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O Transporte
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O Transporte

Hoje, para nos deslocarmos de um lugar para outro, isto é, para irmos à escola, ao trabalho, ou mesmo para o lazer; ao cinema, teatro ou um simples passeio para visitar amigos, para namoro, etc., temos várias formas de fazê-lo, dependendo da distância podemos ir à pé, de bicicleta, de ônibus, moto ou carro; em algumas regiões temos o trem; nas cidades grandes, além de tudo isto, temos o metrô e até mesmo o avião. Na zona rural podemos utilizar o cavalo, as charretes, que estão em desuso atualmente a não ser em algumas cidades turísticas. Na zona ribeirinha, região amazônica, utilizam o barco ou a canoa, a nado está fora de questão, você chegaria ao seu destino todo molhado e em algumas ocasiões seria inadequado.
Mas como era antes, lá no comecinho da nossa história, como os primeiros brasileiros se deslocavam?

Rugendas
Ilustração (parcial) de Rugendas: Caçada em uma floresta virgem.
Os primeiros desbravadores do Novo Mundo andavam à pé. Os bandeirantes andavam à pé pois o cavalo foi quase desconhecido na zona de influência paulista até o primeiro quartel do século XVII - mesmo porque estas eram regiões de cobertura vegetal muito densa. Andavam descalços, esparramando, como os indígenas, toda a planta dos pés pelo chão ao andar e virando os artelhos um pouco para dentro, o que diminuía o cansaço e facilitava em muito a marcha.
Eram “homens capazes para penetrar todos os sertões, por onde andam continuamente sem mais sustento que caças das matas, bichos, cobras, lagartos, frutas bravas e raízes de vários paus”. Ao longo dos caminhos percorridos, plantavam roças de subsistência, que iam colher ao voltar ou que deixariam para outros sertanistas usufruírem.
Rugendas
Ilustração (parcial) de Rugendas: Embocadura do rio Cachoeira.
Muitas regiões só era possível o acesso através dos rios e, portanto, as canoas eram muito utilizadas, vencendo as corredeiras, levando os funcionários encarregados de traçar mapas, ou plantar padrões de pedra, definindo assim os limites territoriais. As canoas levavam também víveres e mantimentos.
(ver no menu lateral "Embarcações")

No século XVI começa, no Nordeste, a formação dos engenhos de açúcar, a vinda das primeiras levas de escravos vindos da África, por volta de 1549. Início também das grandes fazendas com as “Casas grandes” e “Senzalas”.
Ambrósio Fernandes Brandão registrou no Nordeste, no início do século XVI, “as mulheres [...] quando vão fora (em visitas) caminham em ombros de escravos metidas dentro de uma rede […] e da mesma maneira as visitas que fazem às suas amigas e parentas”.
Debret
Ilustração de Jean Baptiste Debret: Regresso de um proprietário

Enquanto que no Sul, no mesmo período, os missionários das reduções jesuítias criavam os rebanhos de gado vacum em suas estâncias.

Do começo do século XVII até meados do século XVIII, o sertão nordestino, da Bahia até ao Maranhão, foi devassado e ocupado pelas fazendas de criação bovina.
É importante lembrar que aqui surge a figura do vaqueiro, que se apresenta como um elemento a mais, na pouco complexa sociedade colonial.

Tratava-se de homens livres não-proprietários de terras, que se encarregavam das boiadas, quase sempre pelo sistema de "partilha", recebendo certo número de reses, como pagamento pelo serviço prestado aos donos do rebanho - em geral o acordo era feito na base de um quarto do número total de cabeças, após cinco anos de serviço.

Esses homens, rudes e duros, muitas vezes escravos fugidos das fazendas do litoral, foram os verdadeiros conquistadores do sertão, abrindo caminhos, fundando povoações e ocupando áreas antes totalmente virgens da presença dos colonizadores.

