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Ritos do Nascimento
Urubus-Kaapor
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Ritos de Nominação
Ritos de Iniciação
Ritos de Casamento
Ritos do Guerreiro
Ritos do Pajé
Ritos Fúnebres

Ritos do Nascimento entre os Urubus-Kaapor
(Registro de Darcy Ribeiro)
Vamos registrar alguns dados sobre o nascimento, Ritos couvade, o resguardo e a iniciação.

O pai prepara a casa para o parto, começando esse trabalho um mês antes do tempo previsto para o nascimento. Não têm, pai e mãe, qualquer restrição alimentar antes do parto, somente as relações sexuais deixam de se processar desde o segundo mês, quando a mulher se sente prenha.
Nesse período, alguns casais jovens, que não podem suportar a abstinência, mantêm relações, mas o homem não introduz o membro, apenas se esfrega por fora. Se tiverem relações durante a gravidez, o filho sairá com a cabeça achatada, dizem eles.

Depois de preparar a casa, o futuro pai trança uma esteira tupi ou tupé, que fica debaixo da rede nos últimos dias. Uma velha, geralmente a tia ou mesmo mãe da mulher, sempre está de sobreaviso esperando o parto.Quando chega o momento, o homem tira a mulher da rede e, sustentando-a de costas para ele, pelas axilas, a coloca suspensa num buraco aberto previamente no chão do rancho e coberto de folhas de sororoca, para que tenha ali o filho. Nisso, chega a velha que fará o trabalho de parteira, cortará o umbigo com uma espátula de taquara (atualmente tesoura, quando têm) devidamente preparada, retirará a placenta e dará à mulher um banho com água quente. Depois, ainda enterrará dentro do rancho, debaixo da rede da mãe, a placenta e o umbigo num buraco mais fundo que a altura de seus joelhos. Antes de sair para esse trabalho, entrega a criança já enrolada num pano à mãe, que está sentada na rede.
Mulher em resguardo
Mulher em resguardo
Nesse momento, o pai já estará deitado com as mãos atrás da cabeça e assim ficará, ainda mais imóvel e calado que a mulher, durante alguns dias. Nesse período, a velha parteira cozinhará para eles; pode também ser uma irmã do homem ou da mulher, ainda menina, como observamos.
O casal só pode comer farinha e carumbé (jabuti branco). No terceiro dia após o nascimento, se é homem o neonato, vem o seu futuro padrinho, irmão do pai, oferecer-lhe uma miniatura de arco e flechas, que amarra no braço da rede como oferenda de bom presságio, para que o novo menino seja bom caçador. Parece que o arco pode ser feito pelo próprio pai, pois temos um amigo aqui que, ainda durante a gravidez da mulher, esperando que seu primogênito fosse homem, preparou-lhe um arco (e nasceu uma menina). Quando é menina, uma tia, irmã da mãe, é que vem fazer a
oferenda, traz uma tanguinha, sua primeira roupa, que tem também o mesmo sentido de bom augúrio ..

No quarto dia, a mãe retira o cordão umbilical que, então, já está soltando e faz com ele uma pulseira para o braço esquerdo do neonato, a fim de que, quando crescer, seja um bom caçador de veados, antas, onças. Ou, se mulher, uma boa tecedeira de redes e habilidosa nas outras tarefas femininas.

No quinto dia, o pai se levanta pela primeira vez e se aproxima do filho, mas não pode ainda torná-lo nos braços; esquenta a mão no fogo até o ponto suportável e achata o nariz do filho, para que não fique muito comprido. Esquenta novamente a mão e faz uma massagem na testa, sobrancelhas, olhos, para ficarem bem abertos e evitar a zarolhice. Ainda uma vez, esquenta as mãos, para alargar os ombros e o peito do filho.

Fonte : Diários Índios: Os Urubus-Kaapor / Darcy Ribeiro. - São Paulo: Companhia das Letras, 1996.


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