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O caçador de Forno Grande

Forno Grande é um monte, no município de Castelo, Estado do Espírito Santo. Contava-se antigamente que, em priscas eras, antes de ser o lugar habitado por tribos indígenas, dominavam-no gênios infernais que ali estabeleceram comunicação com as entranhas da Terra.
Posteriormente, os puris se estabeleceram na região, mas um dia foram afastados pelos bandeirantes mineiros, cubiçosos das famosas minas de ouro e pedras preciosas.

Segundo diversos relatos, na fase final do desbravamento, quando chegaram os primeiros povoadores brancos, havia ainda quem mantivesse tratos com o Demônio, com o Saci, o Curupira, etc., ou procurasse vence-los por artes mágicas.

Foi assim que um caçador, desejoso de penetrar nas matas do Forno Grande e chegar até o lugar encantado, a fim de apoderar-se do ouro e das pedras preciosas, apostou com seus amigos que venceria o Saci, representante do Príncipe das Trevas, aquele temido local. Em caso de subjugar o Saci, seria eleito chefe do povoado.

E, certa madrugada, partiu. Grimpou pelo monte, vencendo cipós e espinheiros. Quanto mais subia, mais distante se lhe apresentava a espantosa cratera. Andou, andou o dia inteiro...

Aproximava-se a noite e nem sinal de caça, jacutingas, veados, pacas, porcos do mato e outros tais. Exausto, sentou-se numa pedra ao pé de extensa laje coberta pela fronde de um mulembá. Tratou de repousar, mas na hora da Ave-Maria, sentiu ligeiro estremecimento da terra. Assustou-se, aprestou a espingarda e circunvagou o olhar à volta de si. Seria o momento de desvendar o mistério? 

Saci
Jamais voltaria o povoado sem, ao menos, um saquitel de ouro no bolso.
Foi então que viu, a dar saltos sob a laje, que se levantara parcialmente, o trêfego Saci a fazer-lhe trejeitos. Tomado de pavor, o homem larga a espingarda para fazer um esconjuro e o sinal da Cruz, mas logo o negrinho, muito ágil, descarrega a arma e atira-a para longe.
O caçador sai em disparada, perseguido pelo gênio das estradas desertas. Corre, corre... Passa correndo pelo povoado, onde as luzes estão apagadas e os moradores recolhidos. Não há nenhuma porta aberta, porque eles temiam o desfecho da aventura e não queriam envolver-se com o Saci.
Por isso, o homem continuou a correr... Até hoje corre, corre, para que os outros possam viver em paz, a salvo do perigo do lugar ainda chamado Forno Grande, embora já extinta a Cratera do Saci.

Vocabulário
:
Pricas = antigas.
Puris = tribo indígena.
Grimpar = subir, trepar.
Mulembá = figueira branca ou mata-pau.
Trêfego = turbulente, irrequieto, traquina, astuto, sagaz, ardiloso, manhoso.

Fonte : Afonso Schmidt, baseado no livro inédito de Maria Stella de Morais: Lendas Capixabas in Antologia Ilustrada do Folclore Brasileiro: Estórias e Lendas de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro / Seleção e Introdução de Mary Apocalypse. - São Paulo: Ed. Edgraf, 1962.

Ilustração: José Lanzellotti


Saci-Pererê

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