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Livro de Contos
-A Moura torta
de Encantamento
de Exemplo
de animais - Fábulas
Religiosos
Etiológicos
Acumulativos
Adivinhação
Anedotas
Causos




Conto Popular
É um relato oral e tradicional de contornos verossímeis e também ocorrendo dentro do maravilhoso e do sobrenatural. Pode mencionar fatos possíveis, como também referir-se a animais dotados de qualidades humanas e episódios com abstração histórico-geográfica. O conto é de importância capital como expressão da psicologia coletiva no quadro da literatura oral de um país. As suas diversas modalidades, os processos de transmissão, adaptação, narração, os auxílios da mímica, entonação, o nível intelectual do auditório, sua recepção, reação e projeção, determinam o valor supremo como um dos mais expressivos índices intelectuais populares. O conto ainda documenta a sobrevivência, o registro de usos, costumes e fórmulas jurídicas esquecidas no tempo. A moral de uma época distante continua imóvel no conto que ouvimos nos nossos dias.

Contos populares da literatura universal vieram com os portugueses, adaptando-se ao novo ambiente e adquirindo o colorido da terra: 

Pedro Malasartes, a Gata Borralheira, o Chapeuzinho Vermelho, a Madrasta, as fadas.
Muitos destes contos foram reunidos por Sílvio Romero e publicado em 1883.
Ex. A Moura torta.

Existem várias classificações dos contos populares. Uma das mais conhecidas é pelo método Aarne-Thompson, que os divide em três grandes grupos: Contos de animais, Estórias populares e Gracejos e anedotas. Preferimos, no entanto, adotar a classificação dada pelo folclorista Luís da Câmara Cascudo em seu Dicionário do folclore brasileiro, que é a seguinte:

Contos de encantamento
Estórias de fadas e duende, caracterizadas pelo sobrenatural e maravilhoso. São os Contos da Carochinha, Chapeuzinho Vermelho, Joãozinho e Maria, A Bela Adormecida, Branca de Neve, o Pequeno Polegar, Gata Borralheira, etc.

Contos de exemplo
São contos morais, sempre com ação doutrinária. Apresentam sempre casos edificantes.
Ex.: O filho do pescador, A menina vaidosa, O amor-perfeito, etc.

Contos de animais
São as fábulas, em que os animais são dados de qualidades, defeitos e sentimentos humanos. Ex.: O gavião e o urubu, A raposa e as uvas, O pulo do gato, etc.

Contos religiosos
Caracterizam-se pela presença ou interferência divina. Não se localiza, como a lenda.
Ex.: Jesus e os lavradores, Deus é bem bom, O chapéu do escrivão, etc.

Contos etiológicos
Explicam a origem de um aspecto, forma, hábito, disposição de um animal, vegetal. 
Ex.: A maçarapeba ficou com a boca torta por ter zombado de Nossa Senhora; A festa no céu, que explica porque o casco do cágado é todo em pedaços; Os miosótis, que se tingiram com a cor dos olhos de Maria, Jesus e o tatu, etc.

Contos acumulativos
Também denominados “lengalenga”, são contos nos quais os episódios são sucessivamente encadeados, com ações e gestos que se articulam em longa seriação. São os “contos de nunca mais acabar”. Eles têm característica de uma longa parlenda, contada e recontada para divertir as crianças. Um exemplo é o que tem o título de “Papai comprou um cabrito por cinco mil réis”. Começa assim: Um cabrito, um cabrito que meu pai comprou por duas moedas. Conta depois, que veio o gato e comeu o cabrito, que veio o cão e mordeu o gato; assim até terminar e então diz: “Veio aquele que é santo e matou o anjo da morte, que matou o magarefe, que matou o boi, que bebeu a água, que apagou o fogo, que queimou o pau, que bateu no cão, que mordeu o gato, que comeu o cabrito”. 
Neste estilo estão: A mosca na moça, O macaco e a espiga de trigo, Cadê o toicinho que estava aqui, etc.

Contos de adivinhação
Apresentam um enigma sob a forma de estória, resultante do processo de associar e comparar as coisas pela percepção de semelhanças e diferenças.

Anedotas
Ou popularmente “Piadas”, são contos que visam provocar jocosidade ou ridicularidade. São relatos sintéticos de uma aventura, cujas características principais se acham na sua comicidade ou inesperabilidade do desfecho.
Ex.: Voluntários, O recruta, etc. Em geral a Anedota pode ser classificada como: a de salão (fina) e a que não é de salão (apimentada). Dela se serviu Cornélio Pires para valorizar o caboclo brasileiro.

“Causos”
São episódios acontecidos com contadores de estórias enfeitadas pela fantasia, sobretudo as de caçadores e pescadores famosos pelas suas patranhas. Os tropeiros, os vaqueiros e os peões de fazenda são extraordinários contadores de “causos”, nos quais se misturam elementos míticos e lendários. Via de regra, são o personagem principal, outras vezes, porém, assistiram o episódio.
Ex.: O pescador que perdeu o relógio e o encontrou, anos depois, funcionando perfeitamente num galho de uma árvore.

