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São
igualmente discriminados os
corantes aplicados na tintura do fio, porém apenas os de
origem vegetal:
O corante Vermelho é extraído do Urucu (Urucum), árvore cultivada da família das Bixáceas. Do invólucro da semente dissolvido em água retira-se a matéria tintorial vermelho-carmim (bixina) de largo emprego na tinturaria de fios e outros fins (como pintura corporal). O corante orelina do urucu, de tonalidade amarelo-alaranjada, é também empregado na tintura de fios e tecidos. Do Pau Campeche (família das Cesalpináceae) “de cuja casca em estado putrido extraem os indígenas uma tinta de finíssimo carmim” (Andrade 1926). O corante, kemateina, púrpura vivo, segundo este autor, utilizado da indústria tintorial, fornece matizes, entre os quais, o violeta; do Pau-de-Arara, da família Rubiaceae, a entrecasca desta árvore contém uma matéria tintorial que fornece corante vermelho utilizado pelos indígenas Tukúna, além de outros, em suas obras têxteis. Quando a fervura do lenho se faz com águas ferruginosas surge “um matiz bruno-violeta, em lugar do carmim nítido, da verdadeira matéria corante, que é a brasileira” (Andrade 1926); as frutas frescas esmagadas do Platanillo de Altura, da família Zingiberaceae, fornecem um pigmento púrpura utilizado pelos Tukúna para colorir os fios; O Preto é extraído da casca e dos frutos do Jenipapo, da família das Rubiáceas, que contém um corante azul escuro ou violeta que, pela oxidação do contato com o ar, se torna preto. É empregada pelos indígenas na pintura corporal e tingimento dos tecidos, trançados e outros artefatos; o barro preto (tejuco) é mencionado por um autor (Frikel 1973) como pigmento para tingir fibra entre os Tiriyó. Seu uso foi também observado por Berta G. Ribeiro entre os Jurúna e por Jussara Gruber, entre os Tukúna, em combinação com corantes vegetais ainda não identificados. O Amarelo é extraída da raiz do Açafrão-da-terra, difundida entre diversas tribos: alto Xingu, Kayabí, Jurúna, Karajá e alto rio Negro. O preparo da tinta é mais elaborado entre os Jurúna do que entre os outros grupos, uma vez que lhe juntam folhas maceradas de planta não identificada como mordente; tornando o tanino mais firme e o amarelo mais carregado: cor mostarda; do rizoma do Cipó Aninga-Pará, da família das Aráceas, extraído pelos indígenas Tukúna; da madeira da Tatajuba-de-Espinho, da família das Moráceas, cujo corante amarelo-vivo (ácido morintânico) é utilizado para corar fios de algodão e palmária; O Verde é extraído das folhas da Pupunha e da Maranta, que os indígenas Tukúna utilizam em seus trabalhos de cordaria e tecelagem; O Marrom é extraído da entrecasca do Mogno (família Meliaceae). Os indígenas Asurini utilizam para tingir suas meadas de algodão; O Anil, corante da família Leguminosae papilionoideae. A bibliografia registra o uso dessa planta na tinturaria de fios na cor azul claro. |
Fiação da Seda
Tximaio
fiando seda do buriti. Ao lado, um novelo desta
dessa fibra. Indígena Yawalapití Foto: Fred Ribeiro, 1980 |
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Tingimento com Urucum Braçadeira
tecida pela técnica do crochê com fio de algodão
sendo pintada de urucum. Indígena Mentuktíre (ou Txukahamãe), aldeia Kretíre, norte do Parque Indígena Xingu. Foto: Fred Ribeiro, 1980 |
Fonte: Dicionário do Artesanato Indígena / Berta G. Ribeiro; ilustrações de Hamilton Botelho Malhano. - Belo Horizonte : Itatiaia ; São Paulo : Editora da Universidade de São Paulo, 1988
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