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A Caça

Entre os Araweté

A caça é objeto de intenso investimento cultural. Os Araweté caçam uma grande variedade de animais; em ordem aproximada de importância alimentar, temos: jabotis, tatus, mutuns, jacus, cotia, caititu, queixada, guariba,  macacos-pregos, paca, veados, inhambus, araras, jacamins, jaós e anta. Tucanos, araras, a harpia e outros gaviões menores, os mutuns, o japu e dois tipos de cotingas são procurados também pelas penas, para flechas e adornos. As araras vermelha e canindé, e os papagaios, são capturados vivos e criados como xerimbabos na aldeia. (Em 1982, a aldeia tinha 54 araras criadas soltas.)
As armas de caça são o arco de madeira de ipê, admiravelmente bem trabalhado, e três tipos de flecha. As armas de fogo foram introduzidas em 1982, e seu uso tem levado à diminuição da população animal nos arredores, obrigando os Araweté a cobrirem um raio maior de território.

Um dia na Estação Seca

O homem sai para caçar, em geral com dois ou três companheiros; se não, vai ajudar a mulher a torrar milho, ou vai com ela à roça, buscar milho e batata, aproveitando para caçar nos arredores.
Volta da caça
Irãno-ro tocando a trompa na volta da caçada
Foto: Eduardo Viveiros de Castro, 1981

Ao meio-dia a aldeia está vazia. Quem foi à roça já voltou e está em casa, fugindo do sol forte. O calor da tarde começa a amainar às quatro; a aldeia se reanima. As mulheres pilam milho, recolhem lenha, buscam água, à espera dos caçadores. Os homens que ficaram na aldeia ajudam no serviço do milho, ou trabalham na feitura e manutenção de suas armas.
Acampamento de caça
Iriwopay-ro num acampamento de caça
Foto: Eduardo Viveiros de Castro, 1981
Entre as cinco e seis horas, já escurecendo, vão chegando os caçadores. Sozinhos ou em grupo, entram apressados e silenciosos, ignorando os comentários que sua carga desperta nos pátios por onde passam, só parando no terreiro de suas casas. Vão-se então banhar, enquanto as mulheres acendem as fogueiras para a refeição noturna. Quando a caçada do dia foi abundante, a animação toma conta de todos. Quem não está ocupado em cozinhar passeia pelos pátios, observando o que lá se prepara. As crianças correm, dançam e brincam pela aldeia; as araras gritam estridentemente, e seus donos começam a recolhê-Ias.

No cair da noite começa uma ronda gastronômica de pátio em pátio. Quando a carne é muita, isto se estende até as dez horas ou mais, cada família convidando, sucessivamente, as outras. Os homens dão gritos agudos e prolongados, convocando os moradores de outros setores residenciais a comer o porco, o mutum ou o tatu que se prepara. 
As famílias vão-se reunindo no pátio do anfitrião, trazendo ou não seus filhos pequenos, conforme as estimativas da comida disponível. Cada casal que chega traz seu próprio cesto com paçoca de milho. Todos se sentam em esteiras no chão, perto da carne; tagarela-se, ri-se, a balbúrdia é geral.
Após as refeições noturnas, a aldeia começa a silenciar. As famílias voltam para seus pátios, onde se deitam a conversar. Por volta da  meia-noite, quase todos já estão dentro de suas casas. A menos que uma dança opirahe esteja sendo realizada em algum lugar da aldeia.

Entre os Cinta Larga

A caça é a atividade que os Cinta Larga mais apreciam, principalmente se puder ser feita com espingarda. As poucas armas disponíveis em Serra Morena circulam intensamente durante a estação seca, desde que haja munição. Nessa época, a caça noturna é mais comum. Dois ou três homens partem de canoa em direção aos "barreiros", locais freqüentados pela caça, sempre que a fase da lua propicia noites escuras. Em 1980, num período consecutivo de 60 dias, foram realizadas 33 caçadas, com duração que variava de poucas horas a um dia. O insucesso é raro, tal a quantidade de paca, anta, veado, jacaré e muitos outros animais na área.

Durante o dia, a caça é mais imprevisível. Macacos, mutuns e onças são surpreendidos no decorrer das excursões de coleta ou nas pescarias. Apenas quando se localiza um bando de caititu ou de queixada é que os homens saem de dia com o objetivo de apenas caçar.

Não é fácil calcular o raio de dispersão dos caçadores. Acredito que a distância média não ultrapasse 10 ou 15 km. No reconhecimento da mata que fazem durante as excursões, localizam não apenas os alimentos que consomem mas também as espécies preferidas de alguns animais. Tão logo esses frutos amadureçam, o local passa a ser visitado pelos caçadores. Para pegar tucano, por exemplo, constroem pequenos abrigos no ponto mais alto do tronco da fruteira, onde aguardam pacientemente a chegada do pássaro. Na orla da floresta, nas capoeiras, nas roças, erguem-se as cabanas de galhos, de palmas, usadas para surpreender passarinhos. É a atividade cotidiana da primavera, apreciada pelos homens e que serve de treino aos meninos.
A caça grande ou o produto de grandes pescarias são distribuídos no retorno à aldeia. O dono retém uma boa porção para o consumo dos membros de sua casa e reparte o resto. 

Entre os Tenetehara-Guajajara


A caça de animais silvestres é muito praticada entre os Tenetehara-Guajajara, porém não dão ênfase à pesca; mas a coleta de frutos comestíveis contribui bastante para a subsistência, porém sua maior ocorrência é na estação chuvosa, de dezembro a junho.

Fontes: Araweté: O Povo do Ipixuna / Eduardo Viveiros de Castro. - São Paulo : CEDI - Centro Ecumênico de Documentação e Informação, 1992
Os Cinta Larga / Carmen Junqueira (Depto. de Antropologia, Pontifícia Universidade católica de São Paulo) in Revista de Antropologia, Volumes 27/28.- São Paulo : Publicação do Departamento de Ciências Sociais (Área de Antropologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Universidade de São Paulo, 1984/85.


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