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A
nação Mura também resistiu durante séculos
aos portugueses que penetraram na região Amazônica entre os
rios Madeira e Negro. No início do século XVIII, os jesuítas
foram chamados para aldear esses indígenas no rio Abacaxis. Como
não tiveram muito sucesso, mudaram o aldeamento para um lugar mais
ao sul, chamado Itacoatiara, mesmo assim sem resultado.
Os
comerciantes luso-brasileiros tinham muito interesse em deixar livre a
região, pois o rio Madeira era na época passagem natural
para Vila Bela, então capital do Mato Grosso, que por sua vez dava
acesso a Cuiabá e daí para o restante da colônia.
Pressionaram
então o capitão do forte São José do Rio Negro,
hoje Manaus, para que mandassem suas tropas destruir as numerosas aldeias
dos Mura ao longo dos rios Negro e Madeira.
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O zoólogo J. B. von Spix
e o botânico C. F. von
Martius estiveram na
Amazônia em 1820.
Aqui registram a visita
a uma maloca Mura.
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A
resistência dos Mura se prolongou por mais de cem anos. Utilizando
a tática da guerrilha, conseguiram manter afastada a expansão
colonial. Apenas no final do século XVIII, as missões carmelitas
conseguiram aldear esses valentes indígenas.
Muitos
outros grupos foram dizimados ou aldeados, liberando os grandes rios, como
Solimões, Madeira, Negro, Branco e Amazonas, aos invasores portugueses,
que então podiam viajar por centenas de quilômetros através
de suas ribeiras esvaziadas de gente e abandonadas.
O
jesuíta João Daniel escreveu com tristeza: “Esses rios, um
dia povoados de índios tão numerosos como nuvens de mosquitos
e aldeias sem fim, com uma diversidade incontável de línguas
e povos, foram abandonados: de mil índios, resta um”.
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