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Na
orla dos engenhos de açúcar cresce uma população de brancos e mestiços
livres devotados a cultivos secundários e tarefas mais humildes. Essa
população era constituída, na zona rural, por famílias de granjeiros e
de parceiros, dedicados a lavouras comerciais, como o tabaco, ou de
subsistência; os primeiros para consumo interno e exportação; os
últimos para serem levados semanalmente às feiras. Só
a partir do alvará
de 29 de março de 1559, dirigido ao capitão da ilha de São Tomé e
ordenando que, a vista de certidão passada pelo governador do
Brasil, cada senhor de engenho pudesse resgatar até 120 escravos do
Congo, pagando apenas um terço dos direitos, que começa a ser menor
a penúria de braços africanos na colônia. Meio século depois da descoberta do ouro, a região das Minas já era a mais populosa e a mais rica da colônia. A atividade mineradora propiciou a criação de uma ampla camada intermediária entre cidadãos ricos e os pobres trabalhadores das lavras. Eram artífices e músicos, muitos deles mulatos e negros, que conseguiam alcançar um padrão de vida razoável e desligar-se das tarefas de subsistência para só se dedicarem a suas especialidades. Passadas
as décadas de maior recesso (1790 a
1840), surgem e se expandem novas formas de produção agro-exportadoras
com o surgimento do cultivo do algodão e do tabaco e mais tarde o café,
dando início a um lento processo de reaglutinação das populações
caipiras em bases econômicas mercantis. O fumo, desenvolvido paralelamente à lavoura canavieira, servia como valor de troca na Àfrica e era também exportado para a Europa. Seu principal centro produtor foi a capitania da Bahia. O cacau, de início coletado como droga do sertão, passou a ser produzido na época de Pombal. Licores, chocolates e manteiga eram resultantes do seu aproveitamento. Os principais cacauais localizavam-se na Bahia. O sal, ligado à pecuária e extraído nas margens do rio São Francisco e no litoral, do Maranhão ao Rio de Janeiro, começou a ofrer restrições na sua produção a partir de 1665. Ele fazia concorrência com a produção de Setúbal, Figueira e Alverca, regiões salineiras portuguesas. A Coroa chega ao monopólio real sobre o extrativismo, provocando reações dos colonos - como o Motim do Maneta, na Bahia, no início do século XVIII. A pesca da baleia desenvolveu-se nos séculos XVII e XVIII. Do cetáceo se extraía o óleo para iluminação, o alimento, a massa para construções (misturada com cal) e objetos de preparo artesanal. De início a atividade era de estanco, mas a diminuição dos animais em mares brasileiros - determinada pela ação de baleeiros ingleses e estadunidenses nas ilhas Malvinas - leva a abolição do monopólio real, em 1801. Originário
da América,
o algodão
já era utilizado e fiado pelos indígenas antes da chegada
dos brancos. Na colônia, era trabalhado grosseiramente em fiações
domésticas, normalmente para fazer tecidos destinados não ao
comércio regular mas ao uso em vestimentas de escravos. É somente
quando se
toma mercadoria de grande importância no mercado internacional que o
algodão começa a aparecer, tomando-se mesmo uma das principais
riquezas da colônia. A partir de 1760, o
crescimento de suas vendas torna-se muito rápido. O algodão teve o Maranhão e o Grão-Pará com área de cultivo mais antiga. Com ele eram feitos tecidos, apesar da proibição metropolitana, e em alguns casos os seus novelos serviam como moedas. Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Vicente e Goiás foram áreas onde seu plantio ocorreu. A partir da segunda metade do século XVIII houve uma grande expansão da produção algodoeira, especialmente maranhense. Grande compradora de algodão - matéria-prima importante na Revolução Industrial, a Inglaterra deixou, a partir da Guerra da Independência dos Estados Unidos, de se abastecer com produtos das fazendas do Sul daquele país, passandoa comprar o gênero brasileiro para alimentar suas fábricas têxteis. Além do fechamento dos portos brasileiros para embarcações estrangeiras, em 1785, D. Maria I, "a Louca", baixou um alvará proibindo, inclusive, a existência de manufaturas de toda espécie no território colonial. A rainha ordenava a extinção de todas as fábricas, manufaturas e teares, “excetuando-se tão somente aqueles teares e manufaturas em que tecem fazendas grossas de algodão que servem para o uso dos negros e para enfardar e empacotar fazendas e para outros ministérios semelhantes”. “O Brasil é o país mais fértil e abundante do mundo, em frutos e produção da terra. Os seus habitantes têm, por meio da cultura, não só tudo quanto lhes é necessário para o sustento da vida, mas ainda muitos artigos importantíssimos para fazerem, como fazem, um excelente comércio e navegação. Ora, se a essas incontáveis vantagens reunirem as da indústria e das artes para o vestuário, luxo e outras comodidades, ficarão os mesmos habitantes totalmente independentes da Metrópole”. Além do alvará, muitas outras medidas restricionistas foram adotadas nas últimas décadas do século XVIII, tentando preservar o sistema monopolista às vésperas de sua crise definitiva. Além da proibição do fabrico de açúcar no Maranhão em 1761, da ordem para desmontar os engenhos de Minas Gerais, de regulamentos que chegavam a exigir o fim da criação de muares, e de outras restrições confusas e nunca adotadas na prática, chegou-se a ordenar que as pessoas muito ricas se mudassem para o Reino. Com a fuga da corte portuguesa para o Brasil a situação muda: Em 28 de janeiro de 1808, estando ainda em terras da Bahia, o príncipe regente D. João assinava uma carta régia que viria a modificar radicalmente a situação político-econômica do Brasil: tratava-se do famoso decreto de "Abertura dos Portos Brasileiros às Nações Amigas", que punha um ponto final a três séculos de pacto colonial e monopólio lusitano. Iniciava-se o processo de independência política do Brasil, mas, como reverso da medalha, principiava, ao mesmo tempo, a sua dependência econômica em relação à Grã-Bretanha. A
primeira conseqüência
evidente da carta régia de abertura dos portos foi, sem dúvida
alguma, o estímulo às atividades ligadas ao comércio de importação
e exportação. O número de navios entrados em portos brasileiros
aumentou enormemente. Em outros portos, além do Rio de Janeiro, houve
também
um razoável crescimento das atividades, apesar de não ser tão
significativo como no caso da sede do governo. Mas não apenas o
comércio exterior foi afetado. Também o comércio interno
desenvolveu-se, inclusive com a visível presença de mercadores
estrangeiros (principalmente ingleses) estabelecendo-se nas cidades
mais importantes. Com
a mineração, no
século XVIII, o gado muar, do Rio Grande do Sul, tornou-se o meio
básico de transporte interno e o charque passou a alimentar toda a
escravaria das áreas de produção para exportação, principalmente
as produtoras de açúcar e café. As primeiras fábricas surgiram, no Brasil, nas décadas iniciais do século XIX. Eram estabelecimentos de pequeno porte e tiveram, em geral, vida efêmera. Somente a partir de 1870 começaram a aumentar, em número e em importância, num processo que se intensificaria entre os anos 1885-1895. |
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