Um dia, um
casal
ia andando por uma estrada e encontrou um menininho escuro, de uma
perna só, de olhos gateados. Tanto o homem como a mulher
ficaram com pena do menininho abandonado, resolvendo levá-lo
para casa e criá-lo como filho. E assim fizeram.
O menino foi
crescendo, crescendo, e até os seis anos de idade ainda não
era batizado; ficou tanto tempo pagão, porque no lugar não
havia padre.
A mãe
adotiva ensinou todas as rezas que ela sabia, para o menino:
Padre-Nosso, Ave-Maria, Salve Rainha, o Credo e muitas outras, menos
uma, chamada Oração Glória das Virgens.
Um dia,
apareceu
um padre nessa casa e o menino foi batizado. Deram-lhe o nome de Saci
Sá Pereira. O interessante é que nem bem terminaram o
batizado, ele saiu pulando com sua perninha só, gritando:
“Isso mesmo que eu queria! Isso mesmo que eu queria!” - e
desapareceu na curva da estrada.
Passado muito
tempo, o Saci começou a aparecer pela fazenda onde fora
criado, fazendo tudo quanto era estrepolia: assobiava fininho,
derrubava vasilhas na cozinha e quebrava muitas coisas, aborrecendo
todos da casa.
A mulher, que
era
a mesma coisa que mãe do Saci, para se ver livre dele, rezava
todas as orações, mas o danado do moleque só
fazia arremedá-la aborrecendo-a mais ainda. Então o
marido dela lembrou-se de rezar a Oração Glória
das Virgens, que o Saci não sabia. Não podendo
arremedar o homem, desistiu de aborrecer aquela gente e sumiu dali,
indo fazer suas artes em outros lugares.
A Oração
da Glória das Virgens é a única que, se for
rezava, fará o Saci desaparecer da redondeza.