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Macumba
Denominação genérica de cultos afro-brasileiros com influências católicas e espíritas, que se desenrolam em meio a danças e cânticos rituais, ao som de instrumentos de percussão. 
Desenvolvidos inicialmente no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, esses cultos incluem oferendas rituais de comidas e bebidas com fins mágicos. 
A palavra foi estendida a estas oferendas, não raro depositadas em lugares públicos e constituídas de um alguidar ou embrulho com farofa, azeite-de-dendê e restos de galinha, acompanhado de uma garrafa de cachaça, charutos e tocos de velas acesos.
Macumba
Nota: Encontramos muitas fotos na internet sobre "depachos" e oferendas denominadas "Macumba".  No entando, sem referências do autor. Evitamos as que tinham pequenos animais sacrificados.

“Os estigmas sociais contra o negro e sua religião e as renovadas acusações mais do que seculares de que foram vítimas culminaram com a atitude ao mesmo tempo de hostilidade e de medo que até hoje inspiram. É exemplar deste caso o vocábulo macumba: de termo genérico para todas as religiões brasileiras de origem negra, ou então de nominativo de uma delas em especial, a de origem banto, desenvolvida no sudeste do país, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro a partir de fins do século XIX, passa a ser vista depreciativamente como sinônimo de superstição de negro, como magia negra que se despreza e se teme a um só tempo.” (Lísias Negrão)

Para Roger Bastide (As religiões africanas no Brasil), a Macumba chega a ser um culto organizado, mas que passa de algo coletivo para individual, neste caso, da religião à magia pelos seguintes fatores: introdução de novas crenças mágico-religiosas trazidas pelo branco; repressão física e moral da polícia; fluidez e pobreza dos sistemas míticos bantos; e condições sociais e culturais anômicas das sociedades industriais na primeira década do século XX. É uma ressignificação da cabula, de caráter sincrético, fusionando tradições iorubas, católicas e kardecistas em um tradição banto. Sua diferença da Umbanda se dá pelo seu caráter mágico e individual, enquanto que a Umbanda é vista como uma religião que possui um caráter coletivo.
Além disso, a macumba não respondeu às necessidades dos libertos, sendo necessária a formação de uma nova religião, no caso, a Umbanda.
Para Liana Trindade (Conflitos sociais e magia), os negros, principalmente após a abolição da escravidão, viviam em condições de marginalidade social, procurando recursos de adaptação de sua cultura na sociedade urbana. Há uma tentativa de dar significado a um universo social sem significado, interpretando-se e construindo-se um referencial mítico que apontasse para a resolução dos dramas sociais e humanos vividos pelos afro-descendentes. Isso ocorreu, pois alguns fenômenos sociais no  pós-abolição, tais como já observamos, determinaram a desarticulação dos sistemas de crenças tradicionais: proletarização das camadas negras e mulatas, introdução de imigrantes, principalmente de italianos em São Paulo, que portavam crenças trazidas de suas regiões de origem, concorrência com esses imigrantes no mercado de trabalho,
precariedade da ocupação profissional ameaçada pelas crises econômicas e pela ideologia do branqueamento.
Dentro deste contexto, a Macumba é vista como uma resposta a esta situação. Para ela, a Macumba é composta por crenças e ritos que se relacionam por meio de um processo sincrético, significando a predominância de interpretação de uma forma de conhecimento em relação a outras formas.
Terreiro
Foto denominada: "Macumba e pipoca"
sem referência do autor.
Existem elementos bantos, tais como:
A incorporação dos antigos “calundus”, quando o espírito fala e dança ao som de atabaques, o fechamento do corpo, a cerimônia de evocação dos espíritos, a magia dos nós, o jogo adivinhatório de búzios, o uso de ervas, o sacrifício de animais e as cerimônias sob as árvores; enquanto que o kardecismo fornece o ninho cultural que possibilita a incorporação das divindades africanas através da incorporação.
Convém lembrar que os cultos de tradição banto existiram desde o início do século XX, como forma de reconstrução de heranças africanas no universo social urbano, muitas vezes, operando fora da hegemonia branca.
A incorporação de Exus na Macumba se dá pela concepção banto de espíritos familiares ou associados à natureza e pela influência do kardecismo.
Há uma diversidade de espíritos de origens diferenciadas: espíritos de negros e espíritos de caboclos, caracterizando tipos sociais definidos.
O culto aos Caboclos é uma prática banto de reverência aos ancestrais, no caso, da terra, onde os bantos se estabelecem. Os Caboclos são concebidos como legítimos ancestrais da terra brasileira.
Adquirindo a qualidade de espírito, na proporção que constitui uma categoria social consagrada na memória coletiva das camadas populares, os caboclos possuem, como os demais espíritos da tradição banto, qualidades sociais e da natureza”.
A construção da entidade mítica Preto-velho configurou-se durante o período pós-abolicionista, que, como mito, evoca a memória da escravidão.
As entidades são interpretadas segundo o núcleo de significações da filosofia ou da religiosidade banto, organizadas em falanges, que compõe as várias linhas, que hoje se encontram presentes na umbanda.
Destacam-se na formação da macumba três grandes linhas, como a autora relata: A Linha dos Exus e Pombas-gira, A linha dos Caboclos, A Linha dos Pretos-velhos.
Os afro-brasileiros de tradição banto começam a transformar a Macumba, tornando-a Umbanda.
Podemos observar dois movimentos: um de ressignificação, que permitiria a legitimação das suas práticas religiosas, e um outro de resistência, no sentido de que há uma manutenção de diversos elementos da antiga macumba, mas que aparentemente são explicitados e concebidos de outra maneira, a partir da lógica vigente: “...os terreiros foram pouco a pouco assumindo estatuto de religiões, mas para tanto se abrigaram sob a rubrica do espiritismo, cujas práticas eram mais facilmente aceitas como religiosas do que aquelas de origem africana, marcadas pela idéia de magia” ( Paula Montero, Religião, pluralismo e esfera pública no Brasil)

Fontes: Sociedade e Cultura – Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Nova Cultural, 1995. 

Grande Enciclopédia Larousse Cultural - São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda, 1988. 
Magia e religião na Umbanda / Lísias Negrão. - São Paulo : Revista USP nº 31, pp 76-89, 1996
Do texto: Macumba no imaginário brasileiro : a construção de uma palavra / Marcos Paulo Amorim. - São Paulo : Fundaçâo Escola de Sociologia e Política, 2013
As religiões africanas no Brasil: contribuições a uma sociologia das interpenetrações de civilizações / Roger  Bastide, Trad. Maria Eloísa Capellato; OlíviaKrähenbühl. São Paulo : Livraria Pioneira Editora – Editora da Universidade de São Paulo, 1971.
Conflitos sociais e magia / Liana Trindade. São Paulo : Hucitec – Terceira Margem, 2000.
Do texto: Macumba e umbanda: aproximações - Religiões afro-brasileiras e kardecismo / Brígida Carla Malandrino (Doutoranda PUC/SP – UNIBAN)


Iniciadas no Candomblé

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