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Os primeiros
desbravadores do Novo Mundo andavam à pé. Os bandeirantes andavam à
pé pois o cavalo foi quase desconhecido na zona de influência
paulista até o primeiro quartel do século XVII - mesmo porque estas
eram regiões de cobertura vegetal muito densa. Andavam descalços,
esparramando, como os indígenas, toda a planta dos pés pelo chão
ao andar e virando os artelhos um pouco para dentro, o que diminuía
o cansaço e facilitava em muito a marcha.
Eram “homens capazes para penetrar todos os sertões, por onde andam continuamente sem mais sustento que caças das matas, bichos, cobras, lagartos, frutas bravas e raízes de vários paus”. Ao longo dos caminhos percorridos, plantavam roças de subsistência, que iam colher ao voltar ou que deixariam para outros sertanistas usufruírem. ![]() Ilustração (parcial) de Rugendas: Embocadura do
rio Cachoeira.
Muitas regiões só era
possível o acesso através dos rios e, portanto, as canoas eram
muito utilizadas, vencendo as corredeiras, levando os funcionários
encarregados de traçar mapas, ou plantar padrões de pedra,
definindo assim os limites territoriais. As canoas levavam também
víveres e mantimentos.(ver no menu lateral "Embarcações") No século XVI começa, no Nordeste, a formação dos engenhos de açúcar, a vinda das primeiras levas de escravos vindos da África, por volta de 1549. Início também das grandes fazendas com as “Casas grandes” e “Senzalas”. Ambrósio Fernandes Brandão registrou no Nordeste, no início do século XVI, “as mulheres [...] quando vão fora (em visitas) caminham em ombros de escravos metidas dentro de uma rede […] e da mesma maneira as visitas que fazem às suas amigas e parentas”. |
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![]() Ilustração de Jean Baptiste Debret: Regresso de um proprietário |
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Enquanto que no Sul, no mesmo período, os missionários das reduções jesuítias criavam os rebanhos de gado vacum em suas estâncias. Do
começo do século XVII até meados do século XVIII, o sertão
nordestino, da Bahia até ao Maranhão, foi devassado e ocupado pelas
fazendas de criação bovina. Tratava-se de homens livres não-proprietários de terras, que se encarregavam das boiadas, quase sempre pelo sistema de "partilha", recebendo certo número de reses, como pagamento pelo serviço prestado aos donos do rebanho - em geral o acordo era feito na base de um quarto do número total de cabeças, após cinco anos de serviço. Esses homens, rudes e duros, muitas vezes escravos fugidos das fazendas do litoral, foram os verdadeiros conquistadores do sertão, abrindo caminhos, fundando povoações e ocupando áreas antes totalmente virgens da presença dos colonizadores. |
![]() Vaqueiro montado num boi - Ilustração da viagem do príncipe Maxiliano de Wied-Neuwied ao Brasil de 1815 a 1817 |
A
pecuária do nordeste, que a princípio destinava-se a desempenhar o
papel de atividade complementar à economia açucareiro, de setor
fornecedor de alimento e força de tração aos engenhos, ganhou
considerável impulso com a descoberta do ouro das Gerais, nos fins
do século XVII.
O Rei D. Afonso VI (1656-1667) enviou carta pessoal ao sertanista Lourenço Castanho, pedindo-lhe que formasse uma bandeira destinada a realizar pesquisas na região mais tarde conhecida pelo nome de Minas Gerais. Sabe-se que Castanho e seus homens partiram em 1668, mas seu itinerário é desconhecido. O sucessor de D. Afonso VI, Príncipe Regente D. Pedro, também prosseguiu na mesma política, solicitando a outro famoso bandeirante, Fernão Dias Pais, que pesquisasse a região, onde, segundo a lenda, haveria prata e esmeraldas. |
![]() Transporte de carga puxada por bois, Vista da planície de Botafogo, 1832, Rio de Janeiro. Ilustração de Augustus Earle. Aquarela. Coleção Beatriz e Mário Pimenta Camargo, São Paulo. (fotografia de Rômulo Fialdini). |
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A
bandeira de Fernão
Dias, embora sem alcançar sucesso, foi a responsável pelo
conhecimento dos sertões mineiros e, foi seguindo seu rumo, que
novos sertanistas ingressaram na região, descobrindo finalmente o
ouro das Gerais.
Na primeira década do século XVIII, todas as mercadorias eram virtualmente transportadas sobre os ombros e as cabeças dos negros e dos ameríndios. A partir do século XVIII, a circulação de mercadorias, homens e animais passa a ser uma constante essencial na formação brasileira, ao longo de todo o seu território. Deffontaines chega a dizer que "... no Brasil, a circulação , com suas formas variadas, foi a causa da origem de aglomerações, e é um fato clássico este da associação da cidade e da estrada." … criaram-se novos caminhos, surgiram novos núcleos de população destinados à articulação das várias zonas, e um verdadeiro "sistema" de transportes, até então inexistente, baseado principalmente em tropas muares. Ilustração de Sérgio Lúcio in Por Serras e Vales do Espírito Santo Por volta de 1730, entretanto, começaram a aparecer em grande quantidade na região as tropas de muares, provenientes das zonas meridionais do Brasil e da região platina. (ver no menu lateral "Tropas") |
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