Em
primeiro lugar, trata-se de descobrir as árvores. O "obrageiro"
interna-se na mata, estabelecendo uma picada inicial que liga as
diversas árvores que vai encontrando e que servem para o corte. Depois
de se internar pouco mais ou menos uma légua, volta, e assinala, na
entrada da picada, numa estaca, o número de árvores encontradas. Da
boca dessa picada, então, abre a picada "maestra", com cerca de três
metros de largura, dela irrompendo os atalhos que levam às árvores já
marcadas para o corte. Começa, depois, a tarefa do corte, propriamente:
a madeira é cortada e lavrada a machado, aproveitando todo o
comprimento da árvore. Resta o transporte e, junto ao porto, a
construção das pranchas, para o escoamento natural, pelo rio, - uma vez
que o mercado platino constitui, de há muito, o melhor consumidor para
a madeira nacional.
A proximidade de países vizinhos, em que a barranca do Paraná é mais
povoada do que a do nosso lado, fez com que o "obrageiro" se
apresentasse, no seu início, como trabalhador estrangeiro, não radicado
na terra. Alguns focos brasileiros de povoamento, entretanto, e o
estabelecimento de algumas companhias madeireiras nacionais, já têm
neutralizado, em parte, tal aspecto. O trabalho do "obrageiro" é penoso
e relativamente especializado, porque ele necessita conhecer as árvores
próprias para o corte. Sua vida é difícil e cheia de privações. De sua
tarefa surgiram os primeiros caminhos no oeste paranaense, e alguns se
transformam já em razoáveis estradas - tudo gravitando para o vale do
Paraná, embora boa parte da madeira, hoje, de zonas mais afastadas
daquele rio, tenha no mercado nacional o seu escoadouro
natural.
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