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hectares,
e tampouco quantas desapareceram em consequência da
depopulação que
por certo os atingiu nas últimas décadas. Em 1969, falava-se da
existência de 20 aldeias distribuídas ao longo dos rios Aripuanã
e
Roosevelt.
Dados reunidos durante 1981, e que devem cobrir a maior parte das aldeias, indicam a existência de 347 pessoas. Mesmo que se admita a existência de outras aldeais dispersas pela área, a população Cinta Larga não deve ultrapassar de modo significativo o total acima registrado. A casa tradicional Cinta Larga pode ser vista no trajeto aéreo que liga o Posto Indígena Roosevelt ao Posto de Atração de Serra Morena, entre os rios Roosevelt e Aripuanã. Em pequenas clareiras espalhadas na floresta, avistam-se construções amplas, de planta oval, cobertas inteiramente de palha. Uma única casa compõe a aldeia. Fotografias de 1976 mostram que as primeiras construções Cinta Larga em Serra Morena repetiam o mesmo padrão. Mas, por ocasião da pesquisa, tinham sido substituídas por pequenas casas, de pau-a-pique ou madeira, ou por versão simplificada do estilo tradicional com dimensões reduzidas. De modo geral, essas casas contêm apenas um cômodo de 3m por 3m, sem janela. No seu interior, as redes são armadas lado a lado e pelo chão se distribuem uma série de objetos: crânios de caititu, facas e panelas de metal, cestas com cocos de tucumã, penas, fio de algodão, etc.. Não é raro que filhotes de cachorros, de patos e galinhas tenham por ali seu abrigo, misturando-se aos restos de instrumentos quebrados, cascas de frutas, espinhas de peixe, ossos, que apenas ocasionalmente são removidos. Uma pequena fogueira que aquece o ambiente à noite é usada também para o cozimento dos alimentos. Observando-se com cuidado esse interior, vê-se que o número e a variedade de objetos são pequenos. Não há dúvida de que o maior contato com "civilizados" vem fazendo com que sintam necessidades crescentes. Mas no seu estilo de vida próprio, mesmo tendo tudo que necessite, os pertences dos Cinta Larga são poucos. Para o observador fica a impressão de um desprendimento tranqüilo em relação aos bens materiais. Não que estes sejam de fácil aquisição, mas porque sua posse parece estar fundada na consciência de sua transitoriedade. Numa mesma casa reside pelo menos uma família nuclear. Em determinadas ocasiões, um pequeno cômodo chega a acomodar dez pessoas. As alterações no número de moradores de uma casa acompanham a própria flutuação da população local. |
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Fonte: Os Cinta Larga / Carmen Junqueira (Depto. de Antropologia, Pontifícia Universidade católica de São Paulo) in Revista de Antropologia, Volumes 27/28.- São Paulo : Publicação do Departamento de Ciências Sociais (Área de Antropologia) - Faculdade de Filosofia, Letras eCiências Humanas - Universidade de São Paulo, 1984/85
Instituto Socioambiental - ISA
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