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A Coleta

A Coleta é uma das atividades mais importantes dos indígenas brasileiros. Das matas eles recolhem alimentos: frutos, castanhas, mel; madeira e palmas para a construção de suas casas; troncos para construção de bancos, pilões; material para os arcos e flechas; cabaças para cuias e outros recipientes; fibras para os trançados e tecelagem; corantes para a pintura corporal e outros fins; ervas medicinais, etc.
Vejamos alguns exemplos:

Entre os Enawêne-Nawê


A vida dos Enawêne-Nawê segue o ritmo das estações, que são bem definidas: a época das chuvas, que vai de outubro a março, e a época da seca, entre os meses de abril até setembro.
Enawêne-Nawê
Indígena Enawêne-Nawê apanhando madeira para a construção
Foto: Serge Guiraud

Os homens tem sob sua responsabilidade o provimento da lenha para o fogo, madeira para a construção das casas, roás, e pela coleta de resinas, frutas, cogumelos, mel e cipó. 
Entre os Cinta Larga

Nas excursões de coleta eles caminham rapidamente pela mata, mas são muitas as paradas para descanso. Atividade e repouso se alternam. Pelo caminho, observam os detalhes da vida da mata: os alimentos disponíveis, os venenos e as plantas medicinais. Sem pressa se organizam para tirar
proveito do passeio. Se o objetivo é a coleta de mel, acampa-se nas proximidades da árvore a ser derrubada. Duas ou mais horas se passam até que tenham concluído o trabalho, fartando-se de mel e enchendo os vasilhames que serão levados para a aldeia.
Recolhe-se o que foi localizado na ida: castanhas, o que sobrou das fruteiras, madeira para ponta de flecha, a caça abatida e tudo o mais que tenha utilidade no momento. Cada mulher carrega o produto que vai para sua casa. Os homens, as armas.
Passeios semelhantes são feitos para coletar castanha; outros, mais longos, visam os poções piscosos, a reversa de taquara para flecha. Caça, pesca, coleta e consumo combinam-se durante essas expedições em arranjos e proporções variados, de acordo com a necessidade, o desejo e a oportunidade.
Entre os Araweté

A coleta é uma atividade importante. Seus principais produtos alimentares são: o mel, de que os Araweté possuem uma refinada classificação, com pelo menos 45 tipos de mel, de abelhas e vespas, comestíveis ou não; o açaí (Euterpe oleracea); a bacaba (Œnocarpus sp.); a castanha-do-Pará (Bertholetia excelsa), importante na época das chuvas; o coco-babaçu (Orbygnia phalerata), comido e usado como liga do urucum, e para ductilizar a madeira dos arcos; e frutas como o cupuaçu (Theobroma grandiflorum), o frutão (Lucuma pariry), o cacau-bravo (Theobroma speciosum), o ingá (Inga sp.), o cajá (Spondias sp.), e diversas sapotáceas. Destaquem-se ainda os ovos de tracajás (Podocnemis sp.), objeto de excursões familiares às praias do Ipixuna em setembro, e os vermes do babaçu (Pachymerus nucleorum), que podem também ser criados nos cocos armazenados em casa.
Coleta do Mel
Coleta do mel -  Os Araweté constroem andaimes para alcançarem o mel.
Foto: Eduardo Viveiros de Castro
Dentre os produtos não-alimentares da coleta, podem-se registrar: as folhas e talas de babaçu para a cobertura das casas, esteiras, cestos; a bainha das folhas de inajá (Maximiliana maripa), açaí e babaçu, que servem de recipientes; dois tipos de cana para flecha; o taquaruçu para a ponta das flechas de guerra e caça grossa; a taquarinha e outras talas para as peneiras e o chocalho de xamanismo; a cuia silvestre para o maracá de dança; madeiras especiais para pilões, cabos de machado, arco, pontas de flecha, esteios e vigas das casas, paus de cavar, formões; enviras e cipós para amarração; e barro para uma cerâmica simples, hoje em desuso com a introdução das panelas de metal.
Os Yanomami cultivam pequenas roças onde plantam banana, mandioca, algodão e milho. Mas é da própria floresta que obtêm seu principal sustento. Os Yanomami, como os demais grupos indígenas, não acumulam riquezas, só colhem e caçam aquilo de que necessitam, protegendo assim a floresta de uma pressão excessiva e dando tempo para a sua reconstrução.

Atualmente, os povos coletores são grupos  minoritários. Nesses quinhentos anos de  dominação foram sendo obrigados a adotar a vida sedentária e a praticar a agricultura em decorrência dos aldeamentos e das políticas  colonial e imperial. Esse é o caso dos Pataxó que  vivem no município de Porto Seguro e que falam apenas o português.
Mulher Yanomami na coleta de lenha
Mulher Yanomami na coleta de lenha
Outros grupos conseguiram resistir a essas imposições e continuam vivendo segundo a maneira tradicional, como os Nambikuara, os Maxakali e parte dos Pataxó Hã-hã-hãe (os Baenã).

Tradicionalmente os povos coletores viviam da caça, pesca, coleta de frutos, larvas e mel. Plantavam também alguns produtos, mas era de forma pouco sistemática e durante um certo período do ano. Na pesca usavam técnicas  tradicionais, como o cerco e a tarrafa, que são atualmente ainda empregadas pelos Maxakali. Apesar dos deslocamentos contínuos, possuíam um território bastante definido.

A maioria desses povos dormia no chão, sobre palha ou sobre a pele de um animal, mas alguns, como os Puri, usavam rede feita de casca de árvore. Os Nambikuara ainda hoje têm o hábito de dormir na cinza em noites mais frias, por isso ficaram conhecidos também como o povo cinza. As moradias eram sempre muito rudimentares.

Fontes: Enawêne-Nawê, disciplinados, solidários e alegres / Mário Moura Filho in Brasil Indígena - Fundação Nacional do Índio - FUNAI. Ano II - nº 8 - Brasilía/DF, Jan/Fev, 2002
Os Cinta Larga / Carmen Junqueira (Depto. de Antropologia, Pontifícia Universidade católica de São Paulo) in Revista de Antropologia, Volumes 27/28.- São Paulo : Publicação do Departamento de Ciências Sociais (Área de Antropologia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Universidade de São Paulo, 1984/85

Araweté: O Povo do Ipixuna / Eduardo Viveiros de Castro. - São Paulo : CEDI - Centro Ecumênico de Documentação e Informação, 1992
Brasil Indígena: 500 anos de resistência / Benedito Prezia, Eduardo Hoomaert. - São Paulo: FTD, 2000.


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