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Arte Popular e Artesanato

Os folcloristas distinguem atualmente os conceitos de arte e de artesanato folclóricos, que têm a mesma origem das artes e artesanatos denominados populares, com a diferença que estes últimos são mais comerciais ou de consumo.

A arte popular é aquela cujo produto só tem a função decorativa ou ornamental: esculturas, pinturas, cerâmica figurativa, bordados, rendas, bijuterias, papéis recordados, máscaras, etc. O artesanato é essencialmente utilitário, mas com alguma decoração, possuindo duas funções: a estética e a utilitária, como: cerâmica, tecelagem, trançados, couros, assim como algumas ferramentas rústicas, como fusos, pilões, rodas d'água, monjolos, etc.

O artesanato está geralmente relacionado com os recursos naturais existentes e decorre da relação entre o homem e o meio, refletindo o sistema de vida adotado pelos moradores de certa região.

Os mais importantes trabalhos de arte popular são:

Escultura e pintura - As esculturas mais interessantes são as relacionadas com as crenças religiosas, isto é, imagens de santos, os presépios, geralmente de aparência rústica, as carrancas do rio São Francisco. Outras formas de esculturas são os "ex-votos" ou "promessas", executados em madeira ou cera, representando braços, pernas, cabeças e várias partes do corpo humano, oferecidas aos santos em agradecimento por curas ou proteção especial e aparecem dependuradas nas capelas e salas de milagres dos santuários populares. A pintura em igrejas, bandeiras de festas e folguedos populares, as pinturas em bares, vendas, representando paisagens das cidades de origem dos proprietários, retratos de personagens históricos, etc. A pintura em areia de diversas cores, colocadas em garrafas, muito comum nos estados do Nordeste.

Mestre Vitalino - Ilustração de José Lanzellotti

Cerâmica figurativa - É aquela que representa forma de animais e figuras humanas.

Um dos mestres da cerâmica figurativa foi Vitalino de Caruaru, que costumava representar senas da vida cotidiana do nordeste.

As moringas do Vale do Jequitinhonha, com formato de galinhas e outras aves, podem ser consideradas mais figurativas do que utilitárias, pois são mais decorativas que úteis.

Bordados e rendas - A renda é o entrelaçamento de fios, formando um desenho, sem haver um fundo em tecido preparado. Sua execução é feita por meio de bilros. Os alfinetes de cabeça ou os espinhos de mandacaru (no Ceará) têm a função de segurar o fio no modelo, preso a uma almofada, e a renda é tramada pela linha enrolada nos bilros.

A renda é conhecida desde épocas remotas da humanidade e a ela já se referia a mitologia grega. As mulheres portuguesas nos legaram esta arte, daí a existência de rendeiras em várias regiões do Brasil.

Conforme o seu formato ela é denominada: bico de ponta e entremeio. Além destas duas que são fabricadas por metro, aparecem outras em quadrados ou retângulos, que servem para aplicações em tecidos. Existem ainda as rendas de agulha, formas tramadas sobre bases colocadas em modelos de papel. Elas se aproximam mais dos bordados, bonitos ornamentos feitos de agulha com linhas brancas ou de cores vivas sobre tecidos.

Os pontos mais usados nos bordados são: de corrente, de espiga, caseado, laçada, ponto aberto, fechado, cheio, vazio, etc. Entre os bordados podemos colocar as tapeçarias. Como pontos mais usados temos: Smirna, arraiolo, de cruz e meio ponto. Entre a renda e o bordado situam-se os crochês e constituem verdadeiras obras de arte, além dos crivos e labirintos, que são feitos desfiando-se primeiramente o tecido e depois bordando sobre os fios restantes, formando desenhos que parecem rendas. Este tipo de trabalho é feito principalmente no Nordeste.

Bilro - Ilustração de José Lanzellotti

Balangandans

Bijuterias - São dignas de menção, sendo algumas delas autênticas joias. As mais comuns são as correntes de prata com medalhas de santos ou amuletos. Entre as joias propiciatórias estão os "balangandans". Espécie de broche preso à cintura das baianas, com tetéias de prata ou metal amarelo, geralmente de conotação supersticiosas: calungas, figas, búzios, signos de Salamão, romãs, peixes, cachos de uva, chaves, etc. Outros matérias usados na confecção de joias populares são: casca de tartaruga e artigos de marfim vegetal, no Norte e Nordeste. 

Contas e missangas servem para a confecção de colares e terços, sendo estes últimos fabricados também com sementes coloridas, como capiá, olho de cobra, etc. As conchas são utilizadas na confecção de cintos, brincos e colares. Em Minas Gerais são muito apreciadas as joias de prata da cidade de Tiradentes, assim como as de coco e ouro executadas em Diamantina. No Sul também, na zona da Mata e do Pastoreio, floresce a arte da prata nas bombilhas e suportes das cuias de chimarrão, assim como nos arreios, cabos de chicotes, bainha de facas, etc.

Papel recortado - A arte de recortar papéis é muito difundida nos meios populares. Nas festas, tanto para ornar as mesas, coo em caixinhas de doce, toalhinhas para fundo de prato e as franjas das balas. Nas cozinhas da roça as prateleiras costumam ser enfeitadas com "bicos" recortados, formando desenhos, que muitas vezes parecem rendas de papel. Flores de papel. Bandeirolas suspensas por barbantes usadas nas festas de igrejas e juninas. Os balões de São João, exemplos da arte de recortar papel, assim como os papagaios ou pipas, usadas pelas crianças. O Cata-vento, outro brinquedo, recortado em cartolina colorida e que gira de acordo com o vento. As máscaras de carnaval, sendo as mais procuradas aquelas que representam figuras e seres imaginários Tornam-se indispensáveis em certos folguedos, como os palhaços das "Folias de Reis".

