Contos
de encantamento
Estórias de fadas e duende, caracterizadas pelo sobrenatural
e maravilhoso. São os Contos da Carochinha, Chapeuzinho Vermelho,
Joãozinho e Maria, A Bela Adormecida, Branca de Neve, o Pequeno
Polegar, Gata Borralheira, etc.
Contos
de exemplo
São contos morais, sempre com ação doutrinária.
Apresentam sempre casos edificantes.
Ex.: O filho do pescador, A menina vaidosa, O amor-perfeito, etc.
Contos
de animais
São as fábulas, em que os animais são dados de
qualidades, defeitos e sentimentos humanos. Ex.: O gavião e o urubu,
A raposa e as uvas, O pulo do gato, etc.
Contos
religiosos
Caracterizam-se pela presença ou interferência divina.
Não se localiza, como a lenda.
Ex.: Jesus e os lavradores, Deus é bem bom, O chapéu
do escrivão, etc.
Contos
etiológicos
Explicam a origem de um aspecto, forma, hábito, disposição
de um animal, vegetal.
Ex.: A maçarapeba ficou com a boca torta por ter zombado de
Nossa Senhora; A festa no céu, que explica porque o casco do cágado
é todo em pedaços; Os miosótis, que se tingiram com
a cor dos olhos de Maria, Jesus e o tatu, etc.
Contos
acumulativos
Também denominados “lengalenga”, são contos nos quais
os episódios são sucessivamente encadeados, com ações
e gestos que se articulam em longa seriação. São os
“contos de nunca mais acabar”. Eles têm característica de
uma longa parlenda, contada e recontada para divertir as crianças.
Um exemplo é o que tem o título de “Papai comprou um cabrito
por cinco mil réis”. Começa assim: Um cabrito, um cabrito
que meu pai comprou por duas moedas. Conta depois, que veio o gato e
comeu
o cabrito, que veio o cão e mordeu o gato; assim até terminar
e então diz: “Veio aquele que é santo e matou o anjo da morte,
que matou o magarefe, que matou o boi, que bebeu a água, que apagou
o fogo, que queimou o pau, que bateu no cão, que mordeu o gato,
que comeu o cabrito”.
Neste estilo estão: A mosca na moça, O macaco e a espiga
de trigo, Cadê o toicinho que estava aqui, etc.
Contos
de adivinhação
Apresentam um enigma sob a forma de estória, resultante do processo
de associar e comparar as coisas pela percepção de semelhanças
e diferenças.
Anedotas
Ou popularmente “Piadas”,
são contos que visam provocar jocosidade ou ridicularidade. São
relatos sintéticos de uma aventura, cujas características
principais se acham na sua comicidade ou inesperabilidade do desfecho.
Ex.: Voluntários, O recruta, etc. Em geral a Anedota pode ser
classificada como: a de salão (fina) e a que não é
de salão (apimentada). Dela se serviu Cornélio Pires para
valorizar o caboclo brasileiro.
“Causos”
São episódios acontecidos com contadores de estórias
enfeitadas pela fantasia, sobretudo as de caçadores e pescadores
famosos pelas suas patranhas. Os tropeiros, os vaqueiros e os peões
de fazenda são extraordinários contadores de “causos”, nos
quais se misturam elementos míticos e lendários. Via de regra,
são o personagem principal, outras vezes, porém, assistiram
o episódio.
Ex.: O pescador que perdeu o relógio e o encontrou, anos depois,
funcionando perfeitamente num galho de uma árvore.
Sugestões aos professores
Segundo a pedagogia
Waldorf, “em
todas as aulas de linguagem, o professor contará certos
textos, independentemente de estudos de gramática, sintaxe,
etc. Ouvir e levar para casa e para o sono certos conteúdos é
de suma importância. Cria a expectativa da continuação,
no dia seguinte: dá ensejo a versos, dramatizações,
etc., e ajuda a dar à aula um ritmo bem definido. Esses textos
serão como que o material de trabalho das respectivas classe.
Steiner deu a esse respeito as seguintes indicações:
1ª série: Contos de
fada.
(Contos de encantamento)
2ª série: Estória de
animais, fábulas e lendas. (*lendas com referência à
natureza como “Vitória Régia”,
“Como nascem as estrelas”, etc.)
