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Ritos Indígenas
no Brasil
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No
prefácio do livro “O
Ramo de Ouro” de Sir James George Frazer (1978), Darcy
Ribeiro comenta: “o
que aumentou prodigiosamente depois de Frazer foi o acervo de nosso
conhecimento etnológico sobre corpos concretos de crenças e práticas
mágico-religiosas de povos específicos. Ao que parece, a antropologia
ao amadurecer se tornou mais modesta. Contenta-se, agora, em nos dar
explanações compreensivas sobre como um certo povo se arranja para
controlar o incontrolável através de práticas mágicas e religiosas. Ou,
ao menos, para crer que o controla com suficiente convicção para
alcançar a tranquilidade indispensável para o uso eficaz dos recursos
de que dispõe para satisfazer suas necessidades.”
Quanto a evolução de certos ritos, Darcy esclarece no mesmo prefácio: existe “uma progressão constante de formas rudes, sangrentas e perversas de conduta a formas cada vez mais purificadas e espiritualizadas... as expressões rotineiras da violência ritual, substituídas nos costumes dos povos por formas cada vez menos perversas e sangrentas... a progressão das imolações humanas na forma de festins canibalescos para rituais antropofágicos em que uma comunidade inteira comunga um herói para incorporar em si sua heroicidade; bem como sua substituição posterior por sacrifícios de animais; e mais tarde, a destes por cerimoniais simbólicos tão refinados que mal recordam suas sangrentas origens.” Os ritos estão ligados aos ciclos da vida e da relação do homem com a natureza. Desde a fertilidade, a concepção, passando por cada fase até chegar a morte, vida após morte e ao recomeço. Os Ritos indígenas no Brasil tratam dos ritos de nascimento, de nomeação, de passagem da criança ou adolescente para a vida adulta, de casamento, ritos para determinar uma função dentro da comunidade (chefe, guerreiro, caçador, pajé, etc.), ritos fúnebres, etc. “Os cerimoniais indígenas, porém, não se restringem a celebrar momentos transitórios culturalmente definidos na vida de indivíduos ou grupos, como nascimento, puberdade, casamento e morte. Realizam-se ainda cerimoniais referentes à investidura de chefes, ao tempo de colheita, à mudança das estações, à caça, à pesca, aos espíritos da floresta, a seres da natureza em geral, muitos deles com as características de ritos de passagem. Nessas ocasiões, particularmente para os grandes rituais, os preparativos mobilizam toda a aldeia; estes, englobam convites para parentes e aliados de aldeias vizinhas, a confecção de adornos corporais, instrumentos musicais e demais artefatos especiais, a preparação de tintas para pinturas corporais e de quantidades excepcionais de alimentos para serem partilhados entre os participantes. Os rituais indígenas dramatizam episódios míticos, revelando o constante inter-relacionamento entre os domínios cósmico e social e entre os mundos natural e sobrenatural. Representam momentos de encontro entre os construtores do cosmos: homens e ancestrais e outros seres mitológicos de diferentes naturezas; vivos e mortos. Fornecem ainda meios de ordenar e reordenar relações sociais e práticas cotidianas, assegurando simultaneamente a manutenção e a renovação da sociedade. Os gestos, os movimentos e os artefatos, o canto, a música empregados nas situações rituais são sempre de natureza simbólica. É essencial, por conseguinte, conhecer o significado dos símbolos a fim de entender a mensagem transmitida pelos rituais.” |
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