Sugestões aos professores

Segundo a pedagogia Waldorf, “em todas as aulas de linguagem, o professor contará certos textos, independentemente de estudos de gramática, sintaxe, etc. Ouvir e levar para casa e para o sono certos conteúdos é de suma importância. Cria a expectativa da continuação, no dia seguinte: dá ensejo a versos, dramatizações, etc., e ajuda a dar à aula um ritmo bem definido. Esses textos serão como que o material de trabalho das respectivas classe. Steiner deu a esse respeito as seguintes indicações:

1ª série: Contos de fada. (Contos de encantamento)
2ª série: Estória de animais, fábulas e lendas. (*lendas com referência à natureza como “Vitória Régia”, “Como nascem as estrelas”, etc.)
3ª série: Estórias tiradas do Velho Testamento.
4ª série: Sagas e mitos da mitologia germânica (*para os alemães, no caso dos brasileiros sugiro as lendas com personagens históricas brasileiros)
5ª série: Os mitos da Antiguidade Clássica, etc.
6ª série: Os vários povos da Terra.
7ª série: Etnologia, civilizações estrangeiras.
8ª série: Grandes épocas das civilizações: literatura, história, descobertas, etc. O mundo moderno.
...
O verdadeiro ensino da história começa no 5º ano. Mas já nos primeiros anos, os alunos percorreram, pela vivência dos contos de fadas, lendas e dos mitos, a maneira de pensar e sentir de épocas passadas.
...
Até o fim do 1º grau, os alunos percorreram uma vez vez a história toda. Cenas e imagens de caráter anedótico predominam na exposição das várias épocas, embora o professor não deixe de despertar nos alunos a consciência da distância histórica.”

Sílvio Romero
Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero, pensador, crítico, ensaísta e primeiro historiador sistemático da literatura brasileira (Lagarto SE 1851 – Rio de Janeiro RJ 1914).
Em 1880 com a tese Interpretação filosófica dos fatos históricos, obteve a cátedra de Filosofia do Colégio Pedro II. Já publicara então quatro volumes: Poesia Contemporânea (1869). Tomou atitude contrária a José Veríssimo, Machado de Assis e Castro Alves, e considerou Tobias Barreto como o maior poeta e pensador de seu tempo. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras, ocupou a cadeira nº 17.
Foi notável a sua contribuição no campo da historiografia literária, que a partir dela passou a utilizar novos métodos de análise crítica com base sobretudo no levantamento sociológico. Em Recife, ao lado de Tobias Barreto, expressou a ânsia de renovação que acompanhou a ascensão do positivismo. Membro da chamada Escola de Recife, pretendeu com sua obra um superação do ecletismo e do positivismo: inspirando-se sobretudo em Kant e no evolucionismo spenceriano, deu origem a um culturalismo sociológico.
Sua obra, além dos títulos citados, inclui: Introdução à História da Literatura Brasileira (1882), Contos populares do Brasil (1883), Ensaios de crítica parlamentar (1883), Últimos arpejos (poesia, 1883), Valentim Magalhães (1884), Estudos de Literatura Contemporânea (1885), História da Literatura Brasileira (1888 2 vols.), Estudos sobre a poesia popular no Brasil (1888), Etnografia brasileira (1888), Luís Murat (1893), Doutrina contra doutrina – o evolucionismo e o positivismo no Brasil (ensaio filosófico, 1894), Ensaios de filosofia do direito (1895), Machado de Assis (1897), Ensaios de sociologia e literatura (1901), Evolução do lirismo brasileiro (1905), A América Latina (1906), Zéverissimações ineptas da crítica (1909), Minhas contradições (1914) e outros.


Luís da Câmara Cascudo, folclorista e escritor brasileiro (Natal RN 1898 – id. 1986).
Na capital do Rio Grande do Norte, onde sempre viveu e da qual se tornou o mais fiel historiador (História da cidade de Natal, 1947), produziu uma obra fundamental para os estudos etnográficos e antropológicos no Brasil. Dedicou-se particularmente ao folclore, disciplina que, na sua visão, “deve estudar todas as manifestações tradicionais da vida coletiva”.
Sua obra, levantada criticamente por Zila Mamede (Luís da Câmara Cascudo: 50 anos de vida intelectual, 1918 – 1968) configura um amplo mergulho normativo na cultura popular brasileira. Entre as dezenas de títulos de sua autoria destacam-se: Vaqueiros e cantadores, 1939; Antologia do folclore brasileiro, 1944; Geografia dos mitos brasileiros, 1947; Literatura oral, 1952; Dicionário do folclore brasileiro, 1954; Superstições e costumes, 1958; Folclore do Brasil, 1967; Coisas que o povo diz, 1968; Locuções tradicionais do Brasil, 1970.


Fontes : Folclore Brasileiro / Nilza B. Megale- Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
A pedagogia Waldorf : caminho para um ensino mais humano / Rudolf Lanz – 4 ed. - São Paulo: Antroposófica, 1986
Sobre Sílvio Romero e Luís da Câmara Cascudo:
Grande Enciclopédia Larousse Cultural. -São Paulo: Circulo do Livro, 1988
*Notas do autor
Livro : © Didenko | Dreamstime.com - Open Book. Vector Sketch Photo


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