Cartuchos - Foto de Angelo Zucconi

Vaso executado no estilo marajoara
por Guilherme Santana - ilha de Marajó

As principais formas de artesanato são:

Cerâmica - Ela esteve presente em todos os momentos da vida do homem, desde a pré-história. De um modo geral ela pode ser classificada em utilitária e figurativa. Já nos referimos à cerâmica figurativa na parte relativa à arte folclórica.

Cerâmica utilitária - É aquela que executa objetos de uso caseiro, como: potes, moringas, panelas, bilhas, vasos, etc. Ela teve sua origem no período neolítico, quando o homem aprendeu a cozinhar o barro. 

No Brasil pré-colombiano ela foi usada em grande escala, destacando-se artisticamente as de Marajó e Santarém. Ela pode ser produzida a mão ou através de rodas ou tornos, com a ajuda da mão. Na sua confecção predomina o sexo feminino e estas são denominadas oleiras, louceiras ou paneleiras.

Trançados - A arte de trançar é encontrada em quase todos os povos primitivos. Vários tipos de cestas e peneiras eram feitos pelos ameríndios, sendo portanto conhecidos os trançados por diversas tribos brasileiras. Certamente os cesteiros atuais herdaram técnicas de nossos indígenas além de receberem influências lusas e africanas.
Os objetos trançados, principalmente a cestaria e urupemaria, constituem um dos artesanatos mais difundidos e praticados no Brasil, devido À abundancia de matéria-prima, principalmente o bambu, que conforme a grossura recebe nomes diversos e é empregado em trabalhos diferentes. Existem três técnicas para produzir a cestaria: tecida, passando as fibras alternadamente por cima e por baixo; torcida, torcendo ou entrelaçando fibras sobre um urdidura de gravetos ou material diverso; espiral ou costurada, formando a espiral com raiz ou feixes de varinhas e nela enrolando as tiras que, de espaço em espaço, abraçam a volta anterior, para costurar sucessivamente os círculos da espiral. Além do bambu são usados vários outros matérias: cipó, vime, palha de milho, de arroz, de carnaúba, buriti, caroá, etc. Com eles fabricam-se também: jacás, balaios, samburás, peneiras de todos os tipos, capas de garrafas, assentos de cadeira, vassouras, além de bolsas, cestas, chapéus e capas de chuva feitas de buriti, etc.

Balaios, bolsa e leque em trançado de taquara: Artesãos catarinenses

Couro - Nas zonas de pastoreio é muito comum o uso do couro, tanto para a indumentária: chapéu, gibão, luvas, perneiras, sapatos, cintos, etc., como para arreiame (arreios) de animais de sela ou de tiro. Geralmente nestas regiões, principalmente no Ceará e Alagoas, o chicote é todo de couro, a corda é feita de couro trançado e a faca de mato está sempre metida em bainha de couro presa à cintura.

Tecelagem - A técnica dos tecidos iniciou-se no Brasil pouco após a sua descoberta e conserva-se até hoje. Ela começa com a preparo do fio, que pode ser de algodão, lã, linho ou fibras vegetais, primeiramente cardados e depois transformados em fio no fuso ou roca de pedal.
Os fios são depois estirados em teares manuais ou de pedal e trançados formando a trama desejada, misturando fios crus e tintos em cores diferentes. Os açorianos, trazidos para o nosso país no século XVIII acrescentaram à fiação do algodão, usada inicialmente, as de lã e do linho e esta técnica deu origem aos antigos panos caseiros de linho e aos cobertores axadrezados de cores vivas. Em Minas Gerais ainda são comuns os teares caseiros e as técnicas primitivas de fiação em fuso e roca. Do algodão, tucum, e outras fibras, tecem-se no Norte e Nordeste, assim como no estado de São Paulo, as redes, artesanato que constitui uma das tradições mais legítimas de nossa terra, originária dos indígenas. Dignas de nota no artesanato feminino estão as colchas de retalhos, pitorescas pela policromia de seus tecidos, unidos em formatos e desenhos irregulares ou simétricos de depois forrados de lã ou algodão.

Biscoitos de Nata - Foto de Angelo Zucconi

Doçaria - Entre os vários tipos de artesanato popular não podemos deixar de nos referir à "Sitoplástica", ou esculturas comestíveis, que são algumas vezes verdadeiras obras de arte. Os pães doces modelados com formas de animais figuram no folclore universal e estão ligados a certos ritos mágicos. Na época do Natal, principalmente no Nordeste, usam-se doces e pães com formatos de coelhos, leitões, assim como pães de mel e bolos ornamentados com flores de açúcar e dizeres como: Felicidades, Boas Festas, Feliz Natal, etc. Na Páscoa, os ovos e coelhos de chocolate fazem a alegria de crianças e adultos. 

Existem ainda a chamada indústria caseira, que não é propriamente um artesanato, pois produz em pequena escala e mais para uso doméstico.

Em Pirenópolis (Goiás), por ocasião da Festa do Divino, são feitas as "Verônicas", medalhões de massa de açúcar, recoberta de polvilho, gravados com ponta de canivete, representando figuras de pomba, Nossa Senhora e Sant'Ana. Os biscoitos feitos à mão possuem feitios mais diversos e hoje em dia existem formas e moldes de alumínio e folha de flandres para recortá-los. Os pães doces com formato de coração, rosca, trança, losangos, são muito comuns, porém os bolos de casamento, aniversário, primeira comunhão são as formas comestíveis mais ornamentadas. Geralmente o formato tem alguma relação como o evento: anéis, noivos, igrejas, livros, cálices, palácios, campos de futebol, carrosséis, etc.

Fonte : Folclore Brasileiro / Nilza B. Megale - Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.



Artesanato


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