson Werneck Sodré in Tipos e Aspectos do Brasil. - Departamento de Documentação e Divulgação Geográfica e Cartográfica / Instituto Brasileiro de Geografia / Fundação IBGE. - Rio de Janeiro, 1970



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