3ª série: Estórias
tiradas do Velho Testamento.
4ª série: Sagas e mitos da
mitologia germânica (*para os alemães, no caso dos
brasileiros sugiro as lendas com personagens históricas
brasileiros)
5ª série: Os mitos da
Antiguidade Clássica, etc.
6ª série: Os vários
povos da Terra.
7ª série: Etnologia,
civilizações estrangeiras.
8ª série: Grandes épocas
das civilizações: literatura, história,
descobertas, etc. O mundo moderno.
...
O verdadeiro ensino da história
começa no 5º ano. Mas já nos primeiros anos, os
alunos percorreram, pela vivência dos contos de fadas, lendas e
dos mitos, a maneira de pensar e sentir de épocas passadas.
...
Até o fim do 1º grau, os
alunos percorreram uma vez vez a história toda. Cenas e
imagens de caráter anedótico predominam na exposição
das várias épocas, embora o professor não deixe
de despertar nos alunos a consciência da distância
histórica.”
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Sílvio
Romero
Sílvio Vasconcelos da Silveira
Ramos Romero, pensador, crítico, ensaísta e primeiro
historiador sistemático da literatura brasileira (Lagarto SE
1851 – Rio de Janeiro RJ 1914).
Em 1880 com a tese Interpretação
filosófica dos fatos históricos, obteve a cátedra
de Filosofia do Colégio Pedro II. Já publicara então
quatro volumes: Poesia Contemporânea (1869). Tomou
atitude contrária a José Veríssimo, Machado de
Assis e Castro Alves, e considerou Tobias Barreto como o maior poeta
e pensador de seu tempo. Membro fundador da Academia Brasileira de
Letras, ocupou a cadeira nº 17.
Foi notável a sua contribuição
no campo da historiografia literária, que a partir dela passou
a utilizar novos métodos de análise crítica com
base sobretudo no levantamento sociológico. Em Recife, ao lado
de Tobias Barreto, expressou a ânsia de renovação
que acompanhou a ascensão do positivismo. Membro da chamada
Escola de Recife, pretendeu com sua obra um superação
do ecletismo e do positivismo: inspirando-se sobretudo em Kant e no
evolucionismo spenceriano, deu origem a um culturalismo sociológico.
Sua obra, além dos títulos
citados, inclui: Introdução à História
da Literatura Brasileira (1882), Contos populares
do Brasil
(1883), Ensaios de crítica parlamentar (1883), Últimos
arpejos (poesia, 1883), Valentim Magalhães
(1884),
Estudos de Literatura Contemporânea (1885), História
da Literatura Brasileira (1888 2 vols.), Estudos
sobre a
poesia popular no Brasil (1888), Etnografia
brasileira
(1888), Luís Murat (1893), Doutrina
contra doutrina
– o evolucionismo e o positivismo no Brasil (ensaio
filosófico,
1894), Ensaios de filosofia do direito (1895), Machado
de
Assis (1897), Ensaios de sociologia e literatura
(1901),
Evolução do lirismo brasileiro (1905), A
América Latina (1906), Zéverissimações
ineptas da crítica (1909), Minhas contradições
(1914) e outros.
Luís
da Câmara Cascudo,
folclorista e escritor brasileiro (Natal RN 1898 – id. 1986).
Na capital do Rio Grande do Norte, onde
sempre viveu e da qual se tornou o mais fiel historiador ( História
da cidade de Natal, 1947), produziu uma obra fundamental para
os
estudos etnográficos e antropológicos no Brasil.
Dedicou-se particularmente ao folclore, disciplina que, na sua visão,
“deve estudar todas as manifestações tradicionais da
vida coletiva”.
Sua obra, levantada criticamente por
Zila Mamede ( Luís da Câmara Cascudo: 50 anos de vida
intelectual, 1918 – 1968) configura um amplo mergulho
normativo
na cultura popular brasileira. Entre as dezenas de títulos de
sua autoria destacam-se: Vaqueiros e cantadores,
1939;
Antologia do folclore brasileiro, 1944; Geografia
dos mitos
brasileiros, 1947; Literatura oral, 1952;
Dicionário
do folclore brasileiro, 1954; Superstições e
costumes, 1958; Folclore do Brasil, 1967;
Coisas
que o povo diz, 1968; Locuções tradicionais
do Brasil, 1970.
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