Principe Maximiliano
Vaqueiro montado num boi - Ilustração da viagem do
príncipe Maxiliano de Wied-Neuwied ao Brasil de
1815 a 1817
A pecuária do nordeste, que a princípio destinava-se a desempenhar o papel de atividade complementar à economia açucareiro, de setor fornecedor de alimento e força de tração aos engenhos, ganhou considerável impulso com a descoberta do ouro das Gerais, nos fins do século XVII.

O Rei D. Afonso VI (1656-1667) enviou carta pessoal ao sertanista Lourenço Castanho, pedindo-lhe que formasse uma bandeira destinada a realizar pesquisas na região mais tarde conhecida pelo nome de Minas Gerais. Sabe-se que Castanho e seus homens partiram em 1668, mas seu itinerário é desconhecido. O sucessor de D. Afonso VI, Príncipe Regente D. Pedro, também prosseguiu na mesma política, solicitando a outro famoso bandeirante, Fernão Dias Pais, que pesquisasse a região, onde, segundo a lenda, haveria prata e esmeraldas.
1832
Transporte de carga puxada por bois, Vista da planície de Botafogo, 1832, Rio de Janeiro.
Ilustração de Augustus Earle. Aquarela. Coleção Beatriz e Mário Pimenta Camargo,
São Paulo. (fotografia de Rômulo Fialdini).
A bandeira de Fernão Dias, embora sem alcançar sucesso, foi a responsável pelo conhecimento dos sertões mineiros e, foi seguindo seu rumo, que novos sertanistas ingressaram na região, descobrindo finalmente o ouro das Gerais.
Na primeira década do século XVIII, todas as mercadorias eram virtualmente transportadas sobre os ombros e as cabeças dos negros e dos ameríndios.
A partir do século XVIII, a circulação de mercadorias, homens e animais passa a ser uma constante essencial na formação brasileira, ao longo de todo o seu território. Deffontaines chega a dizer que "... no Brasil, a circulação , com suas formas variadas, foi a causa da origem de aglomerações, e é um fato clássico este da associação da cidade e da estrada."
… criaram-se novos caminhos, surgiram novos núcleos de população destinados à articulação das várias zonas, e um verdadeiro "sistema" de transportes, até então inexistente, baseado principalmente em tropas muares.

Tropa de muares

Ilustração de Sérgio Lúcio in Por Serras e Vales do Espírito Santo

Até meados do século XVIII, existia uma grande carência de animais de carga e transportes em São Paulo e Minas. O terreno íngreme e montanhoso por onde passavam os caminhos que buscavam as Gerais impedia a utilização de carros de boi ou similares. O transporte era feito normalmente nas costas de índios, negros e mamelucos assalariados, de uma maneira precária.
Por volta de 1730, entretanto, começaram a aparecer em grande quantidade na região as tropas de muares, provenientes das zonas meridionais do Brasil e da região platina.
(ver no menu lateral "Tropas")

História da Vida Privada no Brasil 1 : cotidiano e vida privada na América Portuguesa / organizada por Laura de Mello e Sousa. - São Paulo: Companhia das Letras, 1997
Brasil História - Texto e Consulta: 1 Colônia / Antonio Mendes Jr., Luiz Roncari e Ricardo Maranhão - São Paulo: Editora Brasiliense, 1979.
Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil / Jean Baptiste Debret. - São Paulo: Circulo do Livro, sem data
Ilustrações Rugendas: Rugendas e o Brasil / Textos de Pablo Diener e Maria de Fátima Costa. - São Paulo: Ed. Capivara, 2002
Ilustrações Debret: Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (acima) e Rio de Janeiro, cidade mestiça: nascimento de uma nação / ilustrações e comentários de Jean-Baptiste Debret. - São Paulo: Companhia das Letras, 2001
Ilustração tropeiros: Sérgio Lúcio in Por Serras e Vales do Espírito Santo; a epopéia das tropas e tropeiros / Ormando Morais. - Vitória, 